A artista visual Beatriz Mom anuncia cortejo, sarau e

A artista visual Beatriz Mom anuncia cortejo, sarau e "Um chá muito louco" nesta quinta-feira (4/7)

crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

 

 

Em 4 de julho de 1862, Lewis Carroll descia o Rio Tâmisa em um passeio de barco junto do amigo Robinson Duckworth e das três filhas do vice-chanceler da Universidade de Oxford, Henry George Liddell – Loriny Charlotte, Edith Mary e Alice Pleasance. Para entreter as três pequenas, Carroll contou a elas as aventuras de uma menina no País das Maravilhas, governado pela rainha cruel cujos soldados eram cartas de baralho, “onde jabutis, grifos e lagostas gostam de dançar quadrilha”.

 


Involuntariamente, Carroll dava início ali ao livro que se tornaria sua obra-prima e seguiria popular até este século 21. Três anos depois, em 4 de julho de 1865, o autor lançou a primeira versão de “As aventuras de Alice no País das Maravilhas”.

 

 


Aquele 4 de julho ficou marcado no imaginário dos fãs do britânico, que promovem em diferentes países o Alice’s Day. Nessas reuniões anuais, as pessoas se vestem com as roupas dos personagens e saem às ruas para participar de saraus.

 

Novidade em BH

 

O evento chegou à capital mineira em 2010 pelas mãos da artista visual Beatriz Mom. No entanto, recebeu outro nome: Carrollsday.

 


“Não queríamos nos limitar a apenas uma obra do Carroll”, explica Beatriz. “Ele também era fotógrafo e matemático. Era, inclusive, professor de matemática em um colégio de Oxford. Por isso, quis trabalhar com essas outras facetas dele. Chamar a atenção para o criador e não só para a criatura.”

 


O foco da edição mineira é o “desaniversário”, neologismo criado pelo autor britânico em “Alice através do espelho”. Ele remete à ideia de que um evento pode ser comemorado em qualquer dia – não apenas na data em que estreou.

 


Porém, não será um “desaniversário” qualquer em BH. Beatriz conta que serão celebrados os 70 anos da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, completados no dia 2 de junho. A festa gratuita ocorrerá na próxima quinta-feira (4/7), no Memorial Minas Gerais Vale e no anexo da Biblioteca, na Praça da Liberdade.

 

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A programação terá início com o cantor e ator Marcelo Veronez. “Ele será nosso ‘mestre sem cerimônia’, que vai ‘desconduzir’ o público pelas salas do Memorial e depois para o anexo da Biblioteca Pública”, informa Beatriz.

 

Emulando o Coelho Branco, responsável por levar Alice do mundo real até as loucuras do País das Maravilhas, Veronez vai guiar o público para o sarau nonsense concebido pelo compositor e escritor Miguel Javaral. Assim como a menina do livro, o público será convidado a mergulhar num mundo onírico completamente alheio à lógica formal da realidade.

 


Se na obra de Carroll o nonsense se faz presente em situações, jogos de palavras e personagens com figuras desproporcionais e distorcidas, no sarau ele está nas linhas melódicas performáticas de Javaral e nos textos de seus “escritos experimentais”.


Chá com surpresa

 

Por fim, Veronez conduzirá o público até “Um chá muito louco” com a artista Thereza Portes, no anexo da Biblioteca Pública.

 

A lebre, o leirão, a preguiça e o Chapeleiro Maluco não devem se sentar à mesa. Porém, pelo histórico de Thereza Portes, o público pode esperar algo inusitado e, no mínimo, exagerado. Em julho do ano passado, ela abriu a exposição “Outros desdobramentos” levando uma rosca de 8m para a Rua Padre Belchior, no Centro de BH.

 

“No final de tudo, já no anexo da Biblioteca Pública, vai ter uma grande surpresa”, avisa Beatriz Mom. E reforça o convite para que o público vá fantasiado de personagens dos livros de Carroll.

 


“Usando um neologismo – afinal, Lewis Carroll gostava tanto de neologismos em suas obras –, vamos ‘divestir’, ou seja, ao mesmo tempo, divertir e vestir as roupas dos personagens”, destaca a artista.

 


No quesito fantasia, Beatriz lembra que por explorar muito bem o aspecto visual em seus textos, o escritor britãnico oferece diversas possibilidades de interpretação das histórias.

 


“Ele consegue propor imagens escritas, isso acaba inspirando e instigando a criatividade das pessoas. Se você for pesquisar, vai ver que existem várias pinturas e desenhos da Alice espalhados pelo mundo. Cada qual com características próprias. Um a Alice é diferente da outra”, conclui Beatriz Mom.

 

CARROLLSDAY


Na quinta-feira (4/7), às 18h30, no Memorial Minas Gerais Vale (Praça da Liberdade, 60, Funcionários). Em seguida, o público segue para o anexo da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, ao lado. Entrada franca, mediante retirada de ingresso a partir das 17h30 (um por pessoa). Informações: (31) 3308-4000.