Com chegada nesta terça-feira (30/4) às livrarias, “Dona Ivone Lara e o sonho de sambar e encantar” (Companhia das Letrinhas) é o terceiro título do escritor mineiro Jacques Fux nascido na pandemia. Durante a crise sanitária, ele se propôs a escrever biografias para crianças e jovens.

 


Já foram publicados “Mary Anning e o pum dos dinossauros” (Companhia das Letrinhas, 2022), sobre a paleontóloga inglesa, e “As fábulas do fabuloso fabulista Joãozito” (ÔZé, 2023), sobre Guimarães Rosa. Ainda estão previstas, pela Elo Editora, biografias de Marie Curie e Hannah Arendt.

 



 


Com ilustrações de Flávia Borges, “Dona Ivone Lara” percorre a trajetória da sambista a partir de sua canção mais importante, “Sonho meu” (1978). O clássico foi apresentado pela Grande Dama do Samba durante encontro com Maria Bethânia (que a gravou com Gal Costa naquele mesmo ano) e Rosinha de Valença, em Copacabana.

 

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Fux começa a contar esta história para depois retroceder e acompanhar a vida e a carreira de Dona Ivone (1921-2018). Somente na parte final ele mostra ao leitor o que se passou após o encontro com Bethânia.

 


“Sempre gostei da música dela e de ‘Sonho meu’, sobretudo. Depois de ler o que já tinha sido publicado sobre ela, vi que a história de Dona Ivone é o cerne da minha literatura. Muitas das minhas histórias são tristes, mas o olhar e a escrita são leves e lúdicos. A vida dela foi de muita luta e privação, era também enfermeira e assistente social, trabalhou com Nise da Silveira”, comenta Fux.

 

Biografia é ilustrada por Flávia Borges

Flávia Borges/divulgação

 


“Quarta parede”

 

Escrever para crianças e jovens, ele diz, lhe permitiu uma “conversa” com o leitor. “A literatura adulta é muito séria, em alguns momentos hermética. Para o jovem, ela pode ser mais fluida, divertida”, afirma ele, que vez por outra quebra a “quarta parede” com o leitor com observações bem-humoradas.

 


“Talvez o mais interessante desta coleção seja, além de conversar com o leitor, fazer com que o narrador aponte o dedo para ele. Tem momentos em que ele mostra: ‘Isto aqui é racismo; aquilo, misoginia’. Em teoria, a pessoa que escreve uma biografia é um narrador ausente, distante. Aqui, não. Ele faz críticas, aponta erros.”

 


Com 15 títulos publicados, entre livros para adultos e jovens, Fux está retomando a obra de Jorge Luis Borges, base de sua tese de doutorado e de seu livro de estreia (“Literatura e matemática”, de 2011). Lança neste ano três ficções em que evoca o universo literário do escritor argentino.

 


Serão eles “O Tempo dá um tempo” (ÔZé), “Um labirinto labiríntico” (FTD) e “Um bichólogo na fazenda de sonhos” (Leiturinha). “São livros meio surreais com as ideias borgianas para jovens”, finaliza Fux.

 

Relicário musical

 

Recém-chegado às plataformas pelo Selo Sesc, o álbum “Relicário: Dona Ivone Lara (Ao vivo no Sesc 1999)” apresenta o registro da sambista em show no Sesc Vila Mariana, em São Paulo.

 

O repertório da noite foi inspirado no disco “Bodas de ouro” (1997), que celebrou seus 50 anos de carreira. Dona Ivone estava acompanhada por Armando Martinez (teclado), Edson Bastos (contrabaixo), Gilberto Torgano (bateria), Álvaro Barcelos (percussão), Maurício Verde (cavaquinho) e Hélcio Brenha (sax e clarinete). O registro reúne 20 músicas.

 

“DONA IVONE LARA E O SONHO DE SAMBAR E ENCANTAR”


De Jacques Fux, com ilustrações de Flávia Borges. Companhia das Letrinhas, 64 páginas. R$ 64,90

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