Cantor, percussionista, ator e compositor, Pedro Miranda lança seu quinto álbum, “Atlântica Senhora” (Biscoito Fino), com 14 faixas, sendo seis autorais. O disco celebra os 25 anos de carreira do músico carioca e traz parcerias com nomes como Cristóvão Bastos, Zé Renato, Zé Paulo Becker, Chacal, Marcos Sacramento e Domenico Lancellotti, além de releituras de Chico Buarque, Paulinho da Viola e Caetano Veloso.
Miranda diz que a ideia do álbum surgiu nos ensaios abertos que promovia aos domingos, no Parque da Cidade, na Gávea, no Rio de Janeiro, e que a feitura do disco teve início ainda durante a pandemia. “Esse repertório foi construído nesse período. Considero esse álbum e o ‘Da Gávea para o mundo’ uma dupla, porque são meus primeiros discos com composições autorais”, diz.
Ele detalha que as músicas “foram feitas já no final de pandemia”, como ‘Pois Zé’, parceria com Zé Renato. “Recebi uma mensagem da irmã dele dizendo que estava desanimado e que seria aniversário dele, portanto estava pedindo vídeos para os amigos. Eu também estava um pouco desanimado e não consegui mandar o vídeo no prazo previsto, mas acabei pegando uma melodia dele. Ele me mandou quando ouviu ‘Vontade de sair’ (Pedro Miranda e Cristóvão Bastos), que foi gravada no meu outro disco.”
Miranda conta que ficou com a melodia guardada um tempão e não conseguia fazer nada. “Quando recebi a mensagem de sua irmã, escrevi a letra para ele, como se fossem dois amigos conversando. Veio-me essa imagem de um amigo dando força para outro.”
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No caso de “Deixa lavar”, parceria com Zé Paulo Becker, a gestação foi pós-pandemia. “Ele postou essa música nas redes e falei: Que legal, Zé. Ele me mandou um inbox perguntando se eu queria fazer uma letra para sua melodia.”
Ele lembra que no vídeo em que Zé Paulo Becker aparecia, pela janela viam-se relâmpagos, formando um clarão. “Então essa música já tem uma mensagem mais de contato com a natureza, de sair de casa, reencontrar as pessoas e de voltar à vida.”
A faixa que dá nome ao disco “nasceu no Parque da Cidade, onde eu fazia uns ensaios abertos de voz e violão, durante a pandemia, e o Cristóvão me mandou a melodia. Já havíamos feito ‘Vontade de sair’, e ele me mandou essa outra melodia nova e me veio essa inspiração da natureza, das árvores…”, conta o músico
CONEXÃO NORUEGA
Miranda afirma não gostar de classificar seus discos. “Costumo dizer que é um álbum de música, pois cada faixa é um gênero. Tem marchas-ranchos, como por exemplo ‘Flor do Serrado (Caetano Veloso) e ‘Futuros amantes’ (Chico Buarque), assim como um candombe uruguaio que é um ritmo de carnaval daquele país”, diz.
“Sinto que, cada vez mais, estou conseguindo fazer com que a minha arte me represente melhor. É como se meu trabalho artístico estivesse se aproximando da minha personalidade. Acho que é uma coisa de amadurecimento também, já estou com 47 anos e este é o meu quinto disco”
Pedro Miranda, cantor, compositor e instrumentista
Tocando no parque, ele recorda que houve “um quarteto de cordas da Noruega que entrou em contato dizendo que queria fazer colaborações com artistas brasileiros”, depois de ouvi-lo. “Disseram: ‘Gostamos muito do seu trabalho, então, se tiver alguma gravação ou show, pode contar conosco’”. Ele teve então a ideia de pedir a Cristóvão Bastos que fizesse o arranjo. “Ele escreveu, preparamos a base e gravamos com eles a canção ‘Atlântica Senhora’.”
“Nesse meio tempo, compus a marchinha ‘Capivara do Brasil’”, conta. “A ideia era fazer um single de duas faixas, com essas duas canções, só que havia mais músicas. Fui compondo e, quando vi, já tinha o repertório de um disco, juntando com as músicas que já vinha cantando (“Nada de novo”, “Futuros amantes” e “Flor do cerrado”, essa em homenagem a Gal Costa)”.
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O artista comenta que as músicas cantadas em espanhol também já constavam em seu repertório. “Minha avó era argentina, então fui me aproximando, nos últimos 15 anos, desse repertório latino-americano. Comecei a estudar espanhol e a me aproximar mais dessa cultura musical hispano-americana. Tomei coragem e resolvi gravar em espanhol.”
“Sinto que, cada vez mais, estou conseguindo fazer com que a minha arte me represente melhor”, acredita o artista. “É como se meu trabalho artístico estivesse se aproximando da minha personalidade. Acho que é uma coisa de amadurecimento também, já estou com 47 anos e este é o meu quinto disco. É um lugar de aceitação, de sabermos os nossos limites, das nossas qualidades, dos nossos trunfos.”
“ATLÂNTICA SENHORA”
Disco de Pedro Miranda
Biscoito Fino (14 faixas)
Disponível nas plataformas digitais