O cantor e compositor Sérgio Pererê teve a ideia do novo disco durante a pandemia, observando o que os vizinhos ouviam durante o confinamento social -  (crédito: Alê Bastos/divulgação)

O cantor e compositor Sérgio Pererê teve a ideia do novo disco durante a pandemia, observando o que os vizinhos ouviam durante o confinamento social

crédito: Alê Bastos/divulgação

 

A sofrência – não a sertaneja, mas a “universal” – está presente em “Canções de outono”, álbum do cantor, compositor e instrumentista mineiro Sérgio Pererê com participação de 16 cantoras. Entre elas estão Lia de Itamaracá, Mônica Salmaso, Fernanda Takai, Letrux, Coral, Maíra Freitas e as irmãs Flávia, Lúcia e Marina Ferraz, do Trio Amaranto. A produção é assinada por Richard Neves, tecladista do Pato Fu.

 


“Quando falamos em sofrência, ela vem com enfoque no sertanejo e no arrocha”, comenta Pererê. “Fui me dando conta de que a música brasileira tem muito de sofrência. Mas o que seria isso? Canções que narram dramas de amores não correspondidos?”, indaga, contando que discutiu esta questão com “amigos e amigas da arte” antes de gravar o disco.

 

 


A ideia surgiu durante a pandemia, no outono de 2020. No prédio onde morava, Pererê percebeu que as pessoas ouviam “música de sofrência” em casa durante o isolamento sanitário.

 


Ao refletir sobre o universo da música brasileira, o mineiro chegou à conclusão de que o sentimento é praticamente onipresente. “Quando você pega a obra de Nelson Cavaquinho, Cartola ou de Lupicínio Rodrigues, pode-se perceber isso. Acredito que 90% das serestas trazem esse tema”, observa Pererê.

 


“Conversei com pessoas do teatro para saber por que a cena que traz uma tristeza, um drama, mexe tanto com as pessoas. Foi legal, porque estava com espaço para pensar, criar, e os shows estavam cancelados”, relembra.

 

Isolamento criativo

 

A pandemia acabou sendo período fértil para Pererê, que lançou cinco álbuns enquanto preparava “Canções de outono”. O jeito que encontrou para enfrentar o isolamento social foi fazer lives, o que o colocou em contato com várias cantoras.

 


“Certo dia, estava tocando uma das músicas e pensei: esta tem a voz da Lia de Itamaracá. O timbre dela já estava ali, fazendo o refrão dentro da minha cabeça. Isso foi acontecendo de modo intuitivo. Estudando as canções em casa, de repente vinha na minha cabeça: 'Esta tem a voz da Fernanda Takai'. E assim outras foram chegando.”

 


Todas as convidadas aceitaram gravar com ele, mesmo sem conhecer a respectiva música. “Cada uma com um sotaque, um estilo”, ressalta Pererê, destacando que a faixa “Chorei só”, dueto com Mônica Salmaso, ganhou animação.

 


Richard Neves, parceiro e amigo, conduziu a produção atento à diversidade das participações. “O álbum tem um tema, mas trouxemos vários estilos e o Richard foi muito cuidadoso com isso. Temos tango, forró, balada e conseguimos colocar sempre algum elemento em que há o Sérgio Pererê”, diz o músico mineiro.

 


A carioca Letrux conheceu Pererê nas lives comandadas por Teresa Cristina durante a pandemia. “Fiquei encantada com a voz dele, achei aquilo algo muito profundo, mexeu legal comigo. Quando me convidou para participar do disco, topei na hora. Achei demais a ideia de várias cantoras participarem, fiquei feliz em ser uma delas. Quando ouvi ‘Submundo’, pensei: que sensacional, que música gostosa, fica na cabeça, uma delícia”, diz Letrux. “Pererê é um talento, sua cabeça e seu coração são de ouro, sua música também.”

 

Aula de generosidade

 

A cantora, compositora e poeta Coral ficou feliz com o convite. “Pererê é uma entidade da música brasileira, um grande cantor, uma grande figura, com energia linda. Tive a honra de convidá-lo para um show meu, e ele me deu uma aula belíssima de generosidade, postura e entrega”, diz a baiana radicada em BH.

 

 


Outra baiana, a cantora Irma Ferreira, conta que “foi um presente” gravar “Véu do esquecimento” com Pererê. “Esta faixa é pura poesia e sensibilidade, fala de amor em um lugar tão singular”, comenta. Irma destaca também o prazer de ver de perto o processo de criação do álbum, de alguns arranjos e das faixas. “Foi um grande prazer fazer parte deste momento”, afirma.

 

“CANÇÕES DE OUTONO”


Disco de Sérgio Pererê
14 faixas
Disponível nas plataformas digitais

 

FAIXA A FAIXA

 

“DO NADA”
Participação de Coral

 

“TUDO DE MIM”
Participação de Jéssica Gaspar

 

“VÉU DO ESQUECIMENTO”
Participação de Irma Ferreira

 

“BRISA DO OUTONO”
Participação de Alda Rezende

 

“CHOREI SÓ”
Participação de Mônica Salmaso

 

“QUE FALE DE CHUVA”
Participação de Lia de Itamaracá

 

“BEIJO DE ADEUS”
Participação de Azzula

 

“POIS É”
Participação de Maira Freitas

 

“SUBMUNDO”
Participação de Letrux

 

“SEGUINDO EM FRENTE”
Participação de Fernanda Takai

 

“SAUDADE COM DESASSOSSEGO”
Participação de Talita Sanha

 

“MANHÃS DE MAIO”
Participação de Nath Rodrigues

 

“BENKERÊ”
Participação do Trio Amaranto

 

“JURADINHO”
Participação de Tetê Valadares