Opus Mortis, Robert Aender, Guilherme Alvarenga, André Damien e SJ Bernardo fazem show nesta sexta, no Mister Rock
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Opus Mortis, Robert Aender, Guilherme Alvarenga, André Damien e SJ Bernardo fazem show nesta sexta, no Mister Rock

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A ideia de um álbum conceitual foi semeada durante a pandemia de COVID-19, em 2020, inspirada em discos como “Metropolis pt. 2: scenes from a memory” (1999), da banda norte-americana de metal progressivo Dream Theater, e germinada a partir da escolha de um tema que dialogava com o livro "Ensaio sobre a cegueira" (1995), do português José Saramago (1922-2010).

 


Seguindo a cartilha de óperas-rock como “Tommy” (1969) e "The wall" (1979), respectivamente, dos ingleses The Who e Pink Floyd, mas com outra proposta, unindo corais, vocais que vão do soprano ao gutural, orquestrações e até elementos de baião à sua aura black metal (uma das vertentes mais pesadas do gênero heavy metal), a banda mineira Paradise in Flames lança seu quinto disco, a ópera-metal "Blindness", que chega às plataformas digitais nesta sexta-feira (14/6).

 


No mesmo dia, em evento que começa às 19h no Mister Rock e conta com o também mineiro Old Audrey's Funeral e o paulista Desalmado, o grupo nascido em Santa Luzia, em 2002, apresenta seu novo trabalho na íntegra.

 

 


“No nosso disco anterior, ‘Act One’ (2021), já tínhamos uma pequena história contada em duas músicas, ‘The sinner’ e ‘Delirium’. E essa experiência nos ajudou a ter uma visão do que seria escrever um álbum conceitual”, recorda o guitarrista, vocalista e líder do Paradise in Flames, André Damien. A cantora Opus Mortis, o tecladista e vocalista Guilherme Alvarenga, o baixista Robert Aender e o baterista SJ Bernardo completam o time que gravou “Blindness” e seu predecessor.


Polarização política

 

A história do novo álbum começou a ser esboçada a partir das impressões de André sobre a polarização política no Brasil e a pandemia.

 


“Estava-se misturando política e religião. E a religião prejudicava a parte da ciência. Indaguei com a banda que as pessoas estavam ficando ‘cegas’. Veio a reflexão de como seria se ninguém mais enxergasse, em um mundo em que a religião cria uma doença. Existiriam as pessoas que buscam o poder, falsos profetas que fingiriam não enxergar para dominar um rebanho, e as pessoas ‘cegas’ por seguir essas ideias causadas pelo credo”, relata Damien.

 


Sobre a questão da “cegueira”, o guitarrista estava ciente de que “José Saramago já havia escrito algo sobre isso”. “Comecei a associar o roteiro que estava criando ao livro ‘Ensaio sobre a cegueira’. A história do disco é completamente diferente, porém a parte filosófica é muito próxima, essa questão do comportamento humano e do instinto de sobrevivência, de não confiar no seu semelhante porque não se enxerga”, enfatiza.

 


A narrativa alia letra à musicalidade de cada faixa. “Por exemplo, a faixa ‘The priest’ fala de uma missa em que o padre sabe que há impostores na igreja, fala que ‘tudo é em nome de Deus’ e pede aos súditos para delatar as pessoas que vão contra a igreja. Para criar o clima, pensamos muito nos cantos gregorianos. A letra tem que passar a emoção junto com a música. E um álbum conceitual é como se fosse uma única música em um disco de 40 minutos”, comenta.

 

Baião com metal

 

Ainda sobre a simbiose das partes sonora e lírica, o líder do Paradise aponta “Black wings”, que une baião com metal, como “carro-chefe” da obra. “Essa música nasceu até um pouco antes da pandemia. A gente estava em ensaio, e o Guilherme veio com a ideia de se criar um ‘blast beat baião’”, ressalta. Blast beat ou metranca é um padrão rítmico de bateria em subgêneros do metal, como black e death metal, e que faz uso de baquetadas rápidas alternadas ou coincidentes na caixa e no chimbal ou ride.

 


“O Samuel deu a ideia de colocar instrumentos de forró, sanfona, zabumba, triângulo, chocalho, e assim criamos esse clima de baião para a música”, conta. A faixa ficou “guardada” até emergir como um dos capítulos de “Blindness”, em uma conexão com o livro “Vidas secas” (1938), de Graciliano Ramos (1892-1953). “O interessante é que o baião traz uma vibe mais feliz, alegre e dançante, mas, ao misturar com o black metal, resultou em um clima sombrio”, complementa André.

 


Outro ponto exaltado pelo guitarrista são os diferentes personagens da trama, evidenciados pelos vocais dele e dos de Guilherme e Opus Mortis, além dos do frontman do grupo mineiro Eminence, Bruno Paraguay, convidado para a canção “The cure”.

 


“É a música mais curta do disco (com pouco mais de três minutos) e tem quatro pessoas cantando ao mesmo tempo, o que resulta em um jogo de vozes”, diz o guitarrista.

 


“As camadas sinfônicas trazem identidade de teatralidade. Os vocais criam identidade aos personagens. Uma ópera possui vários personagens que dialogam entre eles, e o fato de o Guilherme, a Opus e eu cantarmos nos permite criar essa teatralidade. Começo uma frase, outra pessoa interrompe falando por cima, isso resgata a ideia de ópera. Será um grande desafio apresentar o álbum na íntegra, esperamos que o público compareça, pois será um show memorável para a história da banda”, assinala.

 


PARADISE IN FLAMES


Show de lançamento do álbum “Blindness”. Nesta sexta-feira (14/6), a partir das 19h, no Mister Rock (Avenida Tereza Cristina, 295 – Prado). Abertura: Old Audrey's Funeral e Desalmado. Ingresso + CD físico: R$ 55. Ingresso + LP preto: R$ 143. Ingresso + LP vermelho: R$ 148,50. Meia solidária: R$ 33. À venda na plataforma Sympla