O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), assinou na tarde desta sexta-feira (10/5), no Cine Santa Tereza, o decreto que instituiu o BH nas Telas – Programa de Desenvolvimento do Audiovisual. A criação dos mecanismos de política pública é fruto de um processo iniciado em 2018 na Secretaria Municipal de Cultura.

 




O programa foi dividido em seis eixos: Memória e preservação, Difusão, Formação e capacitação, Fomento e investimento, Atração e facilitação de filmagens e Análise e divulgação de dados a informações. Também ontem foi criado o comitê gestor do BH nas Telas.

 

Ainda na sexta foram lançados o Observatório da Cultura e o Observatório do Audiovisual, plataformas integradas ao Sistema Municipal de Informações e Indicadores Culturais que dão acesso a dados, análises, programas, projetos, editais etc, tanto sobre a produção cultural em Belo Horizonte quanto especificamente sobre o audiovisual.

 

As iniciativas, realizadas em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), já estão no ar (podem ser acessadas pelo site prefeitura.pbh.gov.br).

 

Sala lotada

A assinatura do decreto lotou a sala de cinema em Santa Tereza, com forte presença de profissionais do meio. Acompanhando Noman, estavam a secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, seu adjunto, Gabriel Portela, o ex-ministro e ex-secretário Municipal de Cultura Juca Ferreira e o diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Paulo Alcoforado.

 

Noman falou do programa – "ele tem três pontos relevantes: informa, forma e facilita" – e da intenção de fazer do audiovisual um dos carros-chefes do setor de eventos em Belo Horizonte.

 

Errando um pouco as datas, já que o carnaval na capital renasceu há pouco mais de uma década, o prefeito falou: "Quatro, cinco, seis anos atrás, o carnaval de Belo Horizonte não existia. Neste ano, foi um dos melhores do Brasil, foi considerado o mais seguro, trouxemos para a economia mais de R$ 1 bilhão. Agora nós vamos entrar no cinema com a definição de uma política específica."

 

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A secretária Eliane Parreiras explicou a importância do decreto. "Ele institucionaliza, tornando essa política pública perceptível para a sociedade. E tudo foi feito com a participação da sociedade civil."

 

A institucionalização viabiliza as políticas de longo prazo. "Se a gente tem as ações muito vinculadas com uma gestão específica, isso morre muito facilmente numa mudança (de administração). O nosso trabalho é para consolidar e estruturar a política de um jeito que isto fique cada vez mais difícil de ser desconstruído. Ele pode ser adaptado, reorganizado, mas o programa, como política setorial, fica preservado", explicou a secretária.


Fora do eixo Rio-SP

O decreto é resultado de um processo iniciado na SMC há seis anos. Coordenador desta iniciativa, Gabriel Portela, secretário Municipal Adjunto de Cultura, apresentou alguns números relevantes sobre o audiovisual na capital mineira. Desde a criação da Belo Horizonte Film Comission, há dois anos, houve quase R$ 30 milhões investidos na cidade em decorrência da produção audiovisual.

 

"A Film Comission desburocratizou o processo de filmagem. Hoje temos prazos estabelecidos que são muito curtos. Com isto, você torna a cidade mais fácil para filmar. Atualmente, 12% das produtoras que filmam em Belo Horizonte são de fora. Temos notado ainda que cada vez mais produtoras do Rio e de São Paulo, que estão saturados, têm buscado Belo Horizonte por conta da Film Comission."

 

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Um próximo passo seria a criação de um mecanismo com incentivos (recursos) para atrair produções de fora. De acordo com Portela, atualmente isto só ocorre em Rio e São Paulo. "Queremos avançar nesta praia, pois daí poderíamos entrar nessa disputa de atração de filmagem para cá."


Fiúza homenageado


O evento ainda teve uma forte conotação emocional. Foi anunciada a criação da Sala Guilherme Fiúza no espaço dedicado a aulas e palestras do Cine Santa Tereza. O diretor e produtor morto há uma semana (4/5), aos 55 anos, vítima de infarto, foi aplaudido de pé durante o evento.


BDMG Cultural

Após audiência pública realizada nesta semana na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para debater o fechamento do BDMG Cultural, quatro parlamentares – os deputados Lohanna (PV), que presidiu a mesa, Macaé Evaristo (PT), Dr. Jean (PT) e Bella Gonçalves do (PSOL) – fizeram alguns requerimentos.

 

Entre eles um pedido para que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apure a validade dos atos que determinaram que a gestão do braço cultural do Banco BDMG passe a Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop). Também foi pedido que o diretor-presidente do banco, Gabriel Viégas Neto, preste esclarecimentos sobre os motivos que levaram à dissolução da instituição.

 

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