Izabella Coelho e Ambuá  coletaram material no bioma de BH para criar "Teimosia vegetal" -  (crédito: Dynelle Coelho/Divulgação)

Izabella Coelho e Ambuá coletaram material no bioma de BH para criar "Teimosia vegetal"

crédito: Dynelle Coelho/Divulgação

 

 

Acerolas, amoras, sabugos de milho, maracujás, mongubas, goiabas e pau-doces espalhados ao longo da galeria do BDMG Cultural servem para alertar o visitante de que nosso alimento natural se perdeu com o processo de urbanização das cidades.

 


Em contrapartida, os pedaços de tijolo, arame e aço sugerem que a cidade, com todo o seu concreto, é resultado da exploração massiva dos recursos naturais.

 

 


Todos esses materiais, contudo, ostentam certa teimosia e continuam proliferando em ambiente hostil à sua existência. É isso que “Teimosia vegetal”, exposição de Izabella Coelho e Ambuá, quer mostrar.

 


A dupla parte da ideia da teimosia para convidar os visitantes a serem obstinados em agir na contramão da devastação em nome de um progresso vazio, em firme defesa da natureza.

 


Com abertura nesta quinta-feira (13/6), a mostra reúne cerca de 20 obras – trabalhos individuais e coletivos de Izabella e Ambuá –, cujos materiais foram coletados pela dupla no bioma da capital mineira.

 


“Temos obras feitas com galhos de árvores que foram derrubadas pelo poder público na (Praça) Raul Soares, por motivos de gentrificação, e na Pampulha”, conta Izabella, lembrando a decisão da Prefeitura de Belo Horizonte de cortar 63 árvores para a realização da Stock Car, em agosto deste ano.

 


“A gente traz tanto os galhos de árvores que foram derrubadas quanto alimentos e todos os outros resíduos da cidade como denúncia. A denúncia do modelo de desenvolvimento e urbanização que a gente vive. É uma busca por outros modos possíveis de existência na cidade”, acrescenta a artista.

 

Rios soterrados

 


A possibilidade de coexistência harmoniosa entre cidade e natureza (da qual o ser humano faz parte) é impossível, segundo Ambuá. “Se pegarmos a história de Belo Horizonte, vemos que é uma história de destruição da paisagem que existia aqui. Tivemos o soterramento dos rios, por exemplo”, observa.

 


“Não vejo possibilidade de convivência harmônica, mas vejo um caminho reverso ao caminho civilizatório desta dominação exploradora. Isso significa que nós precisamos rever a ideia de plantio, na cidade, como enfeite”, conclui Ambuá.

 

Leia também: Projeto da artista plástica Isabela Prado resgata a memória de rios soterrados em BH

 


Performance “Digestão”

 

Neste sábado (15/6), das 14h às 18h, Izabella e Ambuá apresentam a performance “Digestão", processo colaborativo aberto ao público. Visitantes serão convidados a debulhar, costurar, cozinhar e comer um cordão de milhos, “criado a partir do fio que passa de mão em mão e da reflexão fisiológica”, como define a dupla.

 

A atividade é gratuita, dispensando inscrições ou agendamento prévio.

 


“TEIMOSIA VEGETAL”


Exposição de Izabella Coelho e Ambuá. Até 28 de julho, na Galeria de Arte BDMG Cultural (Rua Bernardo Guimarães, 1.600 – Lourdes). De sexta a quarta-feira, das 10h às 18h; quintas-feiras, das 10h às 21h. Entrada franca.