Sofia (Jimena Castiglioni) espera pelo trem que não vai chegar, no filme de Cristina Maure
 -  (crédito: Vaca Amarela/divulgação)

Sofia (Jimena Castiglioni) espera pelo trem que não vai chegar, no filme de Cristina Maure

crédito: Vaca Amarela/divulgação

 


Já no início da narrativa nos remetemos ao universo do realismo fantástico de Murilo Rubião. Mas não nos enganemos: em cartaz no UNA Cine Belas Artes, “A estação” é uma história original, fruto da parceria de Cristina Maure, aqui estreando na direção de longas, com a atriz Jimena Castiglioni – além do roteiro, elas compartilham a produção.

 


A dupla e Joana Oliveira criaram a trama de Sofia (a própria Jimena), mulher que chega caminhando à Vila Clemência na esperança de pegar o trem. Ela tem uma missão nessa viagem, é o que saberemos. Só que o trem não vai aparecer, Sofia não demora a descobrir. Vê-se, a contragosto, obrigada a se hospedar na pensão que a Companhia Ferroviária Nacional oferece gratuitamente aos passageiros que aportam, desavisados, ali.

 

 

 


O lugar é comandado por Abelardo (Rodolfo Vaz), também o chefe da estação. O filme traz outros nomes conhecidos dos palcos mineiros, como o diretor Eid Ribeiro, as atrizes Magdale Alves e Docy Moreira e o músico Rafael Martini.

 

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“A gente queria falar de um não lugar que pudesse ser qualquer lugar e também de uma época que não fosse muito determinada”, justifica Cristina sobre a escolha do preto e branco para o filme (em fotografia impecável de Luciana Baseggio).

 


“O preto e branco era perfeito para criar a atmosfera de solidão dos personagens, já que o filme fala também do não controle, do acaso. E isso é a vida, pois quando a gente pensa que está tudo planejado, de uma hora para a outra as coisas mudam.”

 


Esta fala, por sinal, vai ao encontro do processo de realização do longa. “A estação” foi rodado em 2021, em pleno isolamento imposto pela pandemia. A locação foi a Estação Ferroviária de Chrockatt de Sá, subdistrito de Ouro Preto. Construída em 1897, ela está localizada entre Miguel Burnier e Lobo Leite. Também ali está o casarão centenário que serviu de cenário para a pensão, que acabou hospedando parte da equipe.

 


“Tivemos de interromper a pré-produção, porque era a época da pandemia e ninguém sabia o que aconteceria”, continua Cristina Maure.


Vacina

 

Mais tarde, após a equipe tomar uma dose da vacina, o grupo se isolou no local para as cinco semanas de filmagem. “Como o roteiro fala de confinamento, propusemos à equipe entrar no set e não sair mais. Ou seja, vivemos a narrativa ali, o que resultou no encontro das pessoas vivendo naquele isolamento”, conta a diretora.

 


“A estação” é coprodução Brasil/Uruguai. Radicada em Belo Horizonte há duas décadas, Jimena Castiglioni é uruguaia e chegou à cidade por meio do Oficinão do Galpão, grupo com o qual encenou “Os gigantes da montanha”.

 

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Além da pós-produção, realizada no país vizinho, o filme contou com outra colaboração. Compositor, arranjador, cantor e multi-instrumentista com extensa e relevante contribuição à música do Uruguai, Hugo Fattoruso dividiu a criação da trilha sonora com Rafael Martini, que toca em cena.

 


“Ele tem 80 anos, é um cara bem genial que foi muito generoso com a gente, trazendo as ambiências para o filme”, acrescenta Cristina. Depois do lançamento no Brasil, “A estação” chegará aos cinemas uruguaios em breve.

 


“A ESTAÇÃO”


(Brasil/Uruguai, 2023, 103min., de Cristina Maure, com Jimena Castiglioni, Rodolfo Vaz e Eid Ribeiro) – O filme está em cartaz às 20h30, na Sala 3 do UNA Cine Belas Artes.