Este ano traz dois importantes marcos para o violonista e compositor mineiro Juarez Moreira: sete décadas de vida, que completou em fevereiro, e cinco de carreira. Para iniciar as celebrações, ele se apresenta, neste sábado (18/5), na Praça Floriano Peixoto, na condição de primeira atração da temporada 2024 da série BH Instrumental.

 


O show de abertura será do contrabaixista Kiko Mitre, que desfila o repertório de seu primeiro álbum autoral, “Andaluzia”, a partir das 19h.

 



 


Para fazer jus às efemérides, Juá, como é conhecido pelos amigos, preparou uma apresentação especial, em que reúne uma turma de grandes músicos parceiros para revisitar sucessos da carreira, mostrar o que vem produzindo atualmente e prestar tributo a outros compositores que são referência para seu trabalho, de Gershwin a Pixinguinha.

 


Intitulado “#JUÁ70”, o show vai contar com as participações de Toninho Horta, Wagner Tiso, Nivaldo Ornelas, Egberto Gismonti, Mauro Rodrigues, Chico Amaral, Cléber Alves, Alexandre Gismonti, Kiko Mitre, Lincoln Cheib, André “Limão” Queiroz e de seu irmão, o também violonista Celso Moreira. Será, segundo o anfitrião, uma grande festa de música e encontros, “para celebrar e ficar na memória”.

 


“Excelentes músicos”

 

Juá diz que a seleção do repertório foi orientada pela presença dos convidados. “Como disponho de uma oferta grande de excelentes músicos, formulei o roteiro em função dessas participações. Com Wagner Tiso, vamos fazer uma música dele, 'Cafezais sem fim', que tocamos juntos em 1978, e também 'Cine Pathé', minha com Murilo Antunes, de que ele gosta muito”, exemplifica.

 


Ele adianta que Chico Amaral, Cléber Alves e Mauro Rodrigues comparecem na execução de músicas de sua autoria e, portanto, estarão por mais tempo no palco, se revezando em diferentes formações, assim como seu irmão, que será uma presença mais constante. Egberto Gismonti faz uma participação mais pontual, em “Ano zero”, de sua própria lavra.

 


“Com Toninho Horta já gravei disco junto, temos muita intimidade, então tem várias coisas para tocar, o que abre possibilidades no repertório. Lincoln Cheib e Limão começaram a carreira se apresentando comigo. É uma parceria de muitos anos, então perguntei para eles o que queriam tocar – e quem queria tocar o quê, para não ter conflito”, diz, sobre os dois bateristas que estão entre os mais requisitados da cena local.

 

Palco de afetos

 

Juá destaca que toda a concepção do espetáculo é baseada nas relações de amizade. “Tem muitas outras pessoas que poderiam estar ali, mas, de qualquer forma, é tudo pensado na base da afetividade”, diz.

 


Ele chama a atenção para a disponibilidade e adesão imediata por parte dos convidados à proposta. “Estão todos muito animados. Egberto está vindo do Rio de Janeiro especialmente para esse show. Nivaldo, além de grande amigo, foi meu professor. Mauro tocou comigo no Vera Cruz (grupo que marcou a música instrumental mineira nos anos 1980). Kiko Mitre me acompanha há mais de 20 anos. Com Celso, nem se fala, é muita coisa. Todos eles são importantes demais na minha trajetória.”

 

 

 


Outro trunfo desse escrete, composto, em sua maioria, por veteranos, é a junção da experiência com a energia que eles seguem imprimindo em seus trabalhos. “O mais legal é isso, estão todos em plena forma, musicalmente muito jovens. É um luxo compartilhar essa celebração com eles, porque, no fundo, é um grande congraçamento em torno do amor pela música”, afirma.

 


Ao olhar pelo retrovisor, Juá vê uma trajetória construída com base naquilo em que acredita. “Eu fazia Engenharia Civil e abracei a música muito cedo. Não esperava nada de material, só fazer música já me colocava em paz. A partir desse raciocínio, penso que eu poderia ter ido além, mas, por outro lado, fiz com meu trabalho mais do que achava que poderia. Digo isso considerando uma dificuldade histórica do mercado em relação à música instrumental. Já me disseram para fazer discos de canções, mas eu e muitos da minha geração apostamos nessa linguagem.”

 

 


O artista considera que esse é um segmento muito rico da música brasileira e percebe que hoje há um interesse mais disseminado entre os jovens pela música instrumental. “Para um artista de 70 anos que já enfrentou tantas dificuldades, isso dá um grande alento. Cada época tem seus próprios códigos, não dá para comparar uma geração com a outra, mas sinto que o sistema incorpora essa vertente com mais facilidade hoje do que há algum tempo atrás”, observa.

 


No bojo das comemorações, Juá retoma este ano o espetáculo “Dedicatória”, que estreou em 2018, mas teve sua circulação abortada a partir da chegada da pandemia. Ele também pretende lançar, nos próximos meses, o álbum “Andorinha”, o segundo de sua carreira dedicado à obra de Tom Jobim. O trabalho vai ensejar uma série de shows no segundo semestre. Entre outubro e novembro, ele parte para uma circulação de 20 dias por cidades europeias.

 


BH INSTRUMENTAL


Juarez Moreira no show comemorativo “#JUÁ70”; abertura de Kiko Mitre, com o show “Andaluzia”, neste sábado (18/5), a partir de 19h, na Praça Floriano Peixoto, Santa Efigênia. Acesso gratuito.

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