Nascido em Recife, Lula Queiroga se mudou para o Rio de Janeiro nos anos 1980 e depois voltou à terra natal -  (crédito: Sidarta/Divulgação)

Nascido em Recife, Lula Queiroga se mudou para o Rio de Janeiro nos anos 1980 e depois voltou à terra natal

crédito: Sidarta/Divulgação

Homenagear o Rio Cabiparibe, que banha Recife, sua cidade natal, é o objetivo do cantor, compositor, poeta, cineasta, letrista, escritor e publicitário Lula Queiroga com o álbum “Capibaribum”, já disponível nas plataformas digitais.


O disco traz 10 faixas autorais, sendo nove inéditas. A exceção fica por conta de “A ponte”, parceria dele com o conterrâneo Lenine. Como convidados participam Chico César, Bruna Alimonda, Zé Renato, Martins, Ylana Queiroga e a dupla Caju e Castanha.

 


A inspiração para o trabalho, segundo o artista pernambucano, veio de uma expedição que sobrevoou os 240 quilômetros do Capibaribe. “É meu sexto disco solo e apresenta ritmos como forró, xote, maracatu, frevo e eletrônico. Tudo isso conduzindo a uma viagem que começa no interior, na nascente do Rio e termina em sua foz, em Recife, passando pela serra, por comunidades ribeirinhas e cruzando várias pontes”, diz Queiroga.

 


Nos anos 1980, o artista se mudou para o Rio, onde criou o projeto multimídia Falange Canibal e trabalhou como redator dos programas de Chico Anysio e Renato Aragão. Ele conta que, depois de voltar para Recife, abriu com a esposa Daniela, a Luni Produções.


“A produtora nos encheu de trabalho audiovisual. Era trabalho demais, porque juntava todos os tipos de possibilidade audiovisual. Por um tempo, chegamos a ser a maior produtora do Nordeste. Só que isso cansa, por mais que fizesse jingles e trilhas. Foi um trabalho incessante, não tinha finais de semana. Nossos filhos foram crescendo indo nos ver na produtora que ficava perto da nossa casa. Teve um momento em que disse: não quero isso.”


Estúdio próprio

 

Em paralelo à produtora, Queiroga montou um estúdio. “Até porque tinha um trauma daquela hora de estúdio, daquela ditadura do tempo. Estava com um acumulado de canções represadas, ideias e histórias que pretendia colocar em prática”, diz.


Músico de “lançamentos bissextos”, conforme ele diz, lançou seu primeiro álbum, “Aboiando a vaca mecânica”, em 2001. Esse trabalho e os seguintes, “tinham músicas sobre tudo, cada um com um tema, às vezes, aparentemente surreal”, comenta.


Com “Capibaribum” foi diferente. “Pela primeira vez resolvi fazer um disco que dissesse respeito à minha geolocalização, ou seja, Recife”, diz. “Moro a 200 metros do Capibaribe. Então resolvi fazer algo sobre essa coisa mágica do próprio rio, remontando uma história em minha cabeça. Foi um sobrevoo que fiz de helicóptero para fazer depois uma exposição em Paris, isso há alguns anos. Aquilo criou uma magia em mim com o rio e com todas as sutilezas que ele tem.”

 


Ele explica como o título do disco reflete o projeto. “Para que isso viesse como um carimbo mesmo, o ‘Capibaribum’. O bum é o mergulho e o capibari é o rio. Então, é o mergulho no Capibaribe. Não queria falar dele como um curso d’água poluído pelos humanos ou dos problemas pelos quais ele passa pela ação humana.”


Sua intenção, conforme aponta, foi “falar algo mais do rio ancestral, da grandeza que ele traz, deixando claro que quem quiser que aproveite essa generosidade desse grande rio”. O projeto foi feito em parceria com seu sobrinho Yuri Queiroga.


Participação de Krenak

 

“O disco abre com o líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras Ailton Krenak cantando o início da faixa que traz a participação de Chico César. Minha música nunca é linear, não tem uma levada que se reproduza sempre. De repente, entra alguma coisa que já traz um novo ritmo, uma nova levada, um beat para aquela mesma história. Não faço música para tentar agradar a quem não conheço, porém tenho que partir de algum lugar. Se alguém gostar depois, é uma maravilha”, comenta.


Sobre os convidados em participações especiais, ele conta que chamou o amigo Zé Renato para a faixa "Passagem secreta”. “Tem também a participação de Ylana que é minha sobrinha, irmã de Yuri, além do cantor e compositor Martins e Juliano Holanda. Aliás, foram mais de 50 pessoas que participaram deste disco. A última faixa, ‘Forró do nevoeiro’ traz a participação da dupla Caju e Castanha que conheço há muito tempo. Lembro-me que, certa vez, minha mãe os viu tocando em uma praça, ainda crianças, batendo em uma lata de doce. Ela os levou para almoçar lá em casa e assim nos tornamos amigos.”


“CAPIRABIBUM”
• Disco de Lula Queiroga
• Tratore (10 faixas)
• Disponível nas plataformas digitais


FAIXA A FAIXA

“Capibaribum” (Lula Queiroga e Yuri Queiroga). Participação de Chico César
“A ponte” (Lula Queiroga e Lenine). Participação de Marcelo Falcão
“Cerca viva” (Lula Queiroga e Yuri Queiroga). Participação de Bruna Alimonda
“Ela e o tempo” (Lula Queiroga e Yuri Queiroga)
“Passagem secreta” (Lula Queiroga). Participação de Zé Renato
“A curva da luz” (Lula Queiroga e Yuri Queiroga)
“Sobreviventes” (Lula Queiroga). Participação de Martins
“Hora do pesadelo” (Lucky Luciano,Yuri Queiroga e Lula Queiroga)
“Piaba de ouro” (Lula Queiroga e Erasto Vasconcelos). Participação de Ylana Queiroga
“Forró do nevoeiro” (Lula Queiroga). Participação de Caju e Castanha