Boneco do protagonista de "O pequeno príncipe" recepciona os  visitantes no setor infantojuvenil da Biblioteca Pública Estadual de Minas  Gerais, na Praça da Liberdade -  (crédito: Ricardo Girundi/divulgação)

Boneco do protagonista de "O pequeno príncipe" recepciona os visitantes no setor infantojuvenil da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, na Praça da Liberdade

crédito: Ricardo Girundi/divulgação

 


“O pequeno príncipe” foi traduzido para mais de 500 idiomas e dialetos. Obra atemporal, ganhou inúmeras edições, repletas de particularidades. A coleção do escritor José Marcos Ramos, de 73 anos, já chegou à marca dos 400 exemplares. Ao longo de meio século, o belo-horizontino reuniu acervo dedicado ao clássico do francês Antoine de Saint-Exupéry. Parte dele ficará exposto até 31 de agosto na Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, na Praça da Liberdade.

 


O amor pelo livro surgiu quando Ramos estudava na Aliança Francesa. Na escola dedicada ao ensino do francês, o adolescente teve contato com o romance pela primeira vez, lido no idioma original. Mais tarde, na década de 1970, durante viagem para a Argentina, Ramos se perguntava sobre a lembrança que traria daquele país. No aeroporto, comprou a edição de “O pequeno príncipe” em espanhol.

 

 

A extensa coleção começou ali. “A partir daquele dia, em todas as minhas viagens, procurava um exemplar de ‘O pequeno príncipe’ na língua do país onde estava. Com o tempo, percebi que, infelizmente, não conseguiria rodar o mundo todo. Então, passei a pedir aos amigos que trouxessem edições para mim. Foi assim com a China e o Japão”, conta o colecionador.

 


Em casa, Ramos guarda cuidadosamente livros editados na Hungria, na Espanha e até com hieróglifos utilizados no Antigo Egito. Um dos exemplares veio de uma colônia alemã no Brasil, com sua escrita particular.

 


Mais tarde, com a chegada da internet, o colecionador mineiro percebeu que não era “o único louco no mundo” apaixonado pelo romance de Saint-Exupéry. “Passei a trocar o livro em português brasileiro com pessoas de outras regiões, que me enviam o exemplar em sua língua ou dialeto. A troca só fez crescer minha paixão”, revela.

 

José Marcos Ramos mostra exemplares de "O pequeno príncipe"

José Marcos Ramos emprestou 132 edições da coleção de "O pequeno príncipe", que guarda em casa, para a exposição na Biblioteca Pública

Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press

 


Em cartaz no setor infantojuvenil da Biblioteca Pública, a mostra “O pequeno príncipe – Uma paixão literária em várias línguas” reúne 132 edições do romance de Saint-Exupéry. Com entrada franca, a visitação pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

 


“'O pequeno príncipe’ foi publicado pela primeira vez em 1943 e ainda hoje cativa leitores de todas as idades. A coleção particular do José Marcos Ramos é muito rica, a exposição pode motivar o público a ler ou reler a obra de Antoine de Saint-Exupéry”, afirma Vanessa Mendes, bibliotecária coordenadora do setor infantojuvenil da instituição.

 


“Esta é uma história atemporal. Apesar da narrativa simples, carrega questões filosóficas interessantes, além de discutir temas como amor, amizade, perda e a importância de ver o mundo com os olhos da criança”, comenta Vanessa.

 


O colecionador José Marcos Ramos observa que não interessa apenas às crianças a história do encontro de um aviador com o menino vindo do espaço sideral.

 


“É um livro de literatura infantil que conversa muito bem com os adultos. Na própria dedicatória, Antoine de Saint-Exupéry endereça a obra a um adulto, Léon Werth, amigo dele que passava frio e fome na França em plena Segunda Guerra Mundial. A beleza de reler o livro várias vezes e sempre descobrir algo novo me encanta. Áreas como política e filosofia são abordadas de forma sensível. É um livro completo”, afirma Ramos.

 

Livros do Pequeno príncipe expostos na Biblioteca Pública de Minas

Exemplares em várias línguas estão expostos na Biblioteca Pública. Tem até revistinha da Turma da Mônica

Ricardo Girundi/divulgação

 


Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944) foi escritor, ilustrador e piloto. Lançou os livros “O aviador” (1926), “Correio sul” (1929) e “Voo noturno” (1931), mas nenhum deles com o impacto de “O pequeno príncipe”. Com pouco mais de 100 páginas, o romance narra a história do garoto que compartilhava o asteroide B-612 com uma rosa, três vulcões e baobás.

 

Amizade no Saara

 

Durante viagens por diferentes planetas, o menino visita a Terra e encontra um piloto perdido depois de cair com seu avião no deserto do Saara. Dessa amizade improvável surgem reflexões sobre a natureza humana. Escritas há 81 anos, elas dialogam com os dias de hoje. Considerado o livro mais traduzido em todo o mundo, ele só não é pareo para a “Bíblia”.

 


“O fato de ‘O pequeno príncipe’ ser traduzido para vários dialetos é muito interessante. Se pensarmos em um país como a Itália, com vários dialetos que vêm perdendo força devido ao processo geracional, a tradução naquela língua específica ajuda o idioma a perdurar, principalmente quando (o exemplar) fica disponível nas escolas”, afirma José Marcos Ramos.

 


“Todos os detalhes a respeito do livro de Saint-Exupéry só nos deixam ainda mais apaixonados pela história que ele escreveu”, conclui o colecionador.


“O PEQUENO PRÍNCIPE – UMA PAIXÃO LITERÁRIA EM VÁRIAS LÍNGUAS”


Exposição em cartaz até 31 de agosto. Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais (Praça da Liberdade, 21, Funcionários). Aberta de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Entrada franca. Programação completa: https://www.instagram.com/bibliotecaestadualmg/

 

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria