Série disponível na Netflix utiliza material de arquivo sobre o Terceiro Reich e reconstituição de episódios históricos encenadas por atores -  (crédito: NETFLIX/DIVULGAÇÃO)

Série disponível na Netflix utiliza material de arquivo sobre o Terceiro Reich e reconstituição de episódios históricos encenadas por atores

crédito: NETFLIX/DIVULGAÇÃO

 

Joe Berlinger é um conhecido documentarista norte-americano. Foi indicado ao Oscar em 2012 por “Paraíso perdido 3: Purgatório”, no qual reviu o caso de três jovens que estavam (injustamente) no corredor da morte pelo assassinato de crianças no Arkansas nos anos 1990.

 


É referência no chamado true crime e lança com bastante frequência (e com resultados desiguais) documentários do gênero. Na Netflix, está por trás das séries “Conversando com um serial killer” e “Cena do crime”.

 


Desta maneira, faz sentido que Berlinger assine “Hitler e o nazismo: Começo, meio e fim”, chegada há pouco à Netflix e entre os títulos mais assistidos da plataforma. O que diferencia a série de outras centenas de produções em torno do líder nazista, da Segunda Guerra e do Holocausto é justamente o tratamento. Ela foi criada para o público jovem para mostrar que as atrocidades do Terceiro Reich não podem se perder no tempo – e que pessoas comuns podem realizar coisas horríveis.

 


Cronologia

O subtítulo que a produção ganhou no Brasil é literal. Os seis episódios contam cronologicamente a trajetória de Adolf Hitler (1889-1945), da infância até o suicídio, em 30 de abril de 1945. O formato alia entrevistas com acadêmicos, imagens de arquivo e recriações, ou seja, o convencional em produções do gênero.


Mas a recriação tem nuances espetaculares, com atores iterpretando momentos-chave da ascensão do nazismo e da eclosão da guerra. É muito detalhe e acabamento técnico de primeira.


A série traz, além das grandes imagens públicas de Hitler, um foco em sua obscura vida pessoal. Mostra sua infância e juventude errática, como também seus relacionamentos mais próximos. Para a construção de sua imagem como líder, ele se apresentou com um homem celibatário, cujo “casamento” era com a Alemanha.

 


Muito antes de Eva Braun, era, no entanto, obcecado pela sobrinha Geli Raubal, quase duas décadas mais jovem. A recriação nos mostra como ela, oprimida pelo tio (havia rumores de que eles eram um casal), se suicidou com um tiro em 1931.

 


A produção é norte-americana, então quem conduz a narrativa é o jornalista William L. Shirer (1904-1993), um dos poucos correspondentes dos EUA que cobriram a Alemanha no período da ascensão nazista até os primeiros momentos da guerra (ele é o autor de “Ascensão e queda do Terceiro Reich”).

 


Por meio da Inteligência Artificial, a voz de Shirer foi recriada. Ele “atua” tanto como narrador quanto em cena, em que é interpretado pelo ator Balázs Kató. Todos os atores, vale dizer, não falam; as vozes que ouvimos são de gravações dos personagens reais.

 


Shirer é o condutor e o Julgamento de Nuremberg (de novembro de 1945 a outubro de 1946) o ponto central. Cada episódio vai e volta ao Tribunal Militar Internacional, criado pelos Aliados, e que julgou 24 membros da elite nazista.

 


Foi ali, pela primeira vez, que vieram a público detalhes da Solução Final, o nome dado ao plano nazista para o genocídio da população judaica de todos os territórios ocupados pela Alemanha. A série utiliza tanto recriações quanto imagens reais.

 


Mas a força vem, principalmente, do áudio, pois as gravações, com milhares de horas, só foram recuperadas há poucos anos (lançado em 2022, o documentário “Nuremberg – As fitas perdidas”, do National Geographic, disponível no Star+, foi o primeiro a dar luz a todo este material).


“HITLER E O NAZISMO: COMEÇO, MEIO E FIM”
• A minissérie, em seis episódios, está disponívelna Netflix