Filipe Bragança interpreta as músicas de Magal no filme; repertório inclui sucessos dos anos 1970 e 1980. Longa estreia hoje -  (crédito: Mar Filmes/Divulgação)

Filipe Bragança interpreta as músicas de Magal no filme; repertório inclui sucessos dos anos 1970 e 1980. Longa estreia hoje

crédito: Mar Filmes/Divulgação

 

A fábula é “magalesca”, é o que ficamos sabendo logo no início de “Meu sangue ferve por você”, que chega nesta quinta (30/5) aos cinemas. Mas a história é verdadeira, afirma o personagem central, Sidney Magal, 73 anos de vozeirão, rebolado, bom humor e sensualidade a toda prova.

 


“Não tem distância com a realidade. As pessoas podem achar que metade do filme foi inventada. Mas não. Ele só foi adaptado para a verdade do Sidney Magal”, diz o próprio, a respeito do longa de Paulo Machline que não acompanha sua carreira, mas sim o início de seu relacionamento com Magali West, sua mulher há mais de 40 anos e mãe de seus três filhos.

 


“Meu sangue ferve por você” tem clima de “sessão da tarde”, uma comédia romântica musical bem azeitada, química entre os protagonistas e boas tiradas cômicas dos personagens secundários. Tem um herói dominado por um empresário (um vilão deliciosamente divertido), uma mocinha que não leva desaforo para casa e uma trilha sonora executada pelo próprio elenco, com um cancioneiro clássico da música popular.

 


A narrativa é ambientada em Salvador, em 1979. Magal (Filipe Bragança) está no auge. Com uma rotina diária extensa e contato direto com as fãs, se deslumbra com Magali (Giovana Cordeiro), uma baiana que acidentalmente vence um concurso de miss. Apaixonado à primeira vista, tem que convencer não só a garota, que o considera brega, mas também seu empresário, Jean Pierre (Caco Ciocler), que manda e desmanda até na vida pessoal do artista.

 


“Eu sou meio abusado. Então gostaria de dar o nome de ‘o amor do século’ para nossa história, porque nunca encontrei uma similar, uma pessoa que no primeiro contato visual tenha dito: ‘Você é a mulher da minha vida e mãe dos meus filhos’. Foi isto que eu passei para o Paulo”, diz Magal, que só levou o projeto adiante depois que Magali deu o seu OK. “Ela toma a frente de tudo porque tem o temperamento muito mais forte que o meu.” 


Personalidade do artista

 

Foi essa a primeira história que Machline ouviu do casal Magal e Magali quando se reuniu para falar do projeto. “Naquele momento, eu tive certeza de que seria esta a história que melhor representa a personalidade dele e também aquela que todos gostariam de conhecer”, afirma o diretor, que 10 anos atrás, lançou “Trinta”, cinebiografia que acompanha o início da trajetória de Joãosinho Trinta.

 


Ainda que o filme seja ambientado em Salvador, as filmagens foram divididas entre a capital baiana (principalmente com as externas, que exploram cartões postais, como o Pelourinho e o Elevador Lacerda) e a paulista. Magali mora com a mãe, Graça (Emanuelle Araújo), tem um namorado com quem vive à turras, Claudinho (Pablo Morais), e um tio, Renan (Sidney Santiago), que, assim que a noite cai, se transforma em Sandra Pink.

 


A semelhança com Magali foi fundamental para que Giovana Cordeiro levasse o papel. Ela foi uma das primeiras atrizes testadas, lembra Machline. A experiência que Filipe Bragança tinha com musicais (esteve na montagem “Os miseráveis” e integrou o elenco da série “Só se for por amor”, de 2022, da Netflix, que também tinha relação com música) pesou na escolha do ator, que interpretou as canções de Magal no filme.

 


"Extravagante e desafiador"

“Se não bastasse cantar muito bem e dançar, ele também seduzia a plateia, vestia roupas deslumbrantes e brilhosas, botas com salto de 7cm. É um personagem muito extravagante e desafiador e eu tive que desconstruí-lo, mostrar como, aos poucos, o Sidney Magal se revelou o Sidney Magalhães; como, depois de se apaixonar, ele abandona, de certa forma, esse título de amante latino”, comenta Bragança.

 


Machline comenta que não havia sentido em fazer um filme sobre Magal sem as músicas que o eternizaram. “A história do filme se passa no final dos anos 1970 e começo dos 1980 e eu trouxe algumas coisas que ele produziu posteriormente, como ‘Nada além’ e ‘Me chama que eu vou’ porque gosto de, nos meus filmes, brincar com essa coisa do tempo. Também me apropriei de situações que aconteceram, mas não necessariamente no período retratado no filme.”

 


Chama a atenção um número musical em que Caco Ciocler, como Jean Pierre, interpreta “Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito!” (2015), canção-título do álbum de estreia de Johnny Hooker. “Ela veio de outro exercício de roteiro que fizemos. Achei tão apropriado para aquele momento que mantive. Foi a única música que não tinha uma relação direta e objetiva com a história que estava sendo contada, mas acho que se encaixou perfeitamente”, comenta Machline.

 


“MEU SANGUE FERVE POR VOCÊ”
(Brasil, 2023, 107min.) Direção: Paulo Machline. Com Filipe Bragança, Giovana Cordeiro, Caco Ciocler e Emanuelle Araújo. O filme estreia nesta quinta-feira (30/5)nos cines Big 4, às 18h; Centro Cultural Unimed-BH Minas 1, às 18h20; Cidade 6, às 14h40 e 18h45; Contagem 7, às 14h10, 16h20 e 20h30; Del Rey 4, às 21h; Del Rey 7, às 13h40; Monte Carmo 6, às 14h, 16h05 e 21h; UNA Cine Belas Artes 1, às 16h30 e 20h30, e Diamond, às 19h30 e 21h40, BH Shopping, às 16h50, 19h20 e 21h30 e Pátio Savassi, às 13h30, 16h e 18h20 (quinta, sexta sábado e domingo).

 


LONGA DOCUMENTAL

 

“Meu sangue ferve por você” é o segundo longa em torno de Magal. Em 2020, foi lançado o documentário “Me chama que eu vou”, dirigido por Joana Mariani, que acabou produzindo o novo filme. Machline diverte-se sonhando com uma trilogia: “Poderia ser ‘Sandra Rosa Madalena’, sobre a origem dele. Ainda não existe esse projeto, é brincadeira. Mas quem sabe?”