O novo projeto da cantora Paula Fernandes, o EP “Qual amor te faz feliz?”, disponível nas plataformas digitais desde a quinta-feira passada (13/6) é, para ela, um grito de amor próprio.
Em coletiva de imprensa virtual às vésperas do lançamento, a artista falou sobre o processo criativo do EP, o término de seu último relacionamento, os desafios do início da carreira em um mercado dominado por homens e o arrependimento de nunca ter rebatido críticas.
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Com seis faixas, o projeto aborda as diferentes formas de amor vistas e vivenciadas pela cantora romântica. “Eu canto o amor desde que eu me entendo por gente e sempre tive uma imagem do amor muito padronizada. Com o tempo, a gente vai vendo que não existe uma fórmula”, afirma.
Paula diz que o projeto reflete uma mudança de dentro para fora que se intensificou após o fim de seu namoro com o empresário Rony Cecconello, em setembro do ano passado. “Estou vivendo um momento particular de solitude. Eu me separei e isso gerou sofrimentos, obviamente, mas também gerou uma sensação muito grande de livramento, libertação e autoconhecimento.”
Questionada se as formas de afeto presentes na coletânea de músicas abrangem o público LGBTQIAPN+, Paula Fernandes diz que sim. “Dentro das relações que eu tenho, eu vejo a batalha de muita gente. Diante de tanto trabalho que eu sempre tive, eu tô antenada nessa luta das pessoas em se assumir, em serem aceitas e respeitadas. A gente vai aceitar ou não, mas a gente tem que respeitar”, afirma.
Preconceito por ser bonita
Em seguida, a cantora disse que se identifica com a busca pelo respeito porque também já sofreu preconceitos por ser mulher de boa aparência em um mercado dominado por duplas masculinas. “O sistema estava todo preparado para homens. Eu fui discriminada por pedir um banheiro químico no camarim, porque sou uma dama, por ter uma penteadeira (...) Eu sofro, sim, preconceito por ser uma mulher bonita e eu me considero uma mulher bonita.”
“Sei que isso é uma questão de gosto. Não estou querendo dar uma de convencida. Eu me amo do jeito que eu sou, me considero uma mulher bem resolvida com o que papai do céu me deu”, diz. “Eu sofro preconceito com isso também, porque parece que a pessoa não pode ser inteligente, capaz e talentosa e ter uma estampa legal.”
De origem sertaneja, Paula Fernandes traz um EP com uma mistura de estilos e forte presença do pop. A artista diz que a mudança vem com o objetivo de atingir novos públicos. “Há muito tempo que eu sou uma representante da música popular brasileira. Sou uma cantora universal de voz universal e de mensagem universal”, afirma.
Pioneira como mulher no mundo do sertanejo, a cantora observa que o mercado avançou desde 2008, quando conquistou o país com o disco “Pássaro de fogo”, mas destaca que alguns pontos, como o número de mulheres nas grades de shows, ainda precisam ser melhorados.
Arrependimentos
No final da conversa com a imprensa, questionada se tem algum arrependimento ao longo da carreira, ela disse que, apesar do orgulho da história que construiu, se arrepende de ter se calado tantas vezes diante de críticas e boatos.
“Acho que se tivesse rede social na época, eu teria criado coragem para estar ali diante de uma câmera e dizer: eu não sou essa pessoa. Confesso que perdi o controle, na época não tinha uma gestão de carreira. Eu não tinha um profissional adequado. Fui contratando de acordo com o que eu sabia, mas não tinha conhecimento do mercado.”
“Me arrependo de não ter buscado um jeito para me defender desses ataques, porque eu optei pelo silêncio. Eu achava que, em algum momento, as pessoas iam saber quem realmente eu sou, mas uma mentira dita duas vezes acaba virando verdade. Eu sofro consequências disso até hoje”, lamenta.