O imbróglio em torno da gestão da Sala Minas Gerais chegou à Assembleia Legislativa. Nesta segunda-feira (15/4), às 16h, a Comissão de Cultura da ALMG visita o espaço localizado no Barro Preto. Amanhã (16/4), às 15h30, haverá audiência pública no auditório do Palácio da Inconfidência, sede do Legislativo mineiro.

 

A solicitação veio de três parlamentares que integram a comissão: o presidente e a vice, deputados Professor Cleiton (PV) e Lohanna (PV), e Marcos Tramonte (Republicanos).

 

A deputada Lohanna questionou, na última semana, a mudança de gestão da sala de concertos. “Como a Fiemg foi escolhida nesse processo? Quais as formas que a gente tem para revê-lo?”, afirmou ela ao Estado de Minas.

 

Marcos Vieira/EM/D.A Press - Flávio Roscoe, presidente da Fiemg, diz que superávit da gestão da Sala Minas Gerais será destinado à Filarmônica

 


Desde o Acordo de Cooperação Técnica, assinado em 5 de abril entre a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), proprietária da Sala Minas Gerais, e o Sesi Minas, braço social da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o futuro não só do espaço como da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais vem sendo debatido.

 

Gerida desde sua inauguração, em fevereiro de 2015, pelo Instituto Cultural Filarmônica (ICF), uma organização social, a sala passaria para as mãos do Sesi Minas em julho. O acordo de cooperação tem validade de 60 meses e dá ao Sesi a possibilidade de explorar comercialmente os locais que compõem o complexo dedicado à música sinfônica, realizando lá eventos culturais em geral.

 



 

Uma rescisão e duas versões

 

Fiemg e Codemig alegam que no ano passado a Filarmônica teria solicitado ao governo a rescisão do contrato de utilização da sala. O ICF nega tal intenção.

 

Foram convidados para a audiência na ALMG representantes das diferentes instituições e órgãos envolvidos no debate: Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG), Ministério Público, Codemig e ICF.

 

A questão também é debatida no Tribunal de Contas do Estado (TCE). O conselheiro Durval Ângelo determinou, na terça passada (9/4), a intimação do presidente da Codemig, Thiago Toscano, para prestar esclarecimentos sobre o assunto.

 

Na quinta (11/4) e na sexta-feira (12/4), foram realizados os primeiros concertos da Filarmônica na Sala Minas Gerais desde o início do imbróglio. O regente titular e diretor artístico da orquestra, Fabio Mechetti, foi ovacionado pela plateia durante sua longa fala na quinta-feira.

 

“Uma sede não se cede”, afirmou ele. “O certo é o diálogo e não subterfúgios. O certo é a transparência das ações e não artimanhas sub-reptícias”, defendeu.

 

Antes do concerto de quinta, frequentadores da sala fizeram uma manifestação do lado de fora. Carregavam a faixa “Zema, a Sala Minas Gerais é nossa”.

 

Leia: Fabio Mechetti é aplaudido ao discursar antes de concerto da Filarmônica

 

Carta aberta

 

Ainda na quinta (11/4), Flávio Roscoe, presidente da Fiemg, assinou carta aberta à Filarmônica – o texto foi disponibilizado no sábado (13/4), no site da instituição.

 

Afirma “garantir que a Orquestra Filarmônica continue utilizando a Sala Minas Gerais, em articulação com as atividades que o Sesi irá desenvolver no espaço.” Diz que caso a nova gestão gere superávit, ele “será reinvestido preferencialmente em ações da Filarmônica”.

 

A despeito da polêmica, a Filarmônica segue com sua agenda. Na quinta (18/4) e sexta-feira (19/4), às 20h30, Mechetti rege o concerto “Viagem do clássico ao jazz”, com a presença do trompetista norueguês Ole Edvard Antonsen.

 

O programa traz obras de Haydn, André Jolivet e Hummel. As noites serão encerradas pela suíte “Preto, marrom e bege”, de Duke Ellington, que propõe o diálogo do jazz com a música de concerto.

 

No domingo (21/4), às 11h, a Filarmônica, sob a regência do maestro associado José Soares, fará concerto gratuito na Praça da Glória, no bairro Eldorado, em Contagem.

compartilhe