Célio Balona diz que do forró à bossa nova, todas as sonoridades vão bem com o acordeon -  (crédito: Iris Zanetti/divulgação)

Célio Balona diz que do forró à bossa nova, todas as sonoridades vão bem com o acordeon

crédito: Iris Zanetti/divulgação

 

 

A comuna italiana de Castelfidardo deu ao Brasil o Festival Internacional de Acordeon. Em troca, recebeu jiló. Sim, o fruto amargo. Pode soar estranho, mas foi exatamente isso que ocorreu há cerca de sete anos, quando o acordeonista e pianista mineiro Célio Balona convidou Carlo Borsini, dono de uma das maiores fábricas de acordeon localizada em Castelfidardo, para vir a Belo Horizonte assistir a uma das primeiras edições do festival dedicado ao instrumento.

 


“Foi uma história bem engraçada”, lembra Balona. “Levei Carlo para comer jiló com fígado no Mercado Central e ele ficou apaixonado, louco com aquilo. Perguntava onde poderia encontrar sementes para levar para a Itália e começar uma plantação”, conta.



 

Algum tempo antes, Balona estava na Itália. “Castelfidardo é uma cidadezinha bem pequena em estilo medieval, onde está o maior número de fábricas de acordeon. Uma vez por ano, ela realiza um dos maiores festivais do mundo dedicados ao instrumento, que dura quase um mês inteiro. Quis fazer algo parecido aqui”, diz.

 


Foi assim que Balona montou o evento cuja sexta edição será realizada neste final de semana, no Centro Cultural Unimed-BH Minas.

 


O festival será aberto nesta sexta (26/7) com o mineiro Everton Coroné, seguido pelo gaúcho Bebê Kramer. No sábado (27/7), Balona divide o palco com os pianistas Christiano Caldas e Luísa Mitre. Na sequência, o argentino Aldo Taborda fecha a noite.

 

 

 


A programação procura abordar as diferentes sonoridades do acordeon, informa Balona. Everton Coroné, ainda que seja mineiro, traz a melodia sincopada do forró nordestino, enquanto Kramer faz o som mais forte e aberto típico dos gaúchos.

 


Balona vai mostrar o quanto o instrumento se encaixa na bossa nova e na MPB ao interpretar canções de Edu Lobo, Milton Nascimento, Carlos Lyra e Dolores Duran, entre outros. Taborda vai tocar temas populares da Argentina.

 


“Acordeon é um instrumento muito curioso”, diz Everton Coroné. “Faz parte da tradição da Europa ocidental, mas foi muito bem incorporado à cultura brasileira. O próprio forró é mistura de tudo que a gente tinha. Nele, a gente percebe a influência da valsa e da polca europeias, mas com tempero nosso, a música mais sincopada, menos quadrada”, afirma.

 

 


“É como cantou Luiz Gonzaga: ‘O maracatu, dança negra/ E o fado tão português/ No Brasil se juntaram/ Foi a melodia do branco/ E o batucado em zulu/ Que nos deu o baião/ Que nasceu do fado e do maracatu’”, comenta Coroné, citando a letra de “Braia dengosa”.

 

Everton Coroné sorri e toca acordeon

Everton Coroné vai tocar forró no festival do acordeon

Instagram/reprodução

 


Ao longo de seis edições, o festival recebeu músicos da Rússia, Itália, Portugal, Estados Unidos, França e Argentina. A intenção de Balona é manter o evento vivo por muito tempo, ao contrário do que aconteceu com o jiló em Castelfidardo.

 


“Cerca de seis meses depois que o Carlo Borsini foi embora, recebi um e-mail dele: ‘Jiló è morto’. Ele estava desolado, coitado, porque a neve matou toda a plantação”, conta Balona, entre gargalhadas.

 


FESTIVAL INTERNACIONAL DE ACORDEON


Nesta sexta (26/7), às 20h, com Everton Coroné e Bebê Kramer. Sábado (27/7), às 20h, com Célio Balona, Luísa Mitre, Christiano Caldas e Aldo Taborda. Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda na plataforma Sympla. Passaporte para dois dias: R$ 40. Informações: (31) 3516-1360.

 

OUTRAS ATRAÇÕES


>>> INSTRUMENTAL

Lucas Ladeia (cavaquinho), Abel Borges (percussão), Luísa Mitre (piano) e Lucas Telles (violão) fazem show nesta sexta-feira (26/7), às 19h30, no Centro Cultural UFMG (Av. Santos Dumont, 174, Centro), na programação do Festival de Inverno da universidade. Entrada franca.


>>> FRIDA KAHLO

O grupo Ópera Minas Gerais relembra as canções prediletas da pintora Frida Kahlo no domingo (28/7), às 11h, na Capela de Santana da Casa Fiat (Praça da Liberdade, 10, Funcionários). O repertório reúne músicas de Puccini, Tomáz Méndez, Ruperto Chapí e J. Serrano, entre outros, intercaladas por frases e poemas de Frida. Entrada franca.


>>> FILARMÔNICA

A série “Filarmônica na praça” chega no domingo (28/7), às 11h, ao Parque Lagoa do Nado (Rua Min. Hermenegildo de Barros, 904, Itapoã). Regida pelo maestro José Soares, a orquestra vai interpretar peças de Tchaikovsky, Lorenzo Fernandez, Mozart, Strauss Jr. e Brahms. Entrada franca.

 


>>> SAVASSI FESTIVAL

Raíssa Anastásia Trio é atração do Savassi Festival no domingo (28/7), às 19h30, no palco Soul Jazz Burger (Rua Noraldino de Lima, 387, Pampulha). Ingressos: R$ 13. Às 17h, alunos de música da Cavallieri se apresentam no Café com Letras (Rua Antônio de Albuquerque, 781, Savassi). Às 15h e 18h30, estudantes da Avantgarde vão tocar no Clube de Jazz (Rua Antônio de Albuquerque, 47, Funcionários), com ingressos de R$ 20 (individual) a R$ 100 (mesa para quatro).