Detalhe de foto feita por João Vargas Penna no alto do Edifício Acaiaca -  (crédito: João Vargas Penna/reprodução)

Detalhe de foto feita por João Vargas Penna no alto do Edifício Acaiaca

crédito: João Vargas Penna/reprodução

 

 

Espremida por prédios levantados à revelia do planejamento original da capital, uma área verde de 182 mil metros quadrados, com rica biodiversidade, resiste no coração de Belo Horizonte. “Pulmão da cidade”, o Parque Municipal Américo Renné Giannetti oferece respiro em meio a tanto concreto.

 


Assim é a foto panorâmica “Acaiaca”, feita pelo cineasta mineiro João Vargas Penna – uma das imagens que se destacam no livro “Panamericanas BH”. A publicação será lançada neste sábado (6/7), na Livraria da Rua, na Savassi.

 

 

Feita do topo do famoso edifício de Belo Horizonte, a imagem sintetiza a estrutura do livro e as motivações que guiaram Penna na disposição das 31 fotos da capital, todas no formato panorâmico e realizadas com celular.

 


Semelhante a uma exposição, “Panamericanas BH” apresenta a cidade em camadas – três, para ser mais exato. Começa com imagens cruas de construções cimentadas que empedram a paisagem, como a mureta que divide a Rua Sapucaí com o terreno do metrô, o Viaduto Santa Tereza, a cerca de arame de concertina e pichações na fachada de uma abandonada Serraria Souza Pinto.

 

Na sequência, como respiro, vêm as fotos de áreas verdes. As imagens das árvores circundando a orla da Pampulha, os jardins da Casa do Baile e os pequenos lagos do Parque Municipal exibem a natureza, mesmo espremida entre as construções. Em outra sequência, veem-se casas e sobrados antigos levantados há 50 anos, pelo menos.

 


“O livro é um pouco sobre minha relação com a cidade e também a minha percepção da cidade”, destaca Penna. “Nasci em Belo Horizonte e morei aqui até minha juventude. Vivi alguns anos fora do Brasil, mudei para São Paulo, onde fiquei alguns anos, e também fui morar no Rio de Janeiro, onde vivi mais de 20 anos”, comenta.

 

Agora, João está de volta a BH. “É claro que, com esse tempo todo fora, a cidade não é mais a mesma e nem eu sou mais o mesmo”, afirma.

 

Outra cidade

 

O cineasta não quis fazer um registro convencional. A opção de fotografar em panorâmica com o celular deixa claro o propósito de dar ao leitor a impressão de ver a cidade em movimento.

 


“Quando fazemos uma foto panorâmica, precisamos nos mover para pegar a extensão maior da imagem. Nisso, quando não há tripé bonitinho, a foto oscila, resultando em imagem irregular. Esta foi minha intenção, justamente para que o resultado final se aproximasse do desenho à mão livre, imprimindo uma subjetividade, sem limitar a fotografia ao registro de um instante específico”, diz Penna.

 

No prefácio, o pesquisador Fernando Cocchiarale escreve que o livro traz “releituras da arquitetura e da paisagem urbana sem régua e compasso”, sugerindo “uma narrativa que desloca tempo e espaço, abolindo a noção de instante fotográfico. Com efeito, são reescrituras da cidade, sempre em constante transformação.”

 

Bate-papo

 

Na quarta-feira (10/6), João Vargas Penna vai se reunir com o fotógrafo Eugênio Sávio, na sala multimeios do MIS Cine Santa Tereza, para um bate-papo com o público sobre o processo de produção da fotografia em panorâmica.

 

Será lançada a versão digital de “Panamericanas BH”, disponível para venda no site joaovargaspenna.com.

 

“PANAMERICANAS BH”


. De João Vargas Penna
. Rona Editora
. 72 páginas
. Lançamento neste sábado (6/7), às 12h, na Livraria da Rua (Rua Antônio de Albuquerque, 913, Savassi). Exemplares à venda no local por R$ 48.