Após o boom dos festivais, o Brasil vive uma onda de cancelamentos dos eventos de música. Segundo levantamento feito pelo site Mapa dos Festivais, 18 shows alteraram a data de realização. A metade foi adiada, oito foram cancelados e um cancelou um dos três dias de evento. Até o momento, o site contabilizou 31 festivais em 2024, enquanto em 2023 foram 71.

Os festivais cancelados foram o Africa Express, que estava marcado para o dia 23 de fevereiro, em São Paulo; o Límbico Festival, que aconteceria no dia 25 de maio, em São Paulo; Mirante Roots Festival, então previsto para 11 de maio em Montes Claros, no norte de Minas; Rap Game Festival, em 27 de julho em Goiás; Samba & Sofrência, no dia 14 de abril na Bahia; Nova Iguaçu Fest em 23 de junho, no Rio de Janeiros; e o Doce Maravilha Curitiba, programado para os dias 8 e 9 de junho, no Paraná.

O Magnólia Festival, que aconteceu em Chapecó (SC), teve o cancelamento parcial de um dia de sua programação. O evento estava programado para os dias 30 e 31 de maio e 1º de junho. O evento aconteceu somente em 31 de maio e 1º de junho.



 

Em relação a eventos adiados, que ainda vão acontecer em outras datas, foram mapeados nove festivais: Flow Festival (SC), Encontro das Tribos (SP), Whatz Pop Festival (BA), Recife Trap Festival (PE), Rap Game Festival (MG), Rep Festival (RJ) e Ibitipoca Music Festival (MG). Já o Prime Rock Festival Porto Alegre (RS) e o Turá Porto Alegre (RS) foram adiados devido às chuvas que assolaram o estado.

Além disso, o site destacou o “adiamento estratégico” do Carambola, festival que geralmente acontece em outubro, em Maceió (AL), e em 2024 está marcado para novembro. O Mapa dos Festivais ainda aponta que alguns eventos que vinham acontecendo nos últimos anos ainda não tiveram suas datas anunciadas para 2024, incluindo o Breve, que teve quatro edições em BH, Sonido (PA), Arvo (SC), Piauí Pop (PI), Popload (São Paulo), Festival Girassol (PI), GRLS! (São Paulo) e MECAFestival (vários estados). Já o MITA, em São Paulo, foi pausado por conta da produtora.

 

Por que tantos cancelamentos?

 

Segundo o site, o principal motivo apontado pelos organizadores de festivais cancelados ou adiados é o alto custo de produção e a baixa na venda de ingressos. Além disso, produzir eventos ficou mais caro pós-pandemia, com aumentos na parte de logística e infraestrutura, incluindo preço das passagens aéreas e cachês artísticos.

 

Outro problema é a falta de patrocínio. As marcas muitas vezes investem apenas em eventos na região Sudeste, preferencialmente no Rio de Janeiro e São Paulo, e com público maior que 80 mil pessoas. Sem patrocínio e com custos altos, fica quase impossível tirar o projeto do papel. 


Além disso, as mudanças climáticas pedem mudanças no mercado de festivais. Além do Prime Rock e Turá, ambos marcados em Porto Alegre e cancelados devido às chuvas, outros dois foram adiados por conta das condições climáticas: o Ibitipoca Music Festival, em Juiz de Fora, estava marcado para o dia 30 de março, mas foi adiado “devido às chuvas recorrentes e condições metereológicas”. A nova data ainda não foi anunciada. Já o Rap Game Festival BH aconteceria no dia 23 de março, mas precisou ser adiado para o dia 10 de agosto. 


Há também um comportamento do público que é prejudicial para a organização dos festivais: o hábito de comprar ingressos de última hora. Com os ingressos comprados antecipadamente, é possível investir em segurança e infraestrutura, o que dificulta a tirar o show do papel.

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