Compositor, guitarrista, tecladista e violonista, Yohan Kisser faz show no Mister Rock, no Prado -  (crédito: Leo Xavier/divulgação)

Compositor, guitarrista, tecladista e violonista, Yohan Kisser faz show no Mister Rock, no Prado

crédito: Leo Xavier/divulgação

 

 

Nerd mesmo. Se é ele mesmo quem está falando, não há discussão. “Minha alma tem 80 anos”, diz Yohan Kisser, que de carne e osso tem 26. E há dois, faz questão de frisar, não ingere nada de bebida alcoólica. “Estudo muito, dou aula, e um projeto solo é cansativo. Tem que trabalhar marketing, lançamento, registro, composição, ensaio. Já numa banda, você divide as funções”, afirma.

 


Filho do meio de um dos heróis da guitarra no Brasil, e batizado com o nome (embora com grafia diferente) de um dos maiores gênios da música, Yohan não tinha como fugir ao destino. Mas constrói sua trajetória à sua maneira. Entre Metallica e Johann Sebastian Bach, o filho de Andreas Kisser sabe bem o que quer: “O que mais gosto é de compor. Não quero ser o guitarrista mais rápido ou um grande pianista de concerto, mas o melhor compositor que puder.”

 

 


Yohan chega a Belo Horizonte nesta terça-feira (25/6) como uma das atrações do Best of Blues and Rock. O festival encerra na capital mineira sua 11ª edição, depois de passar por Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba. A noite será encabeçada pelo Zakk Sabbath, tributo ao Black Sabbath criado pelo vocalista e guitarrista Zakk Wylde (Black Label Society, Ozzy Osbourne), o baixista John “JD” DeServio (Black Label Society) e o baterista Joey Castillo (Danzig, Queens of the Stone Age).

 

 

Yohan vai se apresentar com o baixista Guto Passos (Lobão) e o baterista William Paiva (Hammerhead Blues). Em metade do show, vai tocar guitarra. A outra será mais dedicada aos teclados. O repertório é quase todo autoral. Terá músicas do EP que lançou no ano passado, versões de Stevie Ray Vaughan e Frank Zappa, além da novíssima “The rivals are fed and rested”. O single foi lançado na última sexta (21/6), o primeiro de seu álbum de estreia. Com 12 faixas, vai sair em agosto.

 


Este trabalho é o maior passo de Yohan. “Estou fazendo um esforço gigantesco para o projeto solo, mas é o que me dá mais prazer hoje em dia”, acrescenta. No comando de tudo, continua fazendo parte das bandas Sioux 66, de hard rock, e Kisser Clan, projeto de covers ao lado do pai.

 

Black Sabbath

 


A música começou em casa, claro. “Quando era bem novinho, queria ser igual ao meu pai. Via o lado do glamour da música, estádios lotados.” Tinha nove para 10 anos quando, ao lado da irmã Giulia, fez uma surpresa no aniversário do guitarrista do Sepultura: os dois tocaram “Paranoid”, do Black Sabbath, a banda preferida de Andreas.

 


Naquele período, seu mundo girava em torno do metal. Mais tarde, na adolescência, passou a se dedicar ao rock psicodélico. “Quando escutava Slayer, tirava a música de ouvido. Mas quando cheguei a Pink Floyd, Frank Zappa e Yes, entendi que precisava estudar.” Diz que o Pink Floyd lhe abriu o caminho.

 


Yohan se graduou em violão popular no conservatório da Fundação das Artes de São Caetano do Sul. “Quando comecei a conhecer a música que veio antes do Beatles, vi que existe espaço para tudo: aula, arranjo, composição. Cada vez mais, amo a vida fora da cortina.” Ele foi a fundo na obra de Johann Sebastian Bach e Heitor Villa-Lobos. “Uma das coisas que quero é desmistificar o elitismo da música clássica. Não é porque escuto Bach que sou melhor ou pior que alguém.”

 

Leia também: História do Sepultura, banda de Andreas Kisser, começou em Santa Tereza, em BH

 


Uma vez graduado em violão, passou a estudar piano. A mãe, a produtora Patrícia Parissinotto Kisser, o estimulou bastante. O segundo single do disco, “Membro fantasma”, em homenagem a ela, falecida há dois anos, será lançado em 2 de julho, dia do aniversário de Patrícia.

 


Na carreira solo, Yohan teve também que se dedicar ao canto. “A voz é o primeiro instrumento de todo mundo”. A referência inicial foi James Hetfield. “Adoro o Metallica até hoje, mas os gostos foram mudando. Hoje, uma das minhas maiores referências de voz é Stevie Wonder.”

 

Sandy e Abujamra

 

No ano passado, ele dividiu os vocais com Sandy. No EP com cinco faixas que Yohan lançou em 2023, cantou “Tento” com ela. Já as canções “Amor ao corpo/ Obra” e “Tadpole” contaram com a participação de André Abujamra. “Juntar essas duas pessoas no mesmo trabalho foi um privilégio, mas também uma provocação. Meu projeto solo abraça todos os tipos de referência.”

 

 


Andreas Kisser orienta a carreira de Yohan. Mas a palavra final é sempre do filho. “Meu pai me ajuda, é meu amigo, um cara com experiência no ramo em que estou entrando. Desde que minha mãe faleceu, estamos muito próximos”, comenta ele.

 


O show desta terça será o terceiro de Yohan no Best of Blues and Rock. Estreou no festival em 2019, tocando ao lado de Andreas. Na edição de 2022, fez show solo. Mas agora a história é outra. Para começar, não vai ter metal. “O jeito como toco guitarra, a escala, veio do metal. Pode até soar, mas tenho toda a consciência de que não é. Nenhum metaleiro que for vai se identificar com o metal”, finaliza.

 

BEST OF BLUES AND ROCK


Com Yohan Kisser e Zakk Sabbath. Nesta terça-feira (25/6), a partir das 21h, no Mister Rock (Avenida Tereza Cristina, 295, Prado). Ingressos a partir de R$ 245, à venda na plataforma Eventim.