O tradicional restaurante de comida mineira Dona Lucinha é o endereço onde o artista autodidata Marcelo Brant, natural de Diamantina, apresenta em Belo Horizonte seu trabalho relacionado à cultura popular.

 

Brant expõe atualmente no espaço 15 estandartes com representação de santos juninos, em um diálogo entre arte, fé e as festas populares. Estão representados São Pedro, São João e Santo Antônio, além de outras figuras da devoção do artista, como é o caso do Sagrado Coração de Jesus, que teve seu dia comemorado na última sexta-feira (7/6). “A gente é muito focado nos santos da Festa Junina, então, por isso, resolvi abrir o meu leque”, diz Brant.

 



 

 
Sua formação artística começou aos 15 anos, de maneira autodidata. Ele conta que, por ter nascido em uma cidade histórica, desde cedo a arte fez parte de seu cotidiano. “Fui criado nesse meio de arte, arquitetura histórica, religiosidade e folia, isso tudo em um movimento incessante”, diz, citando sua forte ligação com a Folia de Reis e com o carnaval. 


“Meu processo de aprendizagem é muito natural. Eu não tenho formação acadêmica, meu elemento de inspiração está nas ruas e nas pessoas. Minha arte é bem voltada para esse lado”, afirma. 

 

Trabalho para a TV

 

Desde então, influenciado pelas vivências de sua terra natal, vem trabalhando com a criação de estandartes, figurinos, cenários para teatro e TV (as obras dele estão na atual novela das seis, “No rancho fundo”). A mostra em BH foi realizada a convite da chef Marcinha Nunes, herdeira de dona Lucinha.

 


O trabalho de Marcelo Brant é marcado pelo uso de muitas cores e de diferentes tipos de materiais. Nas obras do artista, tecido, cordões e fitas se unem a outros objetos encontrados ao longo do caminho, como pedaços de papel, tampas de garrafas e CDs descartados.

 

“Uso tudo que vier na minha frente e que me apetece, que seja leve. Meu trabalho é a reciclagem, eu tenho um olhar de catador e faço desses materiais como base do meu trabalho, como elemento de criar sobreposição e volume. Sempre fazendo misturas e dando sentido às coisas que foram descartadas”, afirma.

 

Festivais


O artista destaca a importância dos festivais para a sua formação profissional e para o desenvolvimento de uma identidade artística. “Vim de uma geração que pegou vários festivais de cultura popular do Vale do Jequitinhonha, Festivais de Inverno da UFMG”, conta. “A partir daí, eu fui criando um trabalho que tinha a minha cara.”

 

Ele diz que também enxerga suas vivências fora de Diamantina como parte fundamental de seu processo criativo. “Eu me vejo como uma junção de onde a minha verdade me leva”, afirma. O artista não sabe exatamente quantos trabalhos já fez. Diz que pode ser que seja até mais de mil, mas uma coisa ele garante: nunca repetiu nenhuma obra.

 

ESTANDARTES JUNINOS

Exposição de Marcelo Brant. No restaurante Dona Lucinha (Rua Padre Odorico, 38 - Savassi). Até 10 de julho. Funcionamento de segunda a sábado, das 11h às 22h; e aos domingos, das 11h às 17h.

 

 

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