Diante de 250 mil pessoas, Martin Luther King Jr. fez seu famoso discurso “Eu tenho um sonho”, nos degraus do Lincoln Memorial, em Washington. Era 28 de agosto de 1963.

 



Menos de cinco anos depois, o ativista mais importante do movimento negro norte-americano morreria assassinado, aos 39 anos, sem ver concretizado o sonho de que seus quatro filhos vivessem “em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo teor de seu caráter”.

 


Esse ativismo obstinado de Luther King pela garantia dos direitos civis do povo negro é o que guia a narrativa de “Luther King – O musical”, que estará em cartaz no Grande Teatro do Sesc Palladium, neste sábado (22/6) e domingo.

 


Com texto e direção de Caique Oliveira, e música de Paulo Ocanha, o espetáculo estreou em junho do ano passado na capital paulista. Depois de ficar nove meses por lá, iniciou a turnê, passando pelo Rio de Janeiro e tem a capital mineira agora como segundo destino.

 


No palco, Guii Augusto interpreta Luther King. O musical começa quando o líder pacifista se destaca na Associação de Aprimoramento de Montgomery, em 1955. Ele esteve à frente da campanha de boicote ao sistema de transporte público da cidade depois que a ativista Rosa Parks foi presa num ônibus por se recusar a ceder o lugar a um branco.

 


Boicote

“Muita gente acredita que a história de luta do Luther King pelos direitos civis começou com o discurso ‘I have a dream (Eu tenho um sonho)’. Mas, na verdade, vem de muito antes. Vem do caso Rosa Parks”, diz Guii Augusto.

 


“Foi por causa da prisão dela que Luther King liderou o boicote aos ônibus de Montgomery. Ele conseguiu fazer com que, por quase um ano, toda a população deixasse de andar de ônibus como forma de protesto. Em paralelo ao boicote, havia pessoas que, anonimamente, emprestavam seus carros, caminhões e táxis para que tudo desse certo”, acrescenta o ator.

 


Transitando entre a soul music, o gospel americano e o jazz, as canções do musical reforçam a época na qual o espetáculo está ambientado. E ainda servem como forma de mostrar como a música feita pelos negros foi a origem de inúmeros outros gêneros.

 


Laboratório

O musical se encerra com o assassinato de Luther King por James Earl Ray. O ativista foi alvejado na sacada do quarto de hotel em que estava hospedado.

 

 

“Eu me debrucei no texto, porque não se trata de uma história inventada. E o processo de laboratório foi pesado. Assisti a um monte de filmes sobre segregação racial que eram ambientados em período anterior e posterior ao nascimento e à morte do Luther King. E, para mim, particularmente, é muito difícil assistir a filmes com essa temática. É algo que dói na alma”, conta Guii.

 


Para ele, no entanto, o espetáculo funciona como uma forma de fazer o público ter a dimensão da violência da segregação racial nos EUA e valer a máxima de Luther King: “Não podemos caminhar sozinhos. E, enquanto caminhamos, precisamos fazer a promessa de que caminharemos para a frente”.

 


“LUTHER KING – O MUSICAL”
Texto e direção: Caique Oliveira. Direção musical: Paulo Ocanha. Com Guii Augusto e Nicole Nascimento. Neste sábado, às 19h, e domingo, às 18h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Ingressos à venda por R$ 140 (plateia 1/inteira), R$ 120 (plateia 2/inteira) e R$ 39,60 (ingressos populares/inteira), na bilheteria do teatro ou pelo site Sympla. Informações: (31) 3270-8100.


Outros espetáculos

>>>FIT-BH

O Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte, que deu início à sua 16ª edição na última quinta-feira (20/6), segue até o dia 30 de junho, com apresentação de 23 espetáculos nacionais e estrangeiros, em palcos e espaços alternativos. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 (meia). A programação tem também oficinas e rodas de conversa e está disponível no site.

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