“‘Paixão segundo São João’ é obra-prima de Johann Sebastian Bach. Da mesma forma que ‘As quatro estações’, de Vivaldi, e a ‘Nona sinfonia’, de Beethoven, ela faz parte do repertório dos grandes clássicos. Por ser complexa de executar, não alcança tanto reconhecimento. No entanto, tem valor espiritual muito grande”, diz o maestro Hernán Sánchez, regente titular do Coral Lírico de Minas Gerais.
Para comemorar 45 anos do coral, o oratório sacro será apresentado na noite desta quarta-feira (17/4), no Palácio das Artes. “Paixão segundo São João” completa três séculos neste mês de abril. Entoada pela primeira vez na Sexta-feira Santa de 1724, a peça estreou na Igreja de São Nicolau, em Leipzig, Alemanha.
“Nada melhor do que combinar as duas atrações”, afirma Cláudia Malta, diretora artística da Fundação Clóvis Salgado. O espetáculo também marca o primeiro ano de Sánchez como regente do coral mineiro.
Vozes especiais
O espetáculo contará com participações especiais da Orquestra Sesiminas e de solistas brasileiros e do exterior. O tenor chileno Rodrigo del Pozo interpretará o Evangelista; o estadunidense Stephen Bronk fará Pilatos; o brasileiro Filipe Santos dará voz a Jesus.
O elenco conta também com Marcio Bocca, como o servo; Elias Magalhães, como o discípulo Pedro; a soprano mineira Melina Peixoto e a mezzosoprano Estefania Cap, da Argentina.
“A ópera de Bach pede vozes muito especiais para personagens como o Evangelista e o próprio Jesus. Também são necessárias vozes características para fazer o concerto com instrumentos solistas como o violoncelo e o órgão”, explica Cláudia Malta.
O maestro Sánchez comenta que os integrantes do coral interpretam dois personagens especiais. “Eles atuam como contadores de histórias, como se fossem os paroquianos, e a Igreja, que canta em oração a Deus. Também há as pessoas contrárias a Jesus, pedindo por sua crucifixão.”
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Durante o concerto, Carlos Bracher vai pintar ao vivo. A tela fará parte de “Belo Horizonte”, série desenvolvida pelo artista plástico mineiro.
“Queríamos registrar a comemoração dos 45 anos do Coral Lírico e nada mais inusitado do que fazer isso em um quadro, a expressão do artista sobre a obra de arte que ele está vendo naquele exato momento”, afirma Cláudia Malta.
“Carlos Bracher pintando não é algo normal, apenas um artista ali sentado com o cavalete à frente e as tintas ao lado. É como se ele entrasse em transe. É uma performance, um espetáculo à parte”, diz a diretora da FCS.
“PAIXÃO SEGUNDO SÃO JOÃO”
Peça de J. S. Bach. Com Coral Lírico de Minas Gerais e convidados. Nesta quarta-feira (17/4), às 20h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). À venda na bilheteria da casa e na plataforma on-line Eventim
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria