O Prêmio BDMG Instrumental chega à 23ª edição neste fim de semana, no Teatro Sesiminas, com o futuro incerto. A própria continuidade da instituição que criou a premiação em 2001 está em xeque. Este poderá ser o último ano de realização de um prêmio que se tornou referência nacional e trouxe luz para a carreira de uma série de compositores e instrumentistas. Em cerca de 20 anos, foram mais de 100 musicistas premiados.

 


Desde o dia 24 de abril, quando os 13 funcionários do BDMG Cultural, vinculado ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), receberam o comunicado do Conselho de Administração anunciando a “transição para promover a dissolução” da instituição até o fim de 2024, o cenário é de perguntas sem respostas.

 



 


No primeiro capítulo do imbróglio, o BDMG ofereceu ao governo de Minas, via Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG), a gestão de seu braço cultural. Ficou acordado que ela seria feita pela Fundação de Artes de Ouro Preto (Faop).


Protesto de artistas

 

Em 25 de abril, Jefferson da Fonseca, presidente da Faop, confirmou que assumiria a instituição. Disse ao Estado de Minas que o BDMG Cultural não seria dissolvido. Neste mesmo dia, durante a abertura da primeira exposição de 2024 no espaço (“Todas as coisas são infinitas coisas”, de Iago Marques), artistas e produtores culturais promoveram um protesto.

 


O segundo capítulo teve início em 3 de maio, quando Fonseca foi empossado presidente do BDMG Cultural. Uma semana mais tarde, no dia 9, ele, artistas e produtores participaram de audiência pública convocada pela Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa. Questionado por parlamentares, entre elas a deputada Lohanna (PV), Fonseca não soube responder o porquê da dissolução da instituição.

 


Na semana passada, teve início o terceiro capítulo. No dia 15, funcionários do BDMG Cultural receberam novo comunicado do Conselho de Administração, dando conta da renúncia de Fonseca e informando que a diretora financeira, Larissa D’Arc, responderia interinamente pela presidência “até a nomeação de novo diretor presidente”.

 


Desde então, silêncio total. Aos funcionários só foi informado que deveriam seguir com a realização do prêmio, viabilizado por renúncia fiscal, com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

 

Jogo de empurra

 

A reportagem procurou Faop, Secult e BDMG. Como resposta, um jogo de empurra. A primeira afirmou que a questão seria do governo de Minas; a segunda que o tema deve ser tratado com o BDMG. O banco nada esclareceu, apenas citou a renúncia de Fonseca e a interinidade de Larissa D’Arc.

 


Com este capítulo em aberto, a premiação será realizada de hoje a domingo. A programação será seguida à risca. Não há manifestação programada, mas, diante do cenário, é de se esperar alguma ação.

 

 


Não custa lembrar: em 14 de dezembro de 2023, para um Palácio das Artes lotado que celebrava os
35 anos do BDMG Cultural, ocorreu uma situação inusitada. O governador Romeu Zema (Novo) foi vaiado por mais de um minuto, tempo exato do vídeo que enviou para ser projetado no local parabenizando a instituição (a imagem da vaia, captada pelo EM, viralizou).

 

Quatro premiados

 

Treze finalistas (entre eles um duo) concorrem ao BDMG Instrumental 2024, que vai premiar quatro músicos. Os vencedores receberão
R$ 15 mil cada e a produção de dois shows: um em Belo Horizonte e outro em São Paulo, este por meio de parceria com o projeto Instrumental Sesc Brasil. Todos os participantes são mineiros ou residentes no estado.

 


Haverá seis apresentações hoje e seis amanhã. Os candidatos executarão dois temas autorais inéditos e arranjo para música de outro autor (há prêmios ainda para arranjos e instrumentistas). Os nomes dos finalistas saem na noite de sábado. Domingo, os seis escolhidos voltam a se apresentar.

 


A comissão julgadora é formada por Léa Freire, compositora, arranjadora, flautista e pianista; Gaia Wilmer, saxofonista, compositora, arranjadora e produtora musical; Marco Pereira, compositor, arranjador e violonista; jornalistas Daniel Barbosa, do EM, e Paulo Henrique Silva; e por Johnny Abila e Juliana Figueiredo, programadores do Sesc São Paulo.

 

 


PROGRAMAÇÃO

 

 SEXTA (24/5)

•Wallace Gomes (violão)
•Felipe Rossi (clarinete e clarone)
•Delson Guimarães (guitarra)
•Marcos Ruffato (violão)
•Raïssa Anastásia (flauta transversal)
•Ítalo Fernando (piano e teclado)

 


 SÁBADO (25/5)

•Arthur Rezende (bateria)
•Rafael Pimenta (violão)
•Guilherme Pimenta (violino)
•Pablo Araújo e Bill Davison (violão e flauta)
•Marcelo Fonseca (violino)
•Pablo Malta (bandolim)

 


 DOMINGO (26/5)

•Apresentação dos seis finalistas
•Entrega dos prêmios Marco Antônio Araújo e Flávio Henrique
•Pocket show de Marcio Guelber
•Premiação final

 


PRÊMIO BDMG INSTRUMENTAL


Nesta sexta (24/5), a partir das 20h; sábado (25/5), a partir das 19h; e domingo (26/5), a partir das 18h. Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia). Entrada franca.

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