O filósofo e sociólogo francês Edgar Morin lançou ontem (5/6), aos 102 anos, um romance de inspiração autobiográfica escrito em 1946 e que retomou para finalmente torná-lo público.

 



 

"L'année a perdu son printemps (O ano perdeu sua primavera, em tradução livre), publicado pela editora Denoël, "ilumina a construção psíquica, intelectual e política de um dos maiores pensadores do nosso tempo", afirmou a editora no lançamento do livro.


Talento à prova

 

Edgar Morin tinha 25 anos quando escreveu esta história na qual se esconde sob o nome de um herói, Albert Mercier, que apresenta muitos pontos em comum com ele.


"Não mostrei para ninguém. Sabia que tinha inteligência suficiente para trabalhar nas ciências humanas, mas duvidava que tivesse talento de romancista. Por outro lado, não queria machucar nem magoar meus pais", explica o autor na introdução.

 


Morin, um dos mais destacados intelectuais da esquerda francesa durante o século 20, pensou durante muito tempo que tinha perdido, ao longo de suas mudanças, não apenas o manuscrito completo, mas todos os esboços deste livro.


Surpresa: rascunhos e folhas datilografadas descansavam em seus arquivos entregues em 2001 ao Instituto Memórias da Edição Contemporânea (Imec). Desorganizados e incompletos.


Nova publicação

 

Edgar Morin e seu editor trabalharam então para reconstruir a coerência e as passagens que faltavam. "Comecei a amar esse romance, inclusive sua escrita", disse o autor.

 


Este é seu segundo romance. O primeiro, de 2017, "L'île de Luna" (A ilha da lua), também foi uma produção de sua juventude, cujo herói também se chamava Albert Mercier.


O filósofo e sociólogo publicará também, em 12 de junho, "Conversation avec Edgar Morin" (Conversa com Edgar Morin), uma longa entrevista à revista Zadig.

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