Anthony Perkins é Norman Bates em

Anthony Perkins é Norman Bates em "Psicose", clássico que será exibido à meia-noite desta sexta-feira

crédito: Paramount Pictures

Michael Myers, Jason Voorhees e Freddy Krueger, vilões das franquias “Halloween”, “Sexta-feira 13” e  “A hora do pesadelo”, respectivamente, têm em comum não apenas a predisposição para o assassinato. Os três pertencem a um dos subgêneros mais aclamados do terror: o slasher.

 

Caracterizado por malvados mascarados ou desfigurados, vítimas adolescentes e imagens de violência explícita, o slasher viveu sua era de ouro nos anos 1980. É descendente de outra vertente do terror, o giallo italiano, que influenciou diretamente os filmes “Chamas da morte” e “Brinquedo assassino”, por exemplo.

 

 

Nesta sexta-feira (6/7), estreia a mostra “Estruturas do medo: giallo e slasher”, no Cine Humberto Mauro, com entrada franca. Serão exibidos 40 longas dos dois subgêneros até 7 de agosto. A tradicional “Sessão da meia-noite” (de hoje para amanhã) trará um clássico: “Psicose”, de Alfred Hitchcock, lançado em 1960. A retirada de ingressos para este filme deve ser feita exclusivamente na plataforma Eventim.

 

“É difícil pensar o terror sem pensar nos filmes slashers”, afirma Vitor Miranda, gerente de cinema da Fundação Clóvis Salgado. “Decidimos complementar a programação com o subgênero que originou sua estrutura, além de trazer longas famosos que muitas pessoas têm interesse de rever ou assistir pela primeira vez no cinema”, explica.

 

Hitchcock e literatura

 

O giallo mistura um pouco de Hitchcock com literatura policial, observa. “‘Seis mulheres para o assassino’, de Mario Bava, considerado o primeiro giallo, é muito parecido com ‘Psicose’. Quando o subgênero italiano se estabeleceu, passou a influenciar os cineastas norte-americanos que criaram o slasher”, informa Miranda.

 

 

A mostra terá sessões comentadas dos filmes “Os pássaros das plumas de cristal”, “Horário de visitas”, “Monstros”, “Acampamento secreto” e “O animal cordial” por pesquisadores e críticos. O professor de cinema José Ricardo Miranda Jr. vai ministrar o curso gratuito “Atravessamentos brutais: materialidade e transcendência no Giallo e Slasher”, nos dias 17 e 18 deste mês.

 

“O giallo tem endereço muito específico: a Itália. Ele vem da literatura do crime comercializada nas chamadas revistas pulp, livrinhos que tinham capas amarelas para indicar o gênero da narrativa. Por isso o nome giallo – amarelo, em italiano”, afirma Miranda.

 

Filmes do subgênero italiano abordaram o crime de ordem psicológica, com traços do cinema de suspense e policial.

 

“Conforme o giallo progride, mais elementos de terror são incorporados à narrativa, com destaque para imagens violentas e sistemas psicossexuais. Figuras como Mario Bava e Dario Argento ajudaram a definir o gênero durante as décadas de 1960 e 1970”, detalha.

 

Miranda destaca que apesar de o slasher ter sido muito influenciado pelo giallo, ele traz características que o diferenciam da narrativa italiana.

 

 

 

Jason, o astro

 

“Apesar de o slasher também ser marcado por imagens violentas, já não dá mais para defendê-lo como uma dinâmica tão psicossexual quanto no subgênero antecessor. É muito comum no slasher a história do assassino mascarado, o que traz outra dimensão para as narrativas. Se no giallo o assassino é uma figura misteriosa que pratica crueldades de ordem sexual, os monstros do slasher geralmente têm dificuldades nesse aspecto e são amplamente conhecidos. O assassino slasher é o próprio filme. As pessoas não vão assistir a ‘Sexta-feira 13’, elas vão ver o filme do Jason”, brinca o professor.

 

O Cine Humberto Mauro também exibirá produções recentes que jogam com códigos característicos dos filmes de terror, além de satirizá-los. É o caso de “Pânico”, “Todo mundo em pânico” e “Terror nos bastidores”.

 

 

“Os filmes slasher criaram uma fórmula que deu muito certo e foi usada até a saturação. Várias franquias tinham custo de produção baixo, o que deu margem à criação de inúmeras sequências que não se preocupavam tanto com a qualidade. Filmes como ‘Pânico’ e “A hora do pesadelo 4”, ambos de Wes Craven, são slashers muito autoconscientes de seus próprios clichês e repetições”, afirma Vitor Miranda.

 

Nas próximas semanas, os longas “Treze mulheres”, “Os crimes do museu”, “Curva do destino”, “A tortura do medo” e “Seis mulheres para o assassino” ficarão disponíveis na plataforma de streaming Cine Humberto Mauro MAIS.

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

 

 

PROGRAMAÇÃO

 

SEXTA (5/7)


17h30: “A tortura do medo”, de Michael Powell

19h30: “Vestida para matar”, de Brian De Palma

Meia-noite: “Psicose”, de Alfred Hitchcock

 

SÁBADO (6/7)


15h: “Seis mulheres para o assassino”, de Mario Bava


16h45: “Banho de sangue”, de Mario Bava


18h15: “Sexta-feira 13”, de Sean S. Cunningham


20h: “Sexta-Feira 13, parte 2”, de Steve Miner

 

DOMINGO (7/7)


18h: “Halloween: A noite do terror”, de John Carpenter


20h: “Halloween II: O pesadelo continua”, de Rick Rosenthal

 

 

“ESTRUTURAS DO MEDO: GIALLO E SLASHER”


Até 7 de agosto, no Cine Humberto Mauro (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada franca, mediante retirada de ingressos na bilheteria uma hora antes de cada sessão. Ingressos para “Psicose”, que será exibido desta sexta para sábado (5/7 e 6/7), à meia-noite, devem ser retirados exclusivamente no site Eventim. Programação completa no site do Palácio das Artes.