O cineasta Clery Cunha fez longa espírita, produziu filmes da Boca do Lixo e atuou no teatro, dirigindo a peça "Pluft, o fantasminha" e trabalhando como ator -  (crédito: Curta Circuito/divulgação)

O cineasta Clery Cunha fez longa espírita, produziu filmes da Boca do Lixo e atuou no teatro, dirigindo a peça "Pluft, o fantasminha" e trabalhando como ator

crédito: Curta Circuito/divulgação

O cineasta Clery Cunha, de 85 anos, morreu na quinta-feira (4/7), vítima de câncer, em São Paulo. O diretor ficou conhecido por trabalhos como “Os desclassificados”, com Hélio Souto e Joana Fomm num suspense inspirado em um crime real, e “Joelma 23º andar”, filme com Beth Goulart, que reconta o incêndio do edifício Joelma, em São Paulo, que o sagrou como pai do cinema espírita.

 

Nascido em Leopoldo de Bulhões, em Goiás, Cunha começou sua carreira em 1956, como operador de cabo da TV Tupi. Após trabalhos na área técnica, foi ator em programas como “TV de vanguarda”, seguido de trabalhos no teatro, atuando em “Sorocaba senhor” e “O amor venceu”, dirigindo “Pluft, o fantasminha” e “Entre quatro paredes”, além de ter sido produtor de rádio.

 

Mas foi o cinema que deu a maior projeção ao artista. Um de seus maiores sucessos, “Joelma 23º andar” (1980) misturou cenas ficcionais com imagens reais da tragédia no edifício que sofreu um incêndio em 1974.

 

 

O filme reconstitui a morte da digitadora Volquimar Carvalho dos Santos, que morreu asfixiada junto de outras colegas. Posteriormente, o médium Chico Xavier psicografou a carta em que o espírito de Volquimar, supostamente, relata os últimos momentos da moça. O texto integra o livro “Somos seis”.

 

Boca do Lixo


Fã de quadrinhos, seriados policiais e faroestes, Cunha produziu filmes de apelo popular produzidos na Boca do Lixo, em São Paulo. Também dirigiu “A pequena órfã” (1973), melodrama baseado na telenovela da TV Excelsior, com participação do sambista Noite Ilustrada.

 

Já “Pensionato de mulheres”, de 1974, reuniu nomes como Magrit Siebert e Helena Ramos no elenco, com roteiro de Joana Fomm e diálogos de Ody Fraga.

 

Na onda do sucesso de “O menino da porteira”, ele produziu ainda a comédia “Chumbo quente” com a dupla sertaneja Léo Canhoto e Robertinho, com toques de faroeste spaghetti e de teatro circense.

 

A aproximação com o universo popular televisivo se refletiu ainda em “O outro lado do crime” (1979), com participação e narração do repórter policial Gil Gomes, e “O rei da boca”, de 1982, que reconta a ascensão e queda de um chefão do submundo paulistano.