“Pedro sempre gostou muito das palavras, começou a escrever quando era bem pequeno. Costumo dizer que vi nascer o menino e o poeta”, diz Roberta Muriel, mãe do escritor mineiro. “Ele era uma pessoa cheia de amor, que via beleza em tudo. Suas qualidades se refletiam no seu trabalho”, afirma.
Portador de doença neurológica rara, Pedro Muriel morreu em 2022, aos 35 anos. Deixou três livros de poemas: “Proesia” (2017), “Numa esquina dos trópicos” (2018) e “Rodas de leitura” (2018). Criou o podcast Poemacast com o objetivo de democratizar o acesso à poesia e estimular discussões sobre literatura. Palestrante, defendia a importância da inclusão e da acessibilidade.
Poemas de Pedro frequentemente se inspiravam no pôr do sol que ele acompanhava da Casa do Baile, no conjunto arquitetônico da Pampulha. Roberta Muriel conta que o filho visitava o local pelo menos três vezes por semana para observar o céu.
Curva do entardecer
“A Casa do Baile toda branquinha e meu coração avermelhando um sorriso na curva do entardecer”, diz o verso publicado no Instagram (@pedrohmurielbertolini).
“Todo mundo o conhecia por lá. Tinha um cantinho só seu”, comenta Roberta.
“Pedro era apaixonado pela Casa do Baile. Era o seu lugar de refúgio para ver o pôr do sol, que dali tem uma vista realmente impressionante, onde ele sempre marcava encontros com os amigos. Não havia uma pessoa de fora de BH que ele não levasse para conhecer o local.”
Em homenagem ao poeta, o espaço projetado por Oscar Niemeyer vai receber, neste sábado (25/5), o sarau “Alaranjar caminhos”.
Haverá leitura de poemas, introdução ao novo livro de cartas de Pedro e Roberta Muriel e abertura da exposição audiovisual “Alaranjar caminhos”, parte do projeto Rostos da Pampulha. No fim da tarde, cinzas de Pedro serão espalhadas nos jardins da Casa do Baile.
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Em cartaz até o fim de junho, a exposição audiovisual exibe declamação de poemas do escritor por Antônio Fagundes, Antônio Grassi, Malu Mader, Bruna Lombardi, Chico Pinheiro e Mia Couto, entre outros.
Instituto Pedro Muriel Presente
Roberta está entre os criadores do Instituto Pedro Muriel Presente, entidade sem fins lucrativos com o propósito de divulgar a obra do filho e ajudar pessoas com deficiência.
“Pedro deixou um acervo enorme de obras inéditas. Como não era nossa intenção deixar sua poesia guardada, pensamos em montar um instituto que, por meio de seus escritos, pudesse arrecadar fundos para a doação de cadeiras de rodas motorizadas”, explica Roberta Muriel.
“A cadeira manual depende de autonomia da parte superior do corpo, o que muitas pessoas com doenças raras não têm. Isso torna a cadeira motorizada a melhor opção. Infelizmente, elas são muito caras. O instituto surgiu com o propósito de divulgar a poesia do Pedro e de melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência”, afirma.
Além das exposições e da declamação de poemas, o sarau convida a todos para assistir ao pôr do sol que tanto inspirava Pedro Muriel.
“ALARANJAR CAMINHOS”
Sarau em homenagem ao poeta Pedro Muriel. Neste sábado (25/5), às 15h, na Casa do Baile (Avenida Otacílio Negrão de Lima, 751, Pampulha). Entrada franca.
*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria