"Devoção" tem libreto assinado por André Cardoso, no qual personagens ficcionais interagem com os históricos

crédito: Márcia Charnizon/Divulgação

 

Congonhas e Ouro Preto. Duas cidades históricas do interior mineiro que neste final de semana servirão de cenário para montagens de obras do universo erudito. Congonhas recebe neste sábado (13/7) a pré-estreia de “Devoção”, ópera inédita que a Fundação Clóvis Salgado encomendou ao compositor carioca João Guilherme Ripper e ao escritor André Cardoso.

 


Ambientada na própria Congonhas, a trama se passa no século 18, quando o minerador português Feliciano Mendes encomendou a construção do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Segundo documentos da Arquidiocese de Mariana, Mendes apresentou o projeto da igreja depois de ser curado de uma grave enfermidade.

 


Acredita-se que Mendes tenha adoecido em razão de seu ofício. Foi para Portugal no intuito de receber orientações religiosas para obter a salvação da alma e, inspirado por Deus, voltou para Congonhas para levantar uma pequena cruz na estrada que levava à cidade. Feito isso, ele acabou sendo curado da doença e, como forma de gratidão, decidiu substituir a cruz por um grande templo religioso.


Fortuna


Mendes gastou toda a sua fortuna para realizar o projeto de características barrocas e que guardasse algumas semelhanças com a Igreja de São João de Latrão, em Roma. Porém, morreu antes que a obra fosse totalmente concluída.

 


“Comecei a compor essa ópera em dezembro e terminei em abril”, conta Ripper. “É claro que ela conta uma história real, mas eu e o André tivemos que inserir certos personagens inventados para que eles preenchessem lacunas que existiam”, diz.

 


Dessa forma, surgiram figuras como a Beata (interpretada por Bárbara Brasil), o Mascate e o Tropeiro (ambos interpretados por Johnny França). Junto de Feliciano Mendes (Matheus Pompeu), Mercês (Carla Caramujo) e Padre Antônio Rodrigues de Sousa (Savio Sperandio), os personagens ficcionais dão vida a um espetáculo que foge do formato tradicional de ópera. “É como se fossem quadros de uma Minas Gerais do século 18”, diz Ripper.

 


Poema sinfônico


Também no sábado (13/7), a Casa da Ópera de Ouro Preto recebe o concerto “Brasília: Sinfonia da alvorada”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Com direção de Paulo Rogério Lage (que dirigiu “Valencianas”, projeto da Orquestra Ouro Preto com Alceu Valença), o concerto conta com músicos da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

 


Composto em 1959 por encomenda de Juscelino Kubitschek em razão da construção de Brasília, o poema sinfônico foi feito para ser interpretado por orquestra. No concerto de amanhã, porém, serão apenas sete músicos no palco. Para chegar a esse formato, a peça foi adaptada com arranjos de Waltson Tanaka.

 


De caráter nacionalista, “Brasília: Sinfonia da alvorada” seria a expressão da modernidade característica do governo de JK. “No entanto, por trás disso tudo, tem toda uma história de um país passando por momento entre crises, mas que se destaca por ter a nata da cultura, como o Tom Jobim, o Vinicius de Moraes e o Oscar Niemeyer juntos”, comenta Paulo Rogério Lage.

 

 

“BRASÍLIA: SINFONIA DA ALVORADA”
Poema sinfônico de Tom Jobim e Vinicius de Moraes interpretado por músicos da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sob regência de Robson Fonseca. Neste sábado (13/7), às 20h, na Casa da Ópera de Ouro Preto (Rua Brg. Musqueira, 104, Centro). Entrada franca, por ordem de chegada.