Enquanto parcela de admiradores apoiou a decisão de Eloy Casagrande, de 33 anos, de deixar o Sepultura e assumir as baquetas do grupo norte-americano Slipknot, parte dos fãs da banda mineira de heavy metal e o guitarrista Andreas Kisser não gostaram dessa mudança de ares.
A trajetória do baterista paulista é recheada de curiosidades. Confira abaixo algumas facetas do “multiverso” Eloy Casagrande em sua escalada até o panteão dos grandes nomes do metal mundial.
. “Se vira nos 30” e “Pistolão”
Em 2003, quando tinha 12 anos, Eloy tocou minibateria no “Se vira nos 30”, quadro do programa “Domingão do Faustão” (Globo). Em 2004 e 2005, voltou a se apresentar lá. Em 2007, já com bateria profissional, participou do “Pistolão”, outra aposta do programa “com nome muito infeliz”, ressaltou o músico.
Mas não apenas nessas ocasiões o garoto demonstrou aptidão para as baquetas. “Comecei a ouvir falar do Eloy Casagrande quando ele era criança e adolescente. Vídeos na internet demonstravam uma técnica absurda, e ele venceu concurso internacional de bateristas ainda desconhecidos no mundo”, afirma Alessandro Bonassoli, jornalista e crítico musical da revista Roadie Crew. “Ficava claro para a cena do heavy metal que este menino estaria um dia em uma banda grande”, completa.
. Gênio precoce
A apresentação de Eloy no “Pistolão” chamou a atenção do produtor e músico norte-americano Roy Z, que trabalhava com a banda solo do vocalista Andre Matos (1971-2019), ex-integrante do Viper, Angra e Shaman.
Por indicação de Roy Z, o baterista de 16 anos, acompanhado da mãe, participou de audição, impressionando os músicos do grupo de Andre, como o baixista Luis Mariutti. “Desde o primeiro ensaio que fizemos com o Eloy, vimos que ele tinha grande potencial e talento. Sabíamos que se tornaria um dos melhores bateras do mundo. Sempre foi muito bem assessorado, um cara inteligente, que programou sua carreira”, disse ele ao Estado de Minas.
Se no estúdio Eloy demorou apenas dois dias para gravar a bateria do disco “Mentalize” (2009), nas turnês havia uma preocupação por parte da família. “Quando viajamos para o Japão, fui responsável por ele, que precisava de autorização (para viajar) por ser menor de idade”, afirmou o guitarrista Hugo Mariutti ao “IbagensCast”.
Graças a seu desempenho na banda de heavy metal, chegaram convites para Eloy, vindos de produtores de artistas sertanejos e do Gloria, grupo paulista de metalcore formada em 2002, tachado de emo pela mídia e fãs, nos primeiros tempos, devido às letras e ao visual dos integrantes.
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. Emo e sertanejo
A entrada de Eloy Casagrande no Gloria para a gravação do álbum “(Re)nascido” (2012) causou certo estranhamento em parte dos fãs que se acostumaram a vê-lo ao lado de Andre Matos.
Antes disso, por volta de 2010 e 2011, Eloy gravou singles, EPs e álbuns com sertanejos na condição de baterista freelancer. “Um artista contratava um produtor e esse produtor escolhia os músicos. Tive de aprender a adquirir a linguagem do sertanejo, é muito difícil tocar. Para mim, (sertanejo) é o fusion brasileiro”, contou Casagrande em seu canal no YouTube. Ele disse não se lembrar dos sertanejos para os quais trabalhou, “talvez porque fossem desconhecidos ainda ou estavam começando”.
O jornalista Alessandro Bonassoli vê esses episódios com naturalidade, ao contrário dos fãs mais radicais. “Músicos são profissionais, precisam pagar as contas e se desafiar. Tocar música pop, música pesada, emo, punk, o que for, não importa. É música, é arte. Qualquer banda que contratar o Eloy vai ser bem atendida”, diz.
. Bye, bye, Sepultura
No fim de 2011, o baterista foi confirmado como integrante do Sepultura. Gravou com a banda três álbuns de estúdio: “The mediator between head and hands must be the heart” (2013), “Machine messiah” (2017) e “Quadra” (2020).
Em 8 de dezembro de 2023, durante entrevista sobre a turnê de despedida do Sepultura, Eloy Casagrande ouviu de Luiz Tosi, da revista Roadie Crew, a pergunta, em tom cômico, sobre quando ele “entraria para o Slipknot”. Sob risadas de jornalistas e músicos, o baterista entrou na brincadeira: “Na verdade, comecei a tocar com Paul McCartney”. O guitarrista Andreas Kisser completou: “Bem melhor, com todo respeito ao Slipknot.”
Cerca de dois meses depois, a piada se tornaria verdade. Eloy deixou o Sepultura em fevereiro deste ano, às vésperas da estreia da turnê, iniciada em 1º de março, na Arena Hall, em BH. Foi confirmado como o novo dono das baquetas da banda norte-americana em abril, o que gerou troca de farpas entre Andreas e seu ex-batera.
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Polêmicas à parte, fica agora a expectativa sobre os próximos passos de Eloy Casagrande após os primeiros shows com o novo grupo. “Imagino que será mais um patamar, ele não vai parar no Slipknot. Dá para prever que a carreira dele será ainda maior”, opina o jornalista Alessandro Bonassoli.
ENTRE ACORDES
A série do Estado de Minas conta histórias e curiosidades do mundo da música e seu impacto na cultura pop. Oito reportagens abordam grandes nomes do rock mundial.