Formandos da Academia Filarmônica, na Sala Minas Gerais. Grupo teve aulas com integrantes da orquestra durante três anos -  (crédito: Daniela Paoliello/Divulgação)

Formandos da Academia Filarmônica, na Sala Minas Gerais. Grupo teve aulas com integrantes da orquestra durante três anos

crédito: Daniela Paoliello/Divulgação

Graduado em música pela UFMG em 2021, o flautista Marcos Fernandes, de 29 anos, não teve recital de formatura em decorrência da pandemia. Isso vai ocorrer nesta sexta-feira (26/7), na Sala Minas Gerais. E será a segunda formatura, desta vez como integrante da primeira turma da Academia Filarmônica.

 

O projeto de formação de instrumentistas para orquestra da Filarmônica de Minas Gerais começou no segundo semestre de 2021. Ao longo de três anos, 15 musicistas, de 15 a 30 anos, tiveram aulas com integrantes da orquestra. Participaram, ao longo do período, de concertos na Sala Minas Gerais. A segunda turma foi iniciada no começo de 2024.

 

 
Na apresentação desta semana, o grupo (tanto formandos quanto alunos da nova turma) vai executar obras de Béla Bartók, Félix-Alexandre Guilmant, Mozart, Pierre Sancan e Oswaldo Costa de Lacerda. Haverá quatro pianistas convidados: Murilo Barbosa, Nikollas Luigi, Bruno Cruz e Ludmilla Cunha.


“Gratidão”

 

No encerramento, sob a regência do maestro associado José Soares, será apresentada a “Sinfonia acadêmica nº 1”, a “Gratidão”, peça inédita de Jônatas Reis composta especialmente para a formatura. Participarão dois musicistas da Filarmônica: Clémence Boinot (harpa) e Rafael Alberto (percussão).

 

Marcos Fernandes chegará na noite de sexta – vai executar, com Ludmilla Cunha, a “Sonatina para flauta e piano”, de Pierre Sancan – com a sensação de tarefa cumprida. Isso porque antes da formatura o flautista passou por uma temporada dedicada a Mahler. Foi um dos musicistas contratados para executar a “Sétima sinfonia” – apresentada na Sala Minas Gerais na última semana, a peça será gravada até esta quinta-feira (25/7) pela Filarmônica.


 

“Saí do ambiente acadêmico da universidade e fui para o ambiente profissional. Foi muito importante fazer a transição (junto à Filarmônica), porque tive contato com músicos de alta performance, que estão há muito tempo nesse caminho profissional. Passaram para a gente questões de postura, rendimento, como se portar no palco, enfim, tudo relacionado com a prática”, conta Marcos Fernandes.

 

A “prova” com Mahler foi um desafio, ele diz. “A experiência toda é de aprendizado, porque estou percebendo que é muito diferente tocar Mahler. O nível de concentração e de dedicação é muito maior em relação aos outros compositores.”

 

Idealizador da Academia Filarmônica, o regente titular Fabio Mechetti chama a atenção para o resultado do projeto. “Vários de nossos bolsistas ingressaram em algumas das orquestras nacionais mais importantes ou conseguiram especialização em respeitadas escolas no exterior. Inclusive, um deles, em audição internacional, foi selecionado para ingressar na própria Filarmônica, num processo reconhecidamente dos mais desafiadores no país”.

 

 

Mechetti se refere ao trompetista José Vitor Assis, que deixou a Academia para integrar, desde fevereiro, o naipe da orquestra. E também ao oboísta Giovanni Martins, aprovado para a Orquestra Sinfônica Brasileira; ao percussionista Marco Vinício Alves e ao trompista Alexandre Reis, que foram para a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais; ao violonista Thiago Barros, que foi para a Orquestra Sesiminas; e ao contrabaixista Filipe Costa, primeiro colocado para a vaga de principal assistente da Orquestra Sinfônica de Campinas.

 

Garota-prodígio

 

Entre os musicistas do projeto que ingressaram em cursos fora do país, um prodígio é a harpista Ana Luiza Cicarini Torres, a caçula da turma. Ela conta que no dia em que completou 15 anos, gravou o vídeo para a audição da Academia. Agora, aos 18, atingiu outro feito. Foi a primeira colocada nas quatro provas que realizou, em maio, nos conservatórios de Fiesole, Brescia, Alessandria e Parma, na Itália.

 

Escolheu o de Parma (onde tirou a nota máxima) e inicia o curso (três anos de graduação e dois de mestrado) em outubro. “É um conservatório de renome, com estrutura excelente. Além disso, eles me darão uma harpa durante o curso, vou poder levá-la onde for morar. Isso foi determinante para a minha decisão, porque comprar ou alugar harpa é difícil em qualquer lugar do mundo.”

 

Harpista Ana Luiza Cicarini Torres olha para a câmera

Ana Luiza Cicarini Torres, de 18 anos, vai estudar harpa no conservatório de Parma, na Itália

Instagram/reprodução

 


Filha da pianista Renata Cicarini, professora da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), Ana Luiza estuda música desde a primeira infância. Tinha 11 anos quando decidiu se profissionalizar. “O período na Academia foi essencial para uma visão bem de perto do mundo da música. Foi incrível o contato com os músicos, tanto jovens quanto mais experientes”, acrescenta ela. Certa das escolhas que fez, Ana Luiza já planeja o futuro: quer ser solista.

 

Jovens talentos

 

 

Vão participar do recital da Academia os musicistas Ana Carolina Reggiani (trompa), Diego Ricardo (tuba) Filipe Coimbra (contrabaixo), Guilherme Gonçalves (violoncelo), Iury Guibson (trompete), Jefferson Assis (clarinete), Josafá Ferreira (viola), Juliana Santos (fagote), Laila Rodrigues (oboé), Larissa Josué (violino), Leandro Fernandes (violoncelo), Ludson Sales (viola), Marcos Fernandes (flauta), Vivian Brenda (violino) e Wesley Procópio (trombone).

 

ACADEMIA FILARMÔNICA

Recital de formatura. Nesta sexta-feira (26/7), às 20h, na Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto). Entrada franca. Ingressos devem ser retirados no site filarmonica.art.br