Nas trilhas efêmeras da vida circense, “Proncovô” homenageia o espírito nômade dos adeptos da arte andarilha. Entre declamações poéticas, canções autorais e diálogo com o público, a peça tem sessão neste sábado (27/4), às 16h, no Memorial Vale.

 


Os artistas Laura de Castro, de 32 anos, e Zé Motta, de 36, interpretam texto de Eduardo Moreira, fundador do Grupo Galpão, que também assina a direção do espetáculo. Em meio ao clima divertido inerente à montagem, os atores convidam a um passeio por “A história do caminhar”, de Rebecca Solnit, e “Caminhar, uma filosofia”, de Frédéric Gros.

 



 


“A Laura e o Zé me chamaram para montar um trabalho com eles. Logo pensei num show cênico misturando teatro e música. Quis trazer a ideia do artista mambembe, que não pousa em lugar nenhum. Pensamos a arte do ponto de vista cigano, procuramos obras que discutiam o caminhar e os dois compuseram algumas músicas”, conta Eduardo Moreira.


Poemas

 

O espetáculo aposta na percepção brasileira do “peregrinar”, por meio de escritos e poemas de Antônio Machado, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski e Fernando Pessoa.

 


“Logo na abertura, quando Laura e Zé chegam, eles já não estão fixos ali no lugar da apresentação. Vêm de fora e vão embora. Isso representa muito aquela cena de o artista reunir pessoas, de quando o circo chega à cidade e vai embora. O espetáculo trata, especificamente, desta filosofia de vida”, diz o diretor.

 


O musical marca o reencontro de Eduardo Moreira com Laura de Castro. Eles trabalharam juntos no início da carreira da atriz, na época com 11 anos. “Estamos sempre encontrando outros artistas, outras comunidades, isso faz parte da nossa vida. A poesia que está por trás de tudo também”, comenta Eduardo.

 


“Estamos vivendo uma época que traz a mensagem importante do respeito, da disponibilidade e de certa empatia entre as diferentes humanidades, o que parece estar se tornando cada vez menos comum, uma prática cada vez mais complexa de ser operada”, observa.

 


A costura de canções e cenas ficou a cargo do cantor, compositor e multi-instrumentista Sérgio Pererê, o diretor musical de “Proncovô”. A sonoridade promove encontros da tradição com o contemporâneo, do erudito com o popular.

 


“Pererê é um artista extraordinário, conhece muito bem a junção do teatro com a música. Foi uma contribuição muito importante, pois ele tem a capacidade de trazer esse lado do popular, com a música de raiz e a música negra, o que é interessante demais”, afirma Moreira.

 

Eduardo Moreira leva sua experiência com o Grupo Galpão a parcerias com outros artistas

Instagram/reprodução

 

Caminhos de Minas

 

“Proncovô” nasceu com o objetivo de percorrer pontos importantes da Estrada Real. A temporada mineira já passou por Sabará, Catas Altas, Barão de Cocais, Itabirito e Ouro Preto antes de chegar à capital.

 


“Foi uma experiência muito viva e bem bacana encontrar o público que normalmente não tem acesso ao chamado circuito cultural presente nas metrópoles. É muito importante para mim, como artista, fazer teatro que fale para todos os públicos, que atinja todas as idades, classes sociais e todos os níveis de instrução. Acredito muito na universalidade da propagação da arte”, conclui Eduardo Moreira.

 


“PRONCOVÔ”


Texto e direção: Eduardo Moreira. Com Laura de Castro e Zé Motta. Direção musical: Sérgio Pererê. Neste sábado (27/4), às 16h, na escadaria em frente ao Memorial Minas Gerais Vale (Praça da Liberdade, 640, Funcionários). Entrada franca. Informações: (31) 3308-4000.


* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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