Desde que lançou “Torto arado”, em 2019, Itamar Vieira Junior não tem sossego. Infinitas viagens e participações em eventos literários consomem quase o dia inteiro do escritor baiano. “De certo modo, isso acaba me deixando um pouco disperso para escrever”, diz.

 


Itamar, no entanto, não reclama do momento que está vivendo. Depois de ganhar projeção nacional ao levar o Jabuti de 2020 pelo mesmo “Torto arado”, que recentemente ganhou o prêmio francês Montluc Rèsistance et Liberté, são raros os momentos em que o autor consegue se dedicar à escrita de seu próximo romance, que fechará a trilogia iniciada com a obra de 2019 e continuou com “Salvar o fogo” (2023).

 


“Vivo num grande conflito, porque gosto de ter o meu espaço para escrever sem me preocupar com o tempo. Mas, vivendo no meio desse turbilhão, com tanta coisa acontecendo – edições estrangeiras sendo lançadas e viagens para divulgar os livros não só no Brasil, mas também no exterior –, estou tendo que me adaptar, escrevendo no avião, no aeroporto, em quartos de hotel…”, conta Itamar.
Para falar sobre seu processo criativo e suas obras – além de “Torto arado” e “Salvar o fogo”, ele também escreveu “Doramar ou a odisséia – Histórias” (2021) –, ele desembarca em Belo Horizonte nesta terça-feira (9/4) como convidado de edição especial do projeto Letra em Cena, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas.

 




Na ocasião, o baiano vai conversar com José Eduardo Gonçalves, curador do programa. A doutora em literatura em língua portuguesa e atriz Soraya Martins fará a leitura de trechos das obras do romancista convidado.


Itamar é do tipo de escritor que vive de modo intenso a realidade dos romances que escreve. Seus personagens emergem de um Brasil profundo que o autor conheceu na época em que trabalhou viajando pelas mais recônditas terras do Brasil como servidor público do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

 

Questões sociais


Suas histórias, contudo, não são pesquisa, investigação científica ou acadêmica. Trata-se de literatura, campo da imaginação e da subjetividade, que se inspira no real para jogar luz em questões sociais e mostrar o que se encontra no âmago do ser humano.

 


“A grande surpresa da escrita é que ela se assemelha. A gente não gosta de ler uma história previsível, né? Estamos sempre querendo ser surpreendidos pela leitura. O mesmo acontece com escrever. A gente aprende sobre a história enquanto escreve. E nesse caminho, nós somos surpreendidos muitas vezes. Acho que esse é o grande barato de escrever”, avalia o escritor.

 

 

LETRA EM CENA ESPECIAL: ITAMAR VIEIRA JR
Nesta terça-feira (9/4), às 19h, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244 – Lourdes). Entrada franca, mediante retirada de ingressos pelo Sympla. Informações: (31) 3516-1000.

 

compartilhe