"Estância" é balé "para ser ao vivo, desenhado para orquestra" , diz o coreógrafo Rodrigo pederneiras

crédito: José Luiz Pederneiras/Divulgação

 

O paredão vermelho do foyer da Sala Minas Gerais foi o cenário para uma cena singular nesta semana. Em vez das já tradicionais cadeiras e poltronas, barras para aulas de balé. Foi ali que os bailarinos do Corpo se aqueceram para entrar em cena nos dois ensaios que fizeram com a Filarmônica, na terça (2/7) e quarta (3/7), respectivamente.

 


Nesta quinta (4/7), companhia e orquestra iniciam a nova temporada de “Filarmônica e Grupo Corpo em concerto”. Até domingo (7/7, única das quatro sessões com ingressos disponíveis), serão apresentados “Dança sinfônica” e “Estância”. O programa é semelhante ao da temporada de agosto de 2023, também na Sala Minas Gerais.

 

O espetáculo será aberto com a obra criada por Marco Antônio Guimarães, gravada pela própria Filarmônica para celebrar os 40 anos do Corpo, em 2015, e encerrado com a coreografia para o balé do argentino Alberto Ginastera (1940). Esta foi uma encomenda do maestro venezuelano Gustavo Dudamel para apresentação do Corpo com a Filarmônica de Los Angeles no Hollywood Bowl, há um ano.


Desta vez, a Filarmônica vai executar, sozinha, uma peça diferente. A escolha do maestro Fabio Mechetti foi “Danzón nº2” (1994), mais conhecida obra do mexicano Arturo Márquez. Muito da popularidade se deveu a Dudamel, que a incluiu na turnê de 2007 da Sinfónica Simón Bolívar de Venezuela. Para a obra de Ginastera, o barítono convidado é Vinicius Atique.

 

Desafios

 

Levar um balé para a sala de concertos requer adaptações. A principal delas é a extensão do palco, que cobrirá até a quarta fileira de assentos da plateia central. Em meio aos ensaios na Sala Minas Gerais, o coreógrafo Rodrigo Pederneiras falou da nova temporada.


“Tenho para mim que é, hoje, a melhor sala do país. A sonoridade é impressionante; outra. E o maestro Fabio Mechetti é fácil de conversar. Não tem senões, o que para mim é fantástico, ainda mais como frequentador da sala.”


Em maio, o Grupo Corpo levou programa semelhante para a Sala São Paulo, onde se apresentou com a Osesp. “O maestro convidado era um argentino (Dante Santiago Anzolini), e ele queria bater o pé sobre certos andamentos. Foi difícil convencê-lo, mas como é para dança, (a música) tem que ser como foi ensaiada. No final, deu certo”, conta Pederneiras.

 

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Na temporada de 2023, “Dança sinfônica” começou com um pas de deux, certamente um dos mais bonitos da trajetória do Grupo Corpo. “Acrescentamos uma valsa antes do grande adágio. Acho que deu mais costura, ligamento para as coisas”, continuou Pederneiras.


Neste ano, a companhia não vai estrear nenhum espetáculo. O grupo vem se dedicando à estrada. No primeiro semestre, fez nova turnê pelos Estados Unidos. Pederneiras destacou duas apresentações na Opera House do Kennedy Center, em Washington.

 

'Gira' encanta nos EUA


Lá fora, foram apresentados “Gira” (2017) e “Gil refazendo” (2022). “As pessoas ficam um pouco eletrizadas, talvez um pouco mais do que aqui. Acho que pela novidade, tipo de movimentação, de música. Fazer ‘Gira’ é aquela coisa. Mesmo que a gente explique como se dá o ritual na umbanda, o que ele significa aqui no Brasil, as pessoas ficam meio assustadas, no bom sentido.”


Não há, por ora, nova temporada com orquestra, mas Pederneiras deseja que ela venha. “‘Estância’ é feito para ser ao vivo, desenhado para orquestra. Eu espero que dê uns bons frutos na Europa”, diz.


Em agosto, a companhia mineira parte para o Festival Internacional de Edimburgo, na Escócia. Leva na bagagem “Gira” e “Gil refazendo”.

 

“FILARMÔNICA E GRUPO CORPO EM CONCERTO”
Desta quinta (4/7) a sábado (6/7), às 20h30, e domingo (7/7), às 18h, na Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1.090 – Barro Preto). Ingressos: R$ 280 e R$ 140 (meia), disponíveis apenas para domingo. À venda na bilheteria e no site filarmonica.art.br.