"O que desejo é ser uma senhora atuando na tela, no palco, na arte. Me entendo uma trabalhadora." É dessa forma que a atriz Ana Cecília Costa, de 53 anos, define seu atual momento na carreira. A artista comemora o fato de ser uma das poucas personagens femininas maduras de "Renascer" (junto com Inácia, de Edvana Carvalho, e Dona Patroa, de Camila Morgado).

 




O entusiasmo vem junto com a dura constatação de que ainda é difícil interpretar bons papéis conforme a idade avança. "Dentro desse mercado, é evidente que eles ficam mais escassos para as mais maduras, mas os meus grandes personagens foram após os 40 anos. Agora, aos 53, faço a minha primeira novela das nove de começo, meio e fim. Estou em tempo de colheita, talvez tardia, mas uma atriz madura com propostas de trabalho", afirma a baiana, natural de Jequié.

 


Na pele da carismática ex-'quenga' Morena em "Renascer", a artista interpreta, enfim, uma personagem leve, alto astral, após atuações com alta carga dramática. Foi assim, por exemplo, com a Gaia, de "Joia rara" (2013), uma lituana comunista que passava pelo campo de concentração. E com Missade, em "Órfãos da terra" (2019), que perdia um filho e fugia da guerra.

 


Personagem solar

 

"A Morena eu sinto que é a personagem mais solar, que quase não faço esforço para criar. Inventei uma gargalhada especial para ela e me inspirei na versão da Regina Dourado (1953-2012) de 'Renascer' em 1993. Fui até o irmão dela, me apresentei, batemos um papo. Eu disse que queria honrar a memória dela."

 


Este ano, Ana Cecília comemora 35 anos de carreira. Apesar de dizer que o atual momento não é o melhor, mas o de maior reconhecimento, a atriz afirma que chegou a hora de legitimar todo o caminho já percorrido até aqui.

 


Ela já morou e atuou na Alemanha, se formou em cinema, fez mestrado em comunicação e semiótica, trabalhou como assistente de direção fora do país, produz as próprias peças teatrais e fez série na Argentina. "Desejo que a bola fique rolando. Tenho entusiasmo de uma menina de 14 anos. A maturidade tem isso de bonito, o respeito pela própria história", diz.

 


Mesmo fazendo tanta coisa, a atriz conta que nunca teve contrato fixo com nenhuma emissora por onde passou. Isso não foi problema para ela, mas sua esperança é que a vida melhore ainda mais depois de um papel tão especial.

 


"Aprendi a ser uma pessoa simples e a administrar meu dinheiro de maneira sábia. Entendi desde jovem como manter o padrão de vida que eu gosto. O dinheiro que ganhava um dia poderia não ser igual em outro. Nunca tive impulsos consumistas. Agora, em 'Renascer', e com esses holofotes, obviamente que quero, desejo e espero que esse reconhecimento viabilize uma carreira daqui por diante com conforto." (Leonardo Volpato/Folhapress)

compartilhe