Sabá Bodó, Deodora, Vespertino, Nivalda, Padre Zezo, Floro Borromeu e Quintilha fizeram as malas, se mandaram de Canta Pedra e, a partir desta segunda-feira (15/4), começam nova vida em Lapão da Beirada. Ou pelo menos vão tentar uma chance de redenção entre o vilarejo de Lasca Fogo e Lapão da Beirada, cenários da nova novela das 18h, “No rancho fundo”, que estreia nesta segunda-feira (15/4) na Globo.

 


“Não é continuação. É uma história absolutamente nova em que esses personagens voltam em busca de uma segunda chance na vida”, afirma o autor Mário Teixeira, que retorna à parceria com o diretor Allan Fiterman, com quem trabalhou em “Mar do sertão”, sucesso de onde saíram estes personagens que caíram no gosto do público.

 


Mas muito mais que o apelo ao povo para rever tipos tão carismáticos, Mário também que lhes dar uma segunda chance. “De alguma forma, eles tiveram a vida interrompida. Sabá Bodó foi preso por corrupção, Vespertino foi preso por outros motivos, Deodora involuntariamente causou a morte do filho”, relembrou o autor, na coletiva de imprensa que marcou o lançamento de “No rancho fundo”, no início da semana, nos Estúdios Globo, no Rio.

 



 


Os atores são os mesmos de “Mar do sertão”. Welder Rodrigues será Sabá Bodó; Debora Bloch, Deodora; Thardelly Lima, Vespertino; Titina Medeiros, Nivalda; Nanego Lira, Padre Zezo; Leandro Daniel, Floro Borromeu; e Ju Colombo, Quintilha.

 


“Todos nós mudamos ao longo da vida, não somos os mesmos jamais, né? Cada um desses personagens vai viver a seu modo o processo de educação sentimental”, disse Mário Teixeira.

 

Romantismo no ar

 

Mas se o público tinha saudade da turma da novela que terminou há um ano, novos personagens têm tudo para conquistar a audiência.

 

Em “No rancho fundo”, a história gira em torno da romântica Quinota – personagem de Larissa Bocchino, atriz mineira do Vale do Jequitinhonha, cuja família mora em Contagem –, forçada pela mãe, Zena Leonel (Andrea Beltrão), a se casar com Marcelo Gouveia (José Loreto), que abandona a garota.

 


Revoltada, Zena Leonel corre com a filha atrás do mau-caráter para Lapão da Beirada, local totalmente diferente de onde viviam, o vilarejo Lasca Fogo. A vida de Quinota muda quando ela encontra com o mocinho da história, Artur Ariosto, vivido por Túlio Starling, mineiro de BH.

 


No encontro com jornalistas, Larissa e Túlio não escondiam o prazer de trabalharem juntos ouvindo o mesmo sotaque.

 

“É muito massa você conhecer alguém que cresceu de alguma forma próximo da sua realidade e do seu imaginário cultural, como pão de queijo, o Centro de BH, a Praça da Estação. Túlio é meu conterrâneo e isso cria uma intimidade”, disse a atriz, sob o olhar do seu par romântico na trama.

 


“Essa identificação, às vezes, acontece sem perceber, no ouvido. Sem querer, o corpo já se aconchega. Você ter uma colega que faz você se sentir em casa sem perceber, e também percebendo, é uma maravilha”, acrescenta o ator.

 

Túlio Starling deu os primeiros passos no teatro quando estudava no Colégio Santa Dorotéia, em BH. Aos 15 anos, foi para a Brasília, estudou na UNB e se profissionalizou. Aos 27, desembarcou em São Paulo, no Teatro Oficina, de José Celso Martinez Corrêa, onde trabalha desde 2017.

 

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Paixão pelo ofício

 

Acompanhando o depoimento de Larissa, Túlio Starling se disse emocionado, principalmente pelo fato de a atriz ser mais nova – ela tem 25 anos; ele, 34. Observa que os dois têm em comum a garra pelo ofício. “Começar do zero, cursos, oficinas, teatro infantil, teatro em shopping, animação de festa. Já fui o boneco do jogo de vôlei. Já fiz curtas com diretores incríveis. Você se formar como ator ou como atriz no Brasil é fazer sempre, incansavelmente.”


Sobre os personagens Quinota e Arthur, Túlio os define como um casal romântico que não é só “casal docinho”. O ator afirma que o texto de Mário Teixeira é muito bom e a novela é bem escrita.

 


“Tem um tom fabular, com arquétipos bem definidos. Como o texto tem muita materialidade, os personagens ficam complexos com os conflitos humanos ali desenhados. Dois jovens se conhecendo, descobrindo a experiência de se apaixonar por alguém perdidamente. Eles terão ciúmes, ficarão confusos, vão encarar as dificuldades”, diz Túlio. 

 

Mineira batalhadora

 

Larissa Bocchino se formou no Teatro Universitário da UFMG, o TU, e fez cursos livres no Palácio das Artes. Participou da série “DNA do crime” (Netflix), de Heitor Dhalia, atuou no longa “As aventuras de Poliana”, de Cláudio Boeckel, e na série “Vidas bandidas", de Gustavo Bonafé, contracenando com Juliana Paes. Ela também está no elenco de “Guerreiros do Sol”, sem data de estreia no Globoplay.

 

Orgulhosa do que construiu até aqui, Larissa acha bonita a trajetória que começou aos 11 anos, quando se interessou pelo teatro. Cinco anos mais tarde, estava no TU. De lá para o audiovisual, foi um pulo.

 

A estreia ocorreu no curta “Teoria sobre um planeta estranho”, de Marco Pereira, mineiro de Cordisburgo, que, segundo ela, rodou muitos festivais.

 

Larissa não considera que chegou até aqui por sorte. “Meu Deus, foi muito estudo, muito choro. Já pensei em desistir milhões de vezes”.

 

Em busca dos sonhos, abriu uma produtora e dirigiu seu primeiro curta, “Graça”, docudrama sobre o amor da avó que, aos 70 anos, conhece um homem em aplicativo de namoro e viaja de carro com ele pelo Brasil.

 

* O jornalista viajou a convite da Rede Globo

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