Ator reclamou de não ter tido tempo suficiente para responder às acusações na produção do Channel 4, exibida pela Max -  (crédito: Daniel Leal 25/7/2023/ AFP)

Ator reclamou de não ter tido tempo suficiente para responder às acusações na produção do Channel 4, exibida pela Max

crédito: Daniel Leal 25/7/2023/ AFP

 

Sete anos depois de sua carreira ter implodido após ter sido acusado pelo ator Anthony Rapp de investida sexual quando ele tinha 14 anos (denúncia que foi seguida por outras do mesmo calibre), o caso Kevin Spacey ganha sua primeira versão documental. Recém-chegada ao Max, a minissérie em duas partes “Kevin Spacey: A história não contada” é uma produção do britânico Channel 4.

 


Coloca mais lenha na fogueira, pois apresenta entrevistas com 10 homens – nove deles nunca haviam levado a público suas histórias. Ou seja, tais pessoas não têm nada a ver com as nove acusações relacionadas a crimes sexuais de que Spacey foi alvo anteriormente, nos EUA e no Reino Unido – em 2023, ">o ator foi inocentado de todas.

 


A produção tem início com Daniel, um ator encantado com sua grande chance: trabalhar em “House of cards” (2013-2017). Ele era um figurante, até que conseguiu uma fala. Só que, no dia em que seu personagem interagiu com o de Spacey, nos bastidores o astro de Hollywood tocou seu pênis por cima da calça.

 


As descrições de todos os entrevistados trazem detalhes, independentemente da época em que o assédio ocorreu. Porque a tese que a série enuncia é que a figura predatória de Spacey não surgiu após a fama. Um dos entrevistados teria sido apalpado pelo ator quando ambos estavam no ensino médio. 


Histórias similares

 

De uma maneira geral, as histórias são semelhantes: jovens que chegam a Los Angeles querendo o sucesso e se encantam com a figura de mentor que Spacey representa. As promessas nunca se concretizam – o que os homens encontram são apertos nos genitais, masturbações em locais públicos (Spacey teria se masturbado ao lado de Scott, um ex-fuzileiro naval, durante a sangrenta sequência inicial de “O resgate do soldado Ryan”).

 


Há também depoimentos de ingleses que conviveram com o ator quando ele dirigiu o teatro Old Vic, em Londres. O medo teria sido o motivo pelo qual não denunciaram o assédio.

 


A participação do irmão mais velho de Spacey, Randall Fowler, figura extravagante que não mantém relações com o caçula, só complica a história. Fowler relata que o pai deles era nazista e que o estuprou repetidas vezes. Mas, assim como entra, ele sai de cena, deixando no ar várias perguntas. A produção é baseada unicamente nas entrevistas, não se aprofundando nas questões jurídicas que levaram o ator a tribunais nos EUA e no Reino Unido.

 


A produção da série justifica a ausência de Spacey dizendo que ele havia pedido mais tempo para responder às alegações. O ator foi à carga antes mesmo da estreia. Via X (ex-Twitter), afirmou que solicitou “repetidamente que (o Channel 4) me desse mais do que sete dias para responder às alegações feitas contra mim há 48 anos e me fornecesse detalhes suficientes para investigar esses assuntos”.

 


Ele não parou aí. Também concedeu sua primeira grande entrevista desde o escândalo. Falou com o jornalista Dan Wootton, ex-apresentador do canal britânico GB News (a íntegra está no canal de Wootton no YouTube).

 


"Assumo total responsabilidade pelo meu comportamento passado e pelas minhas ações. Mas não posso e não vou assumir a responsabilidade ou pedir desculpas a qualquer pessoa que tenha inventado coisas ou histórias exageradas sobre mim. Nunca disse a alguém que se me prestasse favores sexuais eu os ajudaria em suas carreiras”, disse Spacey a Wootton. n

“KEVIN SPACEY: A HISTÓRIA NÃO CONTADA”
• A minissérie, com dois episódios, está disponível na Max.