Dean Pleasants, Jay Weinberg, Mike Muir e o garoto-prodígio Tye Trujillo fizeram cinco shows no Brasil  -  (crédito: Mel Hummel/divulgação)

Dean Pleasants, Jay Weinberg, Mike Muir e o garoto-prodígio Tye Trujillo fizeram cinco shows no Brasil

crédito: Mel Hummel/divulgação

 

 

Venice, Los Angeles, 1980. Um bando de garotos que gostava de skate e metal começou a tocar. Logo eles passaram a cobrar pelos shows que faziam dentro de casa. “No way”, responde o vocalista Mike Muir, quando questionado se o cara que ele foi lá atrás (tinha 17 anos) poderia imaginar que estaria hoje, aos 61, ainda à frente da californiana Suicidal Tendencies.

 


“Não achava que a banda completaria nem cinco anos, pois o que fazíamos nem era considerado música”, afirma. Feitas as contas, o Suicidal já tem 44 anos de história. Somente Muir permanece da formação original deste grupo seminal do crossover entre hardcore e thrash metal. Segue vivo e chutando, como vai mostrar no show desta noite (17/7), no Mister Rock. A apresentação é a quinta da nova turnê brasileira.

 

 

 

 


É a primeira vez que o Suicidal toca com a atual formação no país: o baterista Jay Weinberg (ex-Slipknot), Tye Trujillo no baixo e o guitarrista Dean Pleasants (este sim, desde 1995 no grupo).

 

Agradecimento

 

A parada no Brasil – chegaram na semana passada da Europa e logo seguem direto para os EUA, com novos shows a partir de domingo (21/7), em Denver – foi incluída nos planos da banda recentemente. Foi feita porque assim o grupo quis, uma espécie de agradecimento por tantas passagens pelo país (a primeira há 30 anos).

 


“Só estamos fazendo cinco shows porque foi o que deu para encaixar. Tirei o período do nosso tempo de folga, mas todo mundo se animou em fazer a turnê”, comenta Mike Muir.

 

 

 


A turnê tem um mote. O lançamento do single “Nós somos família”, que contou com a participação de vários nomes do rock nacional: Badauí (CPM22), B Negão (Planet Hemp), João Gordo, Rodrigo Lima (Dead Fish), Supla, Fernanda (Crypta), Marcão Britto e Thiago Castanho (Charlie Brown Jr), além dos campeões de skate Sandro Dias e Pedro Barros.

 


O single, na verdade, é uma versão de “We are family”, do álbum “Freedumb” (1998). Muir não tem a menor noção do que os amigos brasileiros estão cantando. Mesmo com tantas vindas a estas bandas, não entende lhufas de português – considera a língua superdifícil. O vídeo de “Nós somos família” já está disponível, com toda a trupe, brasileiros e gringos.

 


É também a primeira música com Weinberg nas baquetas do Suicidal. Foi gravada aqui e nos EUA, pois a banda não pôde vir ao país. “Fiquei acompanhando pelo Facetime e vi quanta coisa estava acontecendo. O resultado foi incrível”, diz Muir.

 


Em São Paulo, o registro ocorreu no Estúdio Central, com produção executiva de Alex Palaia, parceiro da banda no Brasil há mais de 10 anos.

 


Muir e o Suicidal estrearam na América do Sul em 1993. “Era uma época diferente, política e economia estavam muito ruins. Nunca tinha visto inflação de quase 100% no mês, eu sentia pelas pessoas”, diz o vocalista.

 


“Sabe como é, tudo vira uma questão política. É por isso que não gosto de política. Hoje, há muitas coisas acontecendo em muitos lugares e as pessoas esperam que você diga o que querem ouvir. Digo que a política não une as pessoas, faz com que elas se odeiem, que achem que precisam se encaixar em um grupo, que não podem ficar sozinhas.”

 

O fã-clube do "caçula"

 


Falando de coisas mais palatáveis, Muir comenta sobre a presença de Tye Trujillo, o filho de 19 anos de Robert Trujillo, do Metallica, baixista do Suicidal entre 1989 e 1995. “Olha que Tye está com a gente já tem quatro anos. É superjovem, mas tínhamos 16, 17 quando começamos...”

 


Muir conta que Tye tem o próprio fã-clube. “Em todos os lugares, tem gente (dizendo): ‘Ai meu Deus, quero ser como o Tye’. É incrível, e mostra o tanto do entusiasmo do público com a gente.”

 


Trujillo pai é um dos melhores amigos de Muir. “Robert toca na frente de 60 mil pessoas como se fosse uma coisa normal. Mas quando vai assistir ao filho tocar, fica supernervoso. É engraçado vê-lo na lateral do palco.”

 


Tocar com (e para) a garotada é sempre diversão, diz Muir. “Depois dos shows, os filhos dos nossos fãs vão atrás da gente. Dizem: ‘Você é louco, adoro o que faz’. Essa é uma das coisas que mostram que você está fazendo certo. Fizemos há pouco um festival na Califórnia. Tinha 45 mil pessoas e uma lista enorme de bandas de punk rock. Depois, li a resenha que dizia que só uma dessas bandas tocava como se fosse jovem. E era o Suicidal.”

 


A turnê brasileira sofreu uma baixa. O show de ontem (16/7), que seria realizado em Porto Alegre, foi transferido para Florianópolis. Muir lamenta muito a tragédia gaúcha: “Conheço muitas pessoas de lá, é como se fosse família, sabemos a tristeza que é uma enchente”.

 


O vocalista afirma que assim que as coisas estiverem normalizadas, vai a Porto Alegre fazer apresentação com entrada franca. 

 

SUICIDAL TENDENCIES


Show nesta quarta-feira (17/7), às 21h, no Mister Rock (Av. Teresa Cristina, 295, Prado). Abertura às 19h50, com Black Pantera. Ingressos de R$ 140 (meia, pista, 2º lote) a R$ 190 (mezanino solidário). À venda no showpass.com.br