Em 2015, “Divertida mente” conquistou crítica e público ao sugerir que a mente humana é dominada por uma equipe de cinco emoções numa sala de controle dentro do cérebro. Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojo (ou melhor, Nojinho) tinham a desafiadora missão de gerir a vida da garotinha Riley, enfrentando as dificuldades e contrariedades que apareciam em seu caminho.

 




Como qualquer obra para o público infantil, no final as coisas se acertam, deixando lições de moral e mensagens positivas. No entanto, a animação de Pete Docter, atualmente chefe criativo da Pixar, deixou mais do que princípios ao terminar com a sugestiva pergunta da Alegria: “O que poderia acontecer com uma menina de 12 anos?”

 


Era a deixa perfeita para uma continuação do filme, que levou o Oscar de melhor longa de animação em 2016 – desbancando “O menino e o mundo”, do brasileiro Alê Abreu –, e faturou US$ 857 milhões nos cinemas de todo o mundo na época.

 


Mas, voltando à pergunta da Alegria no final do primeiro filme: “O que poderia acontecer com uma menina de 12 anos?” Muita coisa, é o que “Divertida mente 2” vem responder. Desta vez com direção de Kelsey Mann (“O bom dinossauro”), a produção da Pixar chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (20/6), na esteira de um lançamento de tremendo sucesso nos Estados Unidos.

 


A animação arrecadou US$ 155 milhões de bilheteria nos primeiros três dias em cartaz, tornando-se o segundo maior lançamento de uma animação nos Estados Unidos, atrás somente de “Os Incríveis 2” (2018), que faturou US$ 182 milhões no mesmo período de tempo.

 


“Divertida mente 2” se passa quando Riley completa 13 anos e entra na puberdade. Mudanças biológicas e fisiológicas instalam o caos na sede de controle das emoções, fazendo Alegria, Raiva, Tristeza, Nojinho e Medo baterem-cabeça e exagerarem na dose dos sentimentos. Para piorar, novatos aparecem para compor a equipe: o grandão e desajeitado Vergonha, o sarcástico Tédio, a empolgada Inveja e a agitada Ansiedade.

 


Eles já chegam querendo mandar em tudo, tendo como chefe a Ansiedade. A ideia dela é transformar Riley em uma menina popular, aproveitando que a garota vai passar um final de semana num acampamento de hóquei, onde encontrará meninas mais velhas. O problema é que Riley não vai sozinha para o acampamento. Suas duas melhores amigas vão junto e passam a ser vistas pela Ansiedade como um estorvo na tentativa de aumentar a popularidade de Riley.

 


Ao passo que a garota tenta se enturmar com as meninas mais velhas, Vergonha, Inveja e Tédio vão dividindo o controle com Ansiedade. E, aos poucos, substituem por completo Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho.

 


Essa mudança se reflete na perda do senso de identidade de Riley e em comportamentos até então inéditos, como o sarcasmo e a atitude blasé, que vêm do Tédio e servem como uma espécie de salvaguarda para a garota lidar com situações embaraçosas.

 


“Eu tinha que entrar no estúdio com o máximo de tédio possível”, brinca Eli Ferreira, que dá voz ao Tédio no Brasil. “Afinal, dublar não é só ficar ali falando, tem que atuar também, entrar no personagem e viver a cena”, comenta.

 


Além dela, integram o elenco da versão em português Tatá Werneck (Ansiedade), Gaby Milani (Inveja), Fernando Mendonça (Vergonha), Miá Mello (Alegria), Otaviano Costa (Medo), Dani Calabresa (Nojinho), Leo Jaime (Raiva) e Katiuscia Canoro (Tristeza).

 


Tédio, no entanto, não chega a assumir o controle de Riley. É a Ansiedade que desbanca a Alegria e começa a dar as cartas, contrariando o antigo grupo. Ela vai se tornando, aos pouquinhos, uma pequena tirana, a ponto de trancar os colegas veteranos em local “seguro”, fora da sala de controle. “A Riley exige emoções mais sofisticadas que vocês”, justifica.

 


Emoções reprimidas

Agora, na condição de emoções reprimidas, o quinteto precisa encontrar alguma forma de sair do cativeiro para acabar com o domínio da Ansiedade.

 


“As emoções, na minha opinião, foram se misturando umas com as outras (neste segundo filme)”, analisa Leo Jaime. “Não eram em cores tão vivas como no primeiro. O Raiva, por exemplo, no primeiro filme, era um ser imediato, impulsivo, de muita energia e com certa aspereza, porque ele não dizia: ‘Olha, eu quero que você faça tal coisa, por favor’. Não, ele já falava perdendo o controle, estava passando do limite o tempo inteiro”, emenda.

 


Leo toca num ponto importante do roteiro. Conforme ele sugere, a partir do momento em que Riley amadurece, suas emoções passam a conviver harmoniosamente. Elas não perdem sua intensidade. Perdem a imprudência e a insensatez com o passar dos anos.

 


O grande mérito de “Divertida mente 2” é conseguir abordar emoções complexas (para jovens e também adultos) com entusiasmo, humor e sensibilidade em uma hora e meia.

 


“DIVERTIDA MENTE 2”
(EUA/Japão, 2024, 96 min.) Direção: Kelsey Mann. Com Tatá Werneck, Miá Mello, Leo Jaime e Eli Ferreira. Estreia nesta quinta-feira (20/6), em salas das redes Cineart, Cinemark, Cinesercla e Cinépolis, no Centro Cultural Unimed-BH Minas e no UNA Cine Belas Artes.

 

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