O brasileiro Ensemble Plurisons reúne piano, clarinete, flauta, violoncelo, percussão, violino e eletrônica -  (crédito: Leandro Machado/divulgação)

O brasileiro Ensemble Plurisons reúne piano, clarinete, flauta, violoncelo, percussão, violino e eletrônica

crédito: Leandro Machado/divulgação

 

 

A imagem do compositor de música clássica formada no imaginário popular brasileiro se dissocia por completo da realidade. E é um tanto cruel, diga-se. A este autor é atribuída a perfeição, qualidade que, no entanto, só lhe é conferida depois da morte.

 


“No campo (da música) popular não existe essa ideia”, afirma o compositor soteropolitano Januibe Tejera. “Músicos lançam canções excelentes e outras nem tão boas sem a cobrança de sempre ter de fazer a obra perfeita. Quando você olha para um Chico Buarque, por exemplo, é o conjunto da obra que é avaliado e não uma única canção”, acrescenta.

 

 

 


Januibe Tejera é diretor artístico do 3º Plurisons – Festival Internacional de Criação Musical, que há três anos abre espaço para compositores contemporâneos de música de concerto, além de debater novas práticas nesse campo.

 

Nas duas primeiras edições, estrearam 30 peças, com participação de artistas do Brasil, França, EUA, Suíça, Inglaterra, Argentina, Alemanha, Taiwan, Japão e Singapura.

 


A abertura ocorrerá nesta terça-feira (16/7) à noite, em concerto gratuito na Sala Sergio Magnani da Fundação de Educação Artística (FEA).

 


Até domingo (21/7), haverá seis apresentações divididas entre a FEA, parceira do evento, e o Conservatório UFMG. A agenda também conta com atividades pedagógicas e palestras.

 

Brasil e Espanha

 

Sob a batuta de Tejera, o primeiro concerto terá peças de Jorge Elizandro, Levy Oliveira, Paulo Rios Filho, Silvio Ferraz e do próprio Tejera interpretadas pelo grupo brasileiro Ensemble Plurisons e o espanhol Ensemble Vertixe Sonora.

 


Diferentes entre si, as peças propõem abordagens para a escuta. A música, aqui, é considerada ação política, seja defendendo uma bandeira específica ou apresentando linhas melódicas que seguem o caminho da experimentação.

 


“Infelizmente, aqui no Brasil ainda é ausente o espaço voltado para o compositor de música escrita – prefiro este termo a música clássica ou erudita. O que a gente vem fazendo com o festival é alimentar uma rede de compositores para fomentar a apresentação de suas obras. Embora o espaço seja ausente, temos vários compositores de muita qualidade”, ressalta Tejera.

 

Músicos do grupo espanhol Vertixe Sonora

O espanhol Vertixe Sonora, convidado da edição mineira do Plurisons, participa de concertos até domingo

Irene garcía/divulgação

 


A cada ano, Plurisons traz diferentes convidados para compartilhar experiências com os participantes. Nesta edição estarão presentes dois ensembles: o Plurisons e o Vertixe Sonora, além de instrumentistas das orquestras Filarmônica e Sinfônica de Minas Gerais.

 


Fernanda Navarro, Rogério Vasconcelos e Felipe de Almeida Ribeiro já estão na capital mineira. O trio de autores sintetiza a proposta do concerto de abertura.

 


Fernanda Navarro vê a música como ato político – seu trabalho remete ao machismo estrutural da sociedade, sobretudo brasileira. Já Rogério Vasconcelos propõe novas maneiras de imaginar o som por meio da inventividade das composições. Felipe Ribeiro mescla a sonoridade de instrumentos tradicionais com a tecnologia.

 

Veja ensaio do Ensemble Purisons:

 

 

 


Peças dos convidados serão executadas no festival. Ribeiro estará no repertório do segundo, quarto e sétimo concertos (respectivamente, em 17, 20 e 21/7); Navarro, no terceiro, sexto e sétimo (em 19 e 21/7). As composições de Vasconcelos poderão ser ouvidas no quarto, quinto e sétimo concertos (em 20 e 21/7).

 


A maior parte do programa conta com obras de brasileiros, ressalta Tejera. Cada apresentação vai mostrar pontos de vista diferentes acerca da dita música erudita. No segundo concerto, por exemplo, o foco é a utilização do field recording, sintetizadores e improvisação, além de processos de escrita para eletroacústica nas criações.

 


Na terceira apresentação, o programa propõe investigar o virtuosismo da execução por meio do uso da voz, do gesto e da repetição, destacando-se o trabalho camerístico timbrístico.

 


No encerramento do Festival Plurisons, camerata vai reunir artistas convidados e alunos participantes de oficinas.

 

 

 

 

PROGRAMAÇÃO

 

TERÇA (16/7)


20h: Concerto de abertura, com ensembles Plurisons e Vertixe Sonora. Sala Sergio Magnani

 

QUARTA (17/7)


20h: Concerto com Vinicius Baldaia, Tassio Caetano, Pedro Pascoali, Ivan Simurra, Gustavo Arrima e Felipe de Almeida Ribeiro. Conservatório UFMG

 

SEXTA (19/7)


20h: Concerto com ensembles Plurisons e Vertixe Sonora. Sala Sergio Magnani

 

SÁBADO (20/7)


11h: Concerto com alunos participantes da oficina de interpretação Conservatório UFMG

20h: Concerto com Rémy Reber (França), Nuno Marques (Espanha), Flávio Gabriel, Alexandre Zamith (Brasil) e alunos. Sala Sergio Magnani

 

DOMINGO (21/7)


11h: Concerto com alunos. Sala Sergio Magnani
19h: Concerto com ensembles Plurisons e Vertixe Sonora. Sala Sergio Magnani

 

>> Sala Sergio Magnani (Rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários). Conservatório UFMG (Av. Afonso Pena, 1.534, Centro). Entrada franca. Programação completa: plurisons.com