Artistas e integrantes do Fórum da Música de Minas Gerais, além de funcionários do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), protestaram nesta quinta (25/5) à noite contra mudanças no BDMG Cultural.

 


Esta semana, o Conselho de Administração do banco determinou o início da transição para dissolver a fundação responsável pelo BDMG Cultural. A gestão do órgão será transferida para a Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), ligada à Secretaria de Estado da Cultura e do Turismo.

 



 


Entre gritos de “Fora Zema” e “Nenhum museu a menos”, os manifestantes, que se reuniram à noite em frente à sede da instituição, em BH, reclamaram da política do governo estadual para a cultura.

 


O presidente da Faop, Jefferson da Fonseca, afirmou ao Estado de Minas que prêmios, programas e projetos do BDMG Cultural serão mantidos e não serão prejudicados. Ele negou o fim da instituição.

 


“Temos visto o avanço do desmonte de áreas culturais do estado”, afirmou o percussionista Paulo Santos, um dos fundadores do grupo Uakti, durante a manifestação. “É preciso continuar resistindo e dizer ‘não’ às iniciativas contra a cultura que vêm do governador.” O Uakti foi o primeiro grupo a se apresentar na sala de concertos do BDMG, em 1988.

 

Percussionista Paulo Santos, do Uakti, reclama do "desmonte das áreas culturais do estado"

Marcos Vieira/EM/D.A Press

 


O protesto foi articulado pelo Fórum da Música de Minas Gerais, entidade ligada ao Conselho Estadual de Política Cultural (Consec). Renata Chamilet, integrante do fórum, demonstrou cautela diante da transferência as atividades do BDMG Cultural para a Faop.

 


“Mudar de instituição não significa que se vai garantir o que já temos hoje”, alertou Renata.

 


“O BDMG mudou a minha vida e a de muitos colegas. É um absurdo desmontar algo que tem tantos anos de história e atua nos mais vários âmbitos das artes, na formação de artistas jovens e veteranos. É uma perda enorme”, reclamou o músico Davi Fonseca.

 

Nicho e formação de artistas

 


“O BDMG Cultural atua há 35 anos em um nicho no qual as macropolíticas de cultura não atuam”, advertiu Marcos Tadeu, funcionário do banco há 20 anos. “A instituição sempre pautou a formação de artistas e ambientes culturais, foi precursora em diversos nichos da cultura em Minas”, lembrou.

 


“Quando há transferência de atividades para outra organização, muito pode ser perdido. Claro que o que está programado para 2024 é muito difícil de desmobilizar, mas por quanto tempo as garantias feitas serão mantidas?”, questionou Marcos Tadeu.

 


Marcos Tadeu não acredita que a decisão de dissolver o BDMG Cultural tenha sido tomada pelo Conselho de Administração. “O que houve foi apenas o repasse de uma decisão que já havia sido tomada, ela veio de cima. Nós, funcionários, recebemos apenas uma nota informando sobre o processo de dissolução. Foi um grande choque.”

 

Marcos Tadeu, funcionário do BDMG, diz que decisão "veio de cima", e não do Conselho de Administração do BDMG

Marcos Vieira/EM/D.A Press

 


A artista plástica Lorena D'Arc, diretora da Escola Guignard da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), saiu em defesa do braço cultural do banco.

 


“O BDMG Cultural faz parte não só da cultura de Belo Horizonte, mas do estado como um todo. Há mais de três décadas, vem revelando novos talentos e divulgando a nossa produção. O BDMG supre uma carência cultural da sociedade belo-horizontina. É uma vergonha que o governador nos prive de um espaço consolidado da capital, delegando suas atividades para outra instituição”, afirmou ela, durante a manifestação.

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

compartilhe