Terror do grito mudo, aquele que arrebata uma pessoa com tal surpresa que ela fica completamente sem ação, pois sequer sabe o que aconteceu. É mais ou menos desta maneira que a criminóloga Ilana Casoy descreve os personagens da série “Em nome da justiça”, que estreia nesta sexta (19/4), no canal A&E.

 




Só que, diferentemente de outras produções em que esteve envolvida – como a recente “Bom dia, Verônica” –, aqui, nada é ficção. “Quisemos mostrar o outro lado da moeda. Essas pessoas nem sabem como são acusadas, porque não são criminosas”, afirma ela.

 


“Em nome da justiça” nasceu como um projeto de mostrar casos brasileiros de true crime em que o foco não são os criminosos, mas pessoas inocentes que são consideradas culpadas. A produção, dirigida por José Paulo Vallone e apresentada por Ilana, que também teve a ideia do projeto, teve duas temporadas (2020 e 2022) no canal AXN.

 

 


Agora com nova casa, o programa também expande sua atuação. Vai enfocar casos em vários lugares do país. “O Brasil é muito grande, mas o eixo Rio/São Paulo ocupa o noticiário policial, o que não é uma realidade”, comenta Ilana.


Episódios em sequência

 

A cada sexta-feira serão exibidos dois episódios em sequência, que misturam dramatização e depoimentos dos envolvidos. O que abre a nova temporada nesta noite ocorreu em Novo Hamburgo, interior do Rio Grande do Sul. Em 4 de setembro de 2017, foram encontrados na periferia daquela cidade os corpos esquartejados de duas crianças. As partes estavam espalhadas e não havia cabeças.

 


Sem conseguir realizar um reconhecimento das vítimas, a investigação concluiu que seriam os corpos de irmãos ou primos por parte de mãe – a menina teria em torno de 12 anos e o menino, 8. Houve uma troca de comando na investigação e, rapidamente, o caso parecia ter sido resolvido. Rápido demais, estranho demais, e com provas de menos.

 


Os corpos haviam sido encontrados próximo à sede do Templo de Lúcifer, uma doutrina religiosa. Seu fundador, Silvio Fernandes Rodrigues, conhecido como “Bruxo” (também o título do episódio de estreia), teria realizado um ritual de sacrifício com as crianças para conseguir prosperidade. Chegou a ouvir do delegado responsável pelo caso: “Eu sou Deus e vim para prender Satanás”.

 

 


Pura balela, é o que o episódio mostra, apresentando depoimentos tanto de policiais quanto de Rodrigues e sua família. O desenrolar da história é um misto de má fé e corrupção policial.

 


“Há episódios que as pessoas vão falar que é exagero de roteiro, que não dá nem para fazer ficção. Só que é tudo real. Então a gente quis trazer (as histórias) de uma forma moderna, caprichada, para que o público possa entender que não é só dizer que ‘falta punição, pegar bandido’. Falta melhorar o sistema como um todo, pois ele é furado e dá margem a muita injustiça.”

 


Ilana comenta que todos os casos selecionados na série foram aqueles que já foram julgados ou cujo processo está muito adiantado. “Estabelecemos premissas. Tem muita gente em uma situação horripilante, mas (cujo processo) está só na primeira instância. Não dá para fazer essa ponte para o audiovisual. O risco é grande. Não dá para ser leviano e, para criar um episódio inteiro, precisamos ter responsabilidade.”

 

 


“EM NOME DA JUSTIÇA”
• A terceira temporada, com oito episódios, estreia nesta sexta (19/4), às 21h10, no canal A&E. Dois episódios por sexta-feira.

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