Uma ação entre amigas resultou em uma feira de arte que já nasce com a ambição de se firmar no calendário cultural de Belo Horizonte. Trata-se da Vozes de Arte, que reúne as criações – em diferentes formas de expressão – de Mônica Mendes, Mônica Batitucci, Márcia Martins, Elisa Cândido, Maria Lila Caçador e Tânia Caçador. As obras estarão em exibição e à venda, neste sábado (4/5) e domingo (5/5), no Centro de Arte Popular de Minas Gerais.
O conjunto em exposição inclui pinturas, desenhos e trabalhos com papel que envolvem técnicas diversas, objetos de cerâmica e mini-jardins, decoração criativa, peças em papel machê, quadros, aquarelas, colagens e monotipias. Mônica Mendes, organizadora do evento, diz que o objetivo é construir um ambiente que fomente o cenário das artes visuais na cidade, impulsionando nomes independentes.
Ela explica que as artistas participaram da mostra coletiva “Elementos” e, a partir desse encontro, surgiu a ideia da feira. “Já estivemos juntas em outras oportunidades, mas nunca em uma ação que partisse de nós mesmas. O mundo das artes está bem diferente hoje, de forma que a gente tem que fazer acontecer, para criar espaço mesmo”, afirma.
Expectativa
A expectativa para esta primeira edição é alta, até pelo fato de coincidir com a proximidade do Dia das Mães, o que aquece o consumo, segundo Mônica. Ela acredita que o Centro de Arte Popular de Minas Gerais é o espaço ideal para receber o evento. “Primeiro, porque é um lugar muito legal, que integra o Circuito Cultural Praça da Liberdade. Segundo, porque a coordenadora, Angelina Gonçalves, ficou empolgada e tem dado muita força. Tem tudo para dar certo”, diz.
Ela comenta que esta primeira edição ficou restrita às artistas envolvidas na organização, já que é uma espécie de piloto. A intenção, contudo, é que, futuramente, a feira seja aberta a outros artistas, selecionados por meio de um processo de curadoria. “O público, de qualquer forma, vai se deparar com uma variedade grande de ofertas, já que nós seis trabalhamos em frentes distintas. A diversidade é bacana e é isso o que a gente quer firmar, já que a ideia é que seja um evento anual”, diz Mônica.
O trabalho que ela vai apresentar se vincula ao projeto “Catopezeira: O som das cores”, que desenvolveu ao longo dos últimos anos, ao lado do músico Tino Gomes. O mote é a cultura dos catopês, de Montes Claros – celebrações religiosas de origem católica realizadas em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, a São Benedito e ao Divino Espírito Santo, que se mesclam com influências indígenas e negras. Sob essa inspiração, Tino lançou um álbum e Mônica pintou uma série de 22 quadros.
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Ela explica que não são as obras originais, mas reproduções em fine art que estarão à venda na feira. A programação, a propósito, também prevê um show do músico, amanhã, às 15h, mostrando os temas reunidos no disco. “Foi o Tino quem me levou a Montes Claros para conhecer o catopê. Resolvemos fazer esse projeto juntos. Pintei os quadros e ele compôs em diálogo com as obras. Já apresentamos esse trabalho em São Paulo, em Miami e agora, finalmente, ele vai chegar a Montes Claros.”
A artista aponta que a intenção do projeto é instaurar uma relação entre a musicalidade das festas populares – o que inclui, além dos catopês, as marujadas e os caboclinhos da cidade do Norte de Minas – e as cores que as compõem. As penas dos cocares, as tonalidades das fitas e a indumentária dos participantes se integram em um universo de missas, rezas e levantamento de mastros, no qual grupos tradicionais de danças realizam cortejos com jovens da comunidade caracterizados como príncipes e princesas, numa tradição que é transmitida entre gerações.
A organizadora adianta que Mônica Batitucci participa da feira com pinturas, desenhos e outras técnicas que têm o papel como suporte; Márcia Martins trabalha com cerâmica e mini-jardins; Elisa Cândido leva para a feira papelaria e decoração criativa; Maria Lila Caçador expõe peças de decoração em papel machê; e Tânia Caçador comparece com quadros, colagens, monotipias e óleo sobre papel.
Ela informa que a feira Vozes de Arte é aberta ao público, sem a necessidade de retirada de ingressos. O público-alvo são os apreciadores de trabalhos artísticos e manuais que possuem interesse em temas como economia criativa e colaborativa, arte e sustentabilidade. “Passa por aí, também, uma questão muito importante, que é a valorização dos artistas locais”, afirma.
FEIRA VOZES DE ARTE
Neste sábado (4/5) e domingo (5/5), das 11h às 17h, no Centro de Arte Popular de Minas Gerais (Rua Gonçalves Dias, 1.608, Lourdes). A programação prevê um show do músico Tino Gomes, às 15h de sábado. Entrada gratuita.