O histórico álbum “Clube da Esquina”, de Milton Nascimento e Lô Borges, que completou 50 anos em 2022, foi responsável por escrever novos capítulos da música popular brasileira e continua influenciando artistas de todo o país. O pianista pernambucano Amaro Freitas é um deles.


Acompanhado do conterrâneo e cantor independente Zé Manoel, o pianista sobe ao palco do Centro Cultural Sesiminas, nesta sexta (10/5), às 19h30, para apresentar o show “Amaro Freitas e Zé Manoel – Clube da Esquina”.


Em uma roupagem sensível, os dois interpretam “os sonhos que não envelhecem e representam a magnitude de sucessos atemporais”, segundo o próprio Amaro, em um repertório de clássicos: “Um girassol da cor do seu cabelo”, “Nada será como antes” e “Tudo que você podia ser”.

 




“Eu acho que isso é uma grande responsabilidade. Estamos falando de um marco na história brasileira, o movimento do Clube da Esquina, de músicas que fazem parte do cotidiano e da história de muita gente, de personagens que são extremamente importantes na tradução do que é uma cultura, uma identidade brasileira”, afirma o pianista.


Vozes conectadas

 

No palco, o músico quer dar nova roupagem aos eternos clássicos, mas sem perder a essência do movimento musical mineiro. “Quando começo a fazer esses arranjos, quero pôr muito do Amaro Freitas que existe dentro de mim, quero trazer esse meu piano para dentro do Clube da Esquina, mas sem perder a originalidade, a identidade que a música carrega. Para mim, é muito importante ter o frescor de quem escuta entender que: ‘caramba, ele levou isso para um outro lugar, mas eu ainda consigo entender que é essa música’”.


Nem em Pernambuco, nem em Minas Gerais. A ideia inicial do show nasceu na cidade de São Paulo, especificamente no Sesc 24 de Maio. Lá, Amaro foi convidado a celebrar meio século de álbuns marcantes da MPB e, sem dúvida, escolheu “Clube da Esquina” (1972). Convidou então o cantor, compositor e também pianista Zé Manoel. “O show traz essa delicadeza, que se relaciona diretamente com a voz de Milton e o Zé Manoel tem uma voz muito sensível”, destaca.


O músico conta que a equalização do piano fica toda em sua mão, “criando uma 'cama' para que Zé Manoel possa 'deitar' dentro do piano”. “É uma engenharia que, às vezes, parece ser muito simples, mas que traz a complexidade do domínio e da técnica para que o instrumento não se sobressaia e sim abrace essa voz e faça esse show acontecer de uma forma que emocione nossos corações”, completa.

 


Amaro relembra que sua história com o disco mineiro é anterior ao projeto do Sesc. Em 2020, o pianista foi convidado por Milton Nascimento e pelo rapper Criolo para gravar “Cais” (Milton e Ronaldo Bastos) e “Não existe amor em SP” (Criolo).


Na casa dos criadores

 

“Por incrível que pareça essa proximidade com Minas foi chegando à minha vida através dessas oportunidades. Foi muito mais um acontecimento do que uma coisa pensada. Acabei conhecendo o Milton, fui na casa dele algumas vezes e pude gravar com ele. Foi um momento maravilhoso. Um presente que ganhei para minha vida”, diz Amaro.


Desde então, o pianista homenageou Bituca em outros trabalhos. Fez a música “Nascimento”, no álbum “Sankofa” (2021) – seu terceiro trabalho de estúdio –, depois de “Sangue negro” (2016), que o nomeou promessa do jazz brasileiro, e “Rasif (2018).


A partir do trabalho com Milton Nascimento, veio a projeção internacional. Ele viajou toda a Europa e abriu caminho para “Y’Y” (2024, pronuncia-se IêIê), seu mais recente álbum. De volta ao Brasil, retoma as apresentações de “Clube da Esquina”, iniciadas em setembro de 2022.

 


Depois de um ano e oito meses, Amaro apresenta o show pela primeira vez em Belo Horizonte. “Sinto uma responsabilidade maior, porque estou tocando na casa dos criadores. O bom é que o show já viveu muita coisa, sua dinâmica vem ficando cada vez mais apurada. Não existiria momento melhor de tocar em Minas do que agora, porque está maravilhoso, vamos chegar íntimos e seguros com o repertório.”


“AMARO FREITAS E ZÉ MANOEL – CLUBE DA ESQUINA”
Nesta sexta (10/5), às 19h30, no Centro Cultural Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60 – Santa Efigênia). Ingressos: R$ 100 (inteira), à venda pelo Sympla. Informações: (31) 3241-7181.


* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro

 

 

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