Canceriano legítimo, Otto diz que tem o coração romântico e isso se reflete em suas canções.

Canceriano legítimo, Otto diz que tem o coração romântico e isso se reflete em suas canções. "O amor é muito importante para mim", afirma

crédito: Rafael Rocha/divulgação

Talvez o cantor, compositor e percussionista Otto, de 55 anos, seja o último romântico. Do sertão pernambucano, onde ele nasceu, à lama e ao caos do Recife noventista da banda Nação Zumbi – sem deixar de fora a conturbada vida na capital paulista, onde está vivendo atualmente –, ele nunca escondeu sua verve apaixonada.

 
“Sou um canceriano, cara. Então, acaba que meu coração é muito romântico”, brinca ele, por telefone. “O amor é muito importante para mim, sabe? Eu me sinto bem em cantar sobre ele”, emenda.

 

 

Desde que se lançou em carreira solo, com o crítico e ácido álbum “Samba pra burro” (1998), Otto sempre deixou espaço para celebrar o amor.

 

“A gente acende, aperta, acocha, beija a nega a noite inteira”, ele já cantava na faixa “Ciranda de maluco”. Em “Dilata”, canção do disco “Condom black” (2001), pedia à amada: “Dilata, mulata, teus olhos dilata/ só não me delete do seu coração, de lata, mulata”.

 

 

O sentimento ficou ainda mais aflorado no quarto disco, “Certa manhã acordei de sonhos intranquilos” (2009), considerado sua obra-prima. O disco completa 15 anos neste 2024 e, para comemorar, Otto deu início à turnê na qual revisita o repertório do álbum. O show em BH será neste sábado (29/6), n’Autêntica.

 

 

Transitando por manguebeat, samba, rock e música eletrônica, “Certa manhã” se inspirou no clássico “A metamorfose”, de Kafka. Assim como Otto, o personagem Gregor Samsa, certa manhã, acordou de seus sonhos intranquilos.

 

“Este disco traz a ideia de metamorfose, de se transformar. Ele foi feito num momento muito específico da minha vida”, conta Otto, citando o período turbulento marcado pelo fim do casamento com a atriz Alessandra Negrini, o rompimento com a gravadora Trama e a morte da mãe.

 

 

“É um disco muito sentimental. Naquele momento, meus sentimentos estavam à flor da pele. Eu compunha sem parar, sentindo o coração na boca”, revela.

 

Elogio do NYT

 

Otto não imaginava que tanta gente se identificaria com seu desabafo poético e musical. O disco ganhou elogios do jornal americano The New York Times. Em todos os shows que faz, ele não deixa de fora do repertório as canções “Crua”, “Janaína”, “6 minutos” e “Filha”.

 

Como bom romântico que é, o pernambucano abriu mão de cantar sozinho. “Chamei a Lavínia, minha companheira, para fazer participação especial. A gente vai cantar algumas músicas do ‘Certa manhã acordei de sonhos intranquilos’ e também do ‘Meu umbigo’, disco que ela lançou recentemente”, adianta Otto.

 
Além de Lavínia, subirão ao palco com Otto os músicos Junior Boca (guitarra), Meno del Picchia (baixo), Beto Gibbs (bateria) e Malê (percussão).

 
OTTO


Comemoração dos 15 anos do disco “Certa manhã acordei de sonhos intranquilos”. Neste sábado (29/6), n'Autêntica (Rua Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia). A casa abre às 21h. Últimos ingressos à venda por R$ 160 (lote 2/ inteira) e R$ 90 (lote 3/ meia), na plataforma Sympla.

 

OUTRAS ATRAÇÕES

 

>>> RETRATOS

Peça do Coletivo Troá aborda temas relacionados a vivências e trajetórias de mulheres – mães, tias, avós – que permeiam histórias de cada atriz do grupo. Neste sábado (29/6), às 15h30, no Centro Cultural Zilah Spósito (Rua Carnaúba, 286, Zilah Spósito). Entrada franca.

 

>>> TUBARÃO MARTELO

No espetáculo infantil “O Tubarão Martelo e os habitantes do fundo do mar”, um navegador parte para o oceano em busca do tesouro, mas se encanta com os seres marinhos e desiste da empreitada. Sessão neste sábado (29/6), às 17h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), à venda na bilheteria e na plataforma Eventim. Informações: (31) 3236 -7400.