Autor de clássicos como “O mestre-sala dos mares”, “Linha de passe”, “Papel maché” e “O bêbado e a equilibrista”, entre outros sucessos, João Bosco volta a se apresentar em BH nesta sexta-feira (19/4), às 21h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes. Nascido em Ponte Nova e radicado no Rio de Janeiro, o músico mineiro levará para o palco o show “João Bosco quarteto – 50 anos de carreira”, tal como fez em maio do ano passado, quando aqui esteve.

 


Cantor, compositor e exímio violonista, JB estará acompanhado dos músicos Kiko Freitas (bateria), Guto Wirtti (baixo) e Ricardo Silveira (guitarra), formando o já tradicional João Bosco Quarteto. Segundo o artista, o repertório será um apanhado de canções lançadas ao longo de mais de cinco décadas de carreira, entremeado com algumas surpresas. Ele garante que canções como “O ronco da cuíca”, “Jade” e “Corsário” também estarão no set list.

 



 


“Esse quarteto tem músicos que me conhecem há 40 anos”, avisa. “Só para se ter uma ideia, o Kiko Freitas já está comigo há 25 anos. Portanto, é um quarteto que conhece tudo da minha vida. Além disso, voltar à capital mineira e estar no Palácio das Artes com esses músicos é muito legal. Adoro tocar em BH, onde sempre fui muito bem recebido.”


Excitação mágica

 

O parceiro de Aldir Blanc explica que o repertório do show poderá trazer algumas surpresas. “A passagem de som é um momento mágico para mim. Durante a passagem dos instrumentos, costumo ir pelo meu feeling e acabo me lembrando de uma canção que estava fora do repertório, mas que acho importante tocá-la e acrescento-a.”

 

 


Para o violonista, durante a passagem de som é a hora em que “experimenta situações, experimenta músicas dos outros, ideias de arranjos e concepções”, como ele diz.

 


“É o exercício que chamo de a excitação que antecede a entrada no palco. Essa excitação é mágica, porque é como se você estivesse ali evocando a ancestralidade que lhe acompanha, que lhe ensinou e ensina, onde você aprendeu e também das pessoas que lhe ajudaram a dar os primeiros passos”, explica o músico.

 


Essa evocação à qual João Bosco se refere, na verdade, segundo ele próprio, é um exercício no qual os músicos que trabalham com ele já sabem e conhecem bem.

 

“No mundo de hoje, é até difícil explicar isso porque é um mundo programado, tecnologicamente previsível. Mas no caso da minha geração, pelo menos até a seguinte, nos preparamos muito dentro da gente e não da máquina.”

 

 

Disco de inéditas

 

O repertório do show também pode ser mudado seguindo esta lógica. “Logo nas primeiras músicas vamos olhando para as pessoas e recebendo delas sinais que vão sendo incorporados àquela situação e você acaba construindo um repertório a partir daí. Só para exemplificar, o Dori Caymmi foi me assistir em Itaipava (RJ) e apareceu nos dois dias de show. Ele viu dois repertórios diferentes. Minha apresentação é assim. Este é o show da minha vida. É isso que quero, é isso que sou e é isso que aprendi.”

 

 


São 52 anos de estrada. E novos caminhos surgindo. O artista conta que está produzindo um novo disco. “É um álbum de inéditas. Já lançamos um single (‘O canto da Terra por um fio’), que explica bem o que penso sobre o mundo, e agora vem o complemento dessa ideia, traduzido em 11 faixas inéditas Em breve, teremos notícias.”

 


Para João Bosco, essas cinco décadas passaram rapidamente, mas ele ressalta que a vida é assim. “Há um samba de Alvaiade (pseudônimo de Oswaldo dos Santos, 1913-1981), da Velha Guarda da Portela, que Zeca Pagodinho me ensinou: ‘O mundo passa por mim todos os dias, enquanto eu passo pelo mundo uma vez’. É isso, com aprendizados e acertos, nós passamos pelo mundo uma vez só. E tudo culmina com aquela coisa do amor. Aquele ser humano lá de Nazaré viveu e se dedicou a isso. Assim como os indígenas, os africanos... Você chega aos Beatles e verá como o amor é tudo que a gente precisa.”

 


“JOÃO BOSCO QUARTETO 50 ANOS DE CARREIRA”


Nesta sexta-feira (19/4), 21h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537 – Centro). Ingressos: R$ 220 (plateia 2, inteira), R$ 170 (plateia 3, inteira), à venda na bilheteria do teatro e pelo Eventin. Plateia 1 esgotada. Informações: (31) 3236-7400.

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