Um dos grandes êxitos de “Família é tudo”, novela das 19h da Globo, está no par romântico cômico Andrômeda Mancini (Ramille), uma patricinha obrigada a viver na Zona Leste de São Paulo, e Chicão do Nascimento (Gabriel Godoy), um mestre de obras palmeirense e chucro. A trama bem-humorada é um dos maiores destaques nas redes sociais, especialmente porque envolve dois outros personagens agregados: a spitz alemã Britney e o vira-lata Maradona, fiéis companheiros, respectivamente, da aspirante a cantora e do faz-tudo que formam o divertido e apaixonado casal que vive à base do morde e assopra.
“Família é tudo” marca a chegada do ator paulistano Gabriel Godoy aos 40 anos de idade e 20 de carreira, além da parceria bem-sucedida que se repete com o autor Daniel Ortiz e o diretor artístico Fred Mayrink, que vem desde 2014, quando estreou na tevê aberta na novela “Alto astral”, também na Globo.
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Em entrevista, Gabriel – que esteve em “Mar do sertão” (2022/2023) e gravou recentemente a aguardada novela “Dona Beja”, da Max – comenta o fato de ser um corintiano defendendo um torcedor roxo do Palmeiras, enaltece a troca generosa que construiu com a estreante no gênero, Ramille, e explica como funciona a dinâmica de gravação com os cachorros em cena. O capricorniano revela, ainda, o seu maior desejo profissional: viver um personagem dramático na tevê aberta.
Em “Haja coração” (2016), houve dobradinha maravilhosa com a Tata Werneck, que se repetiu com Suzy Lopes em “Mar do sertão” (2023) e agora com Ramille, em “Família é tudo”. Como você costuma se preparar com a parceira de cena para dar essa química tão gostosa que a gente vê na tela?
Essa química que deu muito certo com a Ramille e que também tive com a Tata e com a Susi Lopes, na minha visão, está muito ligada à disponibilidade do colega em jogar, em querer fazer dar certo. Porque eu acho que a nossa profissão de ator acontece no jogo entre os dois. Então, tem que ter uma escuta, uma generosidade e, mais do que isso, tem que ter um interesse pelo outro. Eu acho lindo quando tem essa disponibilidade de dois parceiros de cena estarem ali construindo juntos, criando juntos, e realmente, nessa novela, está sendo um prazer imenso trabalhar com a Ramille. Ela é uma grande atriz e um grande ser humano, e isso também faz muita diferença. Quando eu conheço uma parceira tão generosa como a Ramille, com vontade de fazer dar certo, fico muito feliz, e acho que a gente está colhendo esse fruto. Isso está ligado à disponibilidade de querer dar certo.
Uma curiosidade que o público tem é em relação às gravações com os cachorros...
É legal falar como é complexo gravar com cachorro, porque a gente sempre fala que fica tão legal na TV, no ar, tão fofo, tão divertido, mas acho que a curiosidade quando você grava com os cachorros é que você tem que ir no tempo deles. Porque é um animal, então quando vai se fazer as cenas dos cachorros, todo time que grava uma novela dá uma pausa para aguardar a disponibilidade, o tempo deles. E acho isso bonito, porque a novela tem uma pressa, uma urgência. E quando você grava com o cachorro, parece que o estúdio para, a gente tem uma suspensão e fala: "Tá bom, agora a gente está no tempo deles".
E como tem sido viver um palmeirense roxo em “Família é tudo” sendo um corintiano que já ficou até sem voz por causa do time?
Em 2012, quando o Corinthians foi campeão da Libertadores, fui a todos os jogos e criei um pólipo na corda vocal. Tive que operar. Eu praticamente estraguei minha voz no futebol. Foi bem difícil, mas estou zerado. Com relação a ser corintiano e fazer palmeirense, no começo das gravações eu falei: "Ai meu Deus do céu, Daniel Ortiz aprontando"... Eu não vou deixar de ser corintiano, né? Então, isso traz uma leveza que eu estou sempre falando nas entrevistas, também é para a gente poder brincar com isso. Meu sonho é poder ir ao estádio com meu amigo palmeirense, a gente ver o jogo um do lado do outro. Então, um ator corintiano estar fazendo um palmeirense reforça isso também.
Sente falta de viver mais papéis dramáticos?
Isso sempre foi uma questão para mim por ter sido lançado na comédia na tevê aberta. Comecei a ficar mais atento a isso. Falei: "Gente, não vou querer ficar rotulado como comediante". Comecei a recusar algumas propostas de trabalho na comédia e direcionei mais para o drama. Vim de uma sequência de projetos dramáticos, mas o que eu almejo agora, hoje, é conseguir fazer um papel dramático na tevê aberta. Tenho feito muito no streaming, no cinema, mas eu queria muito que a televisão me enxergasse também com uma possibilidade de fazer um papel dramático.
E “Dona Beja”, da Max, qual foi a preparação feita por você para viver esse personagem de época?
Não posso falar sobre o personagem de “Dona Beja”, mas ele se chama Honorato e está no núcleo da Catarina Caiado, do Otávio Muller, da Kelzi Ecard. Um trabalho de época, né? Fiquei muito feliz justamente por isso. Nunca tinha feito um trabalho de época, então, para mim, foi muito especial nesse sentido, de poder visitar esse gênero, os figurinos, o visagismo, a prosódia. E tenho certeza que vai ficar um trabalho muito bonito. (Patrick Selvatti)