Criada em 2019, a Academia Jovem Orquestra Ouro Preto se coloca novamente à prova na noite deste sábado (1º/6), quando apresenta a ópera "Bastião e Bastiana", de Wolfgang Amadeus Mozart, ao lado de solistas convidados – a soprano Marília Vargas, o tenor Jabez Lima e o baixo-barítono Fúlvio Souza – no Grande Teatro do Sesc Palladium.

 




Braço do núcleo educacional da Orquestra Ouro Preto, a Academia Jovem foi fundada com o objetivo de formar e preparar jovens entre 18 e 28 anos para o mercado de trabalho da música de concerto. Atualmente, conta com 28 bolsistas, que no concerto de hoje serão regidos pelo diretor artístico e maestro titular da Orquestra Ouro Preto, Rodrigo Toffolo.

 


"É o segundo grande concerto que realizamos neste ano no Sesc Palladium. A Academia está entrando em seu quinto ano de atividades e é importante que o grupo comece a se mostrar mais, porque o contato com o público também faz parte do processo de formação", afirma o maestro.

 


No dia 11 de agosto, os jovens músicos farão apresentação na Sala São Paulo, lançando um álbum que foi gravado na esteira da retomada das atividades no período pós-pandemia. O maestro diz que foram registradas no disco duas obras do repertório tradicional – composições de Béla Bartók e de Gustav Holst – e outras duas encomendadas a Nelson Ayres e Alexandre Travassos especialmente para o grupo.

 


Ele destaca que este também é um importante estímulo para os jovens músicos que estão trilhando um caminho rumo à profissionalização. "É muito simbólico que você consiga ajudar na economia de sua casa trabalhando com música", pontua.

 

Composta por 28 bolsistas, a Academia Jovem Orquestra Ouro Preto hoje será regida pelo maestro Rodrigo Toffolo

Iris Zanetti/Divulgação


Os bolsistas têm dois encontros semanais com instrutores-professores da Orquestra Ouro Preto, com o objetivo de desenvolver a percepção, a técnica e a expertise do trabalho em conjunto.

 

Para isso, os jovens músicos contam com apoio financeiro e acompanhamento psicológico e fisioterápico, em uma parceria inédita com a PUC-Minas. "Desde que a Academia foi criada, um número grande de músicos que passaram por ela saíram para integrar orquestras profissionais", diz Toffolo.

 


Ele cita a Sinfônica e a Filarmônica de Minas Gerais, além, naturalmente, da Orquestra Ouro Preto e também formações em outros estados, como São Paulo e Pará.

 

 

"Existe um degrau para se chegar na vida profissional e, por conta disso, muitos param de estudar, porque têm que trabalhar com outra coisa. A Academia existe para segurar os jovens músicos no ambiente deles. Uma coisa é você tocar sozinho em casa, outra é praticar em conjunto, com o suporte necessário."

 


O ingresso na Academia Jovem Orquestra Ouro Preto se dá por meio de edital, aberto uma vez a cada ano. "As pessoas se inscrevem e fazem uma prova, se apresentando para uma banca. O jovem se sente testado, mas a vida é assim. Ao final desse processo, a gente tem uma lista de aprovados e outra de suplentes, que vamos administrando ao longo do ano.”


Escolha nivelada 

 

Ele diz que a escolha da ópera "Bastião e Bastiana" se justifica por uma série de razões. Trata-se de uma obra de difícil execução, por questões de estilo, articulação e técnica, conforme aponta.

 

"Mozart é sempre um desafio, mas, ao mesmo tempo, é uma ópera inicial, com uma duração menor, de 50 minutos, e um número reduzido de personagens, interpretados pelos três cantores solistas, então considero uma escolha nivelada, adequada para a Academia Jovem", afirma.

 

 


Composta em 1768, quando o compositor austríaco tinha apenas 12 anos, a peça é uma ópera cômica. O enredo trata das desventuras de Bastiana, jovem que pensa que seu amado, Bastião, a abandonou por estar interessado em outra dama. Desesperada e almejando reconquistar seu grande amor, ela recorre à ajuda do misterioso mago Colas. A trama se desenvolve em torno dos conselhos dados por ele aos dois protagonistas.

 


Toffolo comenta que um dos principais desafios que a execução de uma ópera impõe aos músicos é acompanhar os solistas."No caso de 'Bastião e Bastiana', contamos com a presença de três profissionais renomados, com carreiras consolidadas, então é preciso estar muito atento ao que eles fazem", diz.

 


Outro desafio é o estilo de escrita de Mozart. "Existe nessa obra uma limpeza e uma afinação que têm que funcionar de forma bem azeitada. É um cristalzinho, então tem que estar tudo muito no lugar", ressalta. A equipe em torno da Academia Jovem, no entanto, confia nas potencialidades do grupo.

 

 

"O público pode esperar uma récita belíssima. Quem for assistir vai se deparar com um Mozart com assinatura da Orquestra Ouro Preto", garante Luiz Abreu, que assina a direção de cena do espetáculo.


"BASTIÃO E BASTIANA"
Ópera de Mozart, com a Academia Jovem Orquestra Ouro Preto, neste sábado (1º/6), às 20h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro - 31.3270-8100). ngressos a R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), à venda na bilheteria e no Sympla.

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