O artista francês nascido Philippe Robert Pagès contou ao Estado de Minas por que adotou o nome artístico Richard Clayderman -  (crédito:  James McMillan/Divulgação)

O artista francês nascido Philippe Robert Pagès contou ao Estado de Minas por que adotou o nome artístico Richard Clayderman

crédito:  James McMillan/Divulgação

Philippe Robert Pagès é um pianista francês que já tocou no mundo inteiro e vendeu discos também em escala planetária. Nunca ouviu falar? Não é o único, pois, afora os parentes próximos, ninguém, há quase 50 anos, o chama de Philippe. Quem conta essa história é o próprio, na verdade, Richard Clayderman, que está de volta ao Brasil menos de dois anos após sua mais recente passagem pelo país.

 
Desta vez serão quatro apresentações, em dias consecutivos, a partir desta quinta (6/6), em São Paulo. Toca também em Curitiba e no Rio de Janeiro, antes de encerrar, em Belo Horizonte, no próximo domingo (9/6), no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, a temporada em que celebra 70 anos de vida e 45 de sucesso.

 

 

Philippe Robert saiu do mapa dando lugar a Richard Clayderman a partir de 1977, quando foi lançada “Ballade pour Adeline”. A música romântica, quer queira, quer não, já passou pela vida de qualquer pessoa, ao menos uma vez, no rádio, na TV, no elevador, na espera telefônica. Bastam duas notas e o reconhecimento é imediato.

 

Voltando a seu nome artístico, ele explica: “Quando conheci meus produtores (Paul de Senneville, o autor de “Adeline”, e Olivier Toussaint), eles não gostaram nada do meu nome. Me perguntaram se eu não tinha outro sobrenome na família. E havia o Clayderman, que era de meu tataravô. Aí ficou Philippe Clayderman, mas continuaram não gostando. Sugeriram Richard, que é lindo, e eu aceitei”.

 

Simples e tocante

 

Foi nesta época também que Senneville lhe mostrou “Ballade pour Adeline”. “Achei a melodia muito simples e bonita. Ele me pediu para transcrever para o piano e tentar tocar com muita emoção. Foi assim que a peça foi criada. Devo dizer que ela está longe de ser difícil ou complicada, mas acabou tocando o coração das pessoas de todo o mundo”, afirma.

 


E não houve, desde o lançamento da música, uma só apresentação em que Clayderman não a tenha executado. Ele afirma que não se cansa de tocá-la – segundo a produção do artista, ele já apresentou “Adeline” cerca de 9 mil vezes. No repertório da turnê, em que vai estar acompanhado de um grupo de cordas, vai tocar seus maiores sucessos.

 

Sempre eclético, ao longo da carreira gravou tanto música clássica quanto popular. Regravou, ao piano, pérolas do pop como “How deep is your love” (Bee Gees), “I just call to say I love you” (Stevie Wonder), “Hallelujah’ (Leonard Cohen).

 

“Príncipe do romance”, título que ganhou da ex-primeira dama Nancy Reagan, também transpôs para o piano temas de filmes – sua gravação para “Love story”, que deu a Francis Lai o Oscar de melhor trilha sonora de 1971, é uma de suas campeãs no Spotify. Mesmo com a passagem dos anos, pouca coisa mudou. Até o corte de cabelo é o mesmo do início – só que agora está grisalho.

 


Já gravou Milton Nascimento, Roberto Carlos e Renato Teixeira. Vem ao Brasil desde 1981 – no país, vendeu 6 milhões de álbuns. “Além de ter grandes músicos, é um país em que o público também tem muita sensibilidade”, continua. Desta vez, dado o aspecto comemorativo da turnê, não vai incluir um set de canções brasileiras.

 

Ainda que tenha nascido em Paris e sempre vivido na capital francesa, Clayderman é hoje muito mais popular bem longe dali. Há 25 anos faz turnês na China. Na virada de 2023 e 2024, passou dois meses naquele país, onde realizou 54 apresentações.

 

“Chegar à China e tocar lá regularmente foi um novo desafio para mim, pois me permitiu tocar em grandes salas”, conta ele, que chegou a ter plateias de cerca de 20 mil pessoas de uma só vez. “O reconhecimento é grande, o público ama a minha música. E muitas crianças passaram a tocar piano. Atualmente, têm aparecido grandes pianistas na China”, ele comenta.

 


A pandemia foi um período “terrível” para Clayderman, que se viu obrigado, pela primeira vez em décadas, a ficar sem fazer apresentações. Com uma média de 150 concertos anuais – “de vez em quando chego a 200” – ele tem passado a maior parte da vida na estrada. Diz que não se cansa da rotina de teatro, hotel, aeroporto. “É nas viagens que tenho a oportunidade de encontrar as pessoas. Elas me fazem feliz”, afirma. 

 

Números gigantes

 

Os números da carreira de Richard Clayderman são exponenciais em todos os sentidos. Ele gravou cerca de 1,4 mil músicas e vendeu, em quase 50 anos de atividade, 90 milhões de álbuns.

 

Somente à América do Sul já viajou 70 vezes. Tocou em 4,5 mil pianos diferentes e assinou 70 mil autógrafos. Na China, onde se concentra seu maior público, fez quase 500 apresentações, totalizando 2 milhões de espectadores.

 

RICHARD CLAYDERMAN
Apresentação no próximo domingo (9/6), às 20h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Ingressos: Plateia 2: R$ 440 e R$ 220 (meia); Plateia superior: R$ 350 e R$ 175 (meia). Plateia 1: esgotada. À venda na bilheteria e no site Eventim.