Francis Ford Coppola, o diretor da clássica trilogia “O poderoso chefão” (1972), é tema da mostra “As dimensões do poder”, que começa nesta sexta-feira (12/4), no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes.
Violência, máfia e o profundo impacto da Guerra Vietnã, entre outros temas, são aspectos da sociedade dos Estados Unidos abordados pelo consagrado cineasta ítalo-americano.
Revisitar Coppola significa conhecer a Hollywood em que diretores tinham mais liberdade criativa e grandes investimentos para produzir filmes autorais.
“Nos anos 60, o público queria se ver mais nas telas, ver um pouco das mudanças sociais que estavam acontecendo e, às vezes, o cinema não refletia, especialmente o cinema hollywoodiano. Os Estados Unidos viviam a era da contracultura, com grandes protestos em relação à Guerra do Vietnã e a certos interesses capitalistas”, explica Vitor Miranda, gerente de cinema da Fundação Clóvis Salgado (FCS).
Estarão em cartaz “O poderoso chefão” e “Apocalypse now”, considerados obras-primas por muitos críticos. “Ambos são exemplos da contribuição do Coppola para o período em que os estúdios estavam apostando muito na autoria dos diretores. Era interessante investir dinheiro em quem conseguia trazer para a tela o que as pessoas estavam vivendo na vida real”, afirma Miranda.
Código Hays
“O poderoso chefão” e “Apocalypse now” trabalham com a violência de forma mais gráfica, ele observa.
“Na época, temos a queda do chamado Código Hays, um código moral que vigorou durante várias décadas em Hollywood, com várias restrições aos filmes, tipo uma censura. A partir do momento que você tem a queda desse código e o interesse do público pelo cinema mais autoral, Coppola é um dos cineastas que despontam”, completa Vitor Miranda.
Até 8 de maio, a mostra alternará filmes dirigidos por Coppola com obras alternativas de outros diretores que se relacionam com a trajetória do homenageado. A programação vai contar, por exemplo, com a filha dele, Sofia Coppola, diretora de “As virgens suicidas” (1999).
Os cineastas Woody Allen e Martin Scorsese marcam presença em “Contos de Nova York” (1989), com três curtas-metragens assinados por eles em parceria com Coppola.
“Coppola é muito conhecido pela fase dos anos 1970 e, às vezes, as pessoas só assistem a isso. Depois, ele fez alguns filmes que não tiveram grande retorno financeiro, além de grande sucesso de público e crítica. Isso se estende um pouco para os anos 1990, com uma ou outra exceção. Então, a gente vai apresentar panorama um pouco mais completo da carreira dele, com filmes que foram redescobertos e hoje são super queridos pelos fãs do diretor”, explica Vitor.
“As dimensões do poder” também pretende preparar o público de BH para o novo e aguardado filme do cineasta, “Megalopolis”, que estreia no Festival de Cannes na próxima semana.
“É um filme que Coppola já declarou que sempre quis fazer, mas nunca conseguiu investimento. É um filme independente, ele investiu dinheiro do próprio bolso. Talvez seja o caso de maior investimento financeiro independente da história do cinema que a gente conhece, algo extraordinário. A mostra é um aquecimento para o lançamento”, conclui Miranda.
Coppola, de 85 anos, investiu US$ 120 milhões em seu novo filme. Vendeu parte de uma vinícola para realizar seu sonho. O último longa dele foi “Virginia” (2011). “Megalopolis” vai disputar a Palma de Ouro em Cannes.
PROGRAMAÇÃO
Sexta (12/4)
19h30: “O poderoso chefão”
(EUA, 1972)
Sábado (13/4)
14h: “A conversação” (EUA, 1974)
16h15: “O poderoso chefão – Parte 2” (EUA, 1974)
20h: “O poderoso chefão – Parte 3” (EUA, 1990)
Domingo (14/4)
17h30: “A conversação” (EUA, 1974)
20h: “Apocalypse now: Final cut” (EUA, 1979)
“AS DIMENSÕES DO PODER”
Mostra dedicada a Francis Ford Coppola. Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Até 8 de maio. Entrada franca. Ingressos devem ser retirados uma hora antes de cada sessão, na bilheteria. Programação completa: www.cinehumbertomauromais.
com/programacao.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria