Destaque na cena musical independente de Belo Horizonte, a produtora Fernando Azevedo morreu na noite da última quinta-feira (16/5), aos 47 anos.

 

De acordo com fontes próximas à família, Fernanda Azevedo teria sido vítima de um mal súbito enquanto se preparava para uma viagem a São Paulo neste fim de semana. A produtora deixaria a capital mineira para o aniversário do sobrinho nesta sexta (17/5) e para o show da Pavement, sua banda preferida, no domingo (19/5).

 

O corpo foi encontrado no banheiro, após o motorista de táxi que estava programado para levá-la ao aeroporto de Confins notar sua ausência. Mais exames serão feitos para determinar a causa da morte.

 

Pioneirismo 

 

"A Fernanda, desde os anos 90 até hoje, nunca parou. Ela colaborou com toda a cena alternativa de Belo Horizonte, fora os festivais e leis de incentivo que entrou. Na Obra, ela atuou como produtora, mas influenciou toda a cadeia de atividades. Era dona de uma competência enorme", diz Marcelo Crocco, sócio d'A Obra, casa noturna de BH.

 

Fernanda foi colaboradora d'A Obra desde sua inauguração, em 1997. Ainda nos anos 1990, trabalhou na Motor Music, produtora mineira responsável por difundir a música alternativa em BH.

 

Durante seus seis anos de atividade, a Motor Music trouxe artistas internacionais à cidade, como Mudhoney,  Yo La Tengo, Jon Spencer Blues, Asian Dub Foundation e Jon Carter, além de abrir espaço para novos artistas e bandas nacionais da época.

 

"Várias bandas da cena independente que tocaram nos anos 90 e 2000 em BH, foi a Fernanda quem trouxe. Naquela época, era ela a única produtora mulher que fazia esse tipo de trabalho na cidade", conta Ivan Bregalda, administrador d'A Obra e amigo de Fernanda Azevedo.

 



 

"Ela sempre foi à frente do seu tempo, principalmente nos quesitos de inclusão. Fernanda é uma referência para todos que trabalham com a cultura alternativa em Belo Horizonte. No último ano, ela passou a trabalhar efetivamente na produção da Obra, e foi responsável por levantar a casa depois da pandemia", relata Crocco.

 

Memória celebrada  

 

Nas redes sociais das casas Matriz, A Obra e A Autêntica, Fernanda foi relembrada pelos seus trabalhos, pela sua paixão "pela música e pela arte" e por sua "simpatia e gentileza". Na tarde desta sexta-feira, amigos da produtora Fernanda Azevedo estão reunidos, desde às 17h, na porta d'A Obra (Rua Rio Grande do Norte, 1.168 – Savassi) em sua homenagem.

 

Segundo Bregalda, Fernanda Azevedo dizia que não queria um velório tradicional, por isso a casa noturna optou por organizar uma confraternização em sua memória. Ainda de acordo com ele, o corpo será cremado, seguindo as vontades que a produtora expressou em vida. 

 

 * Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro

compartilhe